Utilização Do Carbonato De Litio Na Area Da Cosmetica E Farmaceutica.
Trabalho Universitário: Utilização Do Carbonato De Litio Na Area Da Cosmetica E Farmaceutica.. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: jessicamorim • 25/5/2014 • 2.906 Palavras (12 Páginas) • 1.111 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
O carbonato de lítio é frequentemente designado como uma droga “anti-maníaca”, mas é também conhecido como uma droga estabilizadora de humor. Seu primeiro uso ocorreu no ano de 1949 no tratamento de pacientes psiquiátricos, porém, somente em 1954 foi comprovada sua eficácia no tratamento de pacientes maníacos e pacientes com transtorno do humor bipolar (THB). O carbonato de lítio foi o primeiro fármaco aprovado pela Food and Drug Administration FDA (Órgão governamental dos EUA responsável pelo controle de alimentos, equipamentos médicos, medicamentos, cosméticos e materiais biológicos) para o tratamento do transtorno do humor bipolar, sendo utilizado há mais de 60 anos no tratamento.
Usado também na área cosmética na forma de alisantes, substituindo o uso de formol que foi proibido devido a sua nocividade a saúde, o carbonato de lítio vem sendo usado em muitas formulações.
Portanto, todo e qualquer produto que contenha o carbonato de lítio, tanto no âmbito medicamentoso quanto na cosmética, é obrigatório o registro na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), pois as substâncias podem ser restritivas e nocivas a saúde do usuário.
Assim, o objetivo deste trabalho é descrever a atuação do carbonato de lítio em aplicações farmacêuticas, retratando principalmente sua aplicação no tratamento de pacientes com transtorno do humor bipolar (THB); e demonstrar o uso do carbonato de lítio na área cosmética, sendo que ainda é pouco usado nesse meio.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Aplicações Farmacêuticas
2.1.1 Carbonato de lítio no tratamento de distúrbio afetivo bipolar
Há um consenso praticamente universal de que o carbonato de lítio é o tratamento preferido nos distúrbios bipolares, especialmente a fase maníaca. O uso concomitante de drogas antipsicóticas pode ser necessário em casos graves de mania, porque o inicio da ação do lítio é demorado. A taxa global de êxito na obtenção de remissões da fase maníaca do distúrbio bipolar foi de 60-80%. A frequência de êxito é porém consideravelmente menor em pacientes necessitando de hospitalização. Uma situação semelhante ocorre no tratamento de manutenção, que tem uma eficácia global de 60%, mas eficácia menor nos casos graves do distúrbio. Essas considerações levaram ao maior uso do tratamento combinado nos casos graves (KATZUNG, 1995).
Nos casos leves de mania, o lítio por si só pode ser um tratamento eficaz. Em casos mais graves quase sempre é necessário dar-se também uma das drogas antipsicóticas. Esta droga pode ser suspensa após o controle da mania, continuando-se o lítio como terapia de manutenção (KATZUNG, 1995).
A resposta ao lítio, que é considerado como medicamento de referência utilizado no tratamento do transtorno bipolar, tem se mostrado bastante variável nos diversos estudos clínicos, envolvendo desde uma excelente resposta, com uma remissão pronta e completa, até uma completa resistência ao tratamento, quando não se percebe nenhuma mudança de frequência, na gravidade ou na duração dos episódios (SOARES; GERSHON, 1998).
O tratamento com o lítio parece ter uma melhor eficácia nos pacientes que apresentam um quadro clássico de transtorno bipolar, havendo história familiar positiva, sintomas do tipo grandiosidade, euforia e um rápido início do quadro maníaco, seguido de um quadro depressivo retardado. Os quadros atípicos caracterizados por sintomas psicóticos incongruentes, depressões graves, ciclagem rápida ou episódios mistos podem também ocorrer. Fatores, como curso contínuo, história familiar positiva para esquizofrenia, abuso de álcool ou drogas, predominância de episódios maníacos e gravidade dos episódios também parecem estar associados a um pior prognóstico (YAZICI, 1999).
2.1.2 Modo de ação do lítio no organismo
O lítio parece intensificar algumas ações da serotonina, embora os achados tenham sido contraditórios. Seus efeitos sobre a noradrenalina são variáveis. A droga pode diminuir a metabolização da noradrenalina e da dopamina, e esses efeitos podem ser relevantes a sua ação antimaníaca se confirmados. O lítio parece bloquear o desenvolvimento da supersensibilidade dos receptores dopamínicos que pode acompanhar a terapia crônica com drogas antipsicóticas. Finalmente, o lítio pode aumentar a síntese de acetilcolina, talvez aumentando a captação de colina pelas terminações nervosas (KATZUNG, 1995).
O lítio é rapidamente absorvido no trato digestivo, com pico plasmático duas horas após a administração oral, não havendo interferência da presença de alimentos. Inicialmente, distribui-se no liquido extracelular e, entre 6 e 10 horas atinge os compartimentos intracelulares, mantendo níveis sanguíneos estáveis por até 10 horas após a ingestão da dose. Essa cinética se diferencia daquela dos comprimidos de preparação lenta, quando não ocorre o pico em 2 horas, e os níveis sanguíneos mantêm-se semelhantes aos dos comprimidos comuns pelo mesmo período. A primeira dose de 900 mg eleva os níveis sanguíneos de lítio a um valor terapêutico em torno de 0,8 mEq/L, o qual fica abaixo (0,4 mEq/L) dos níveis efetivos em 6 horas (VISMARI, et al. 2002). Sua distribuição é desigual o que pode ser justificado pelo fato de não se ligar a proteínas séricas, de atravessar livremente a placenta e cruzar lentamente a barreira hematoencefálica (CARSON, 1992).
Diferentes estudos relatam que a concentração de lítio eritrocitário correlaciona-se a concentração no sistema nervoso central (CAMUS, et al.; 2003). Possui volume final de distribuição de 0,7 a 11L/kg do peso corporal. Não é metabolizado, sendo 95% excretado pelos rins e o restante pelo suor e pelas fezes. Do lítio filtrado pelos rins, aproximadamente 80% é reabsorvido no túbulo contorcido proximal sadio, o que faz com que sua depuração renal seja equivalente a 20% da depuração de creatina. Metade da dose é excretada entre 12 e 24 horas, caracterizando a sua meia-vida, e o restante é excretado nas próximas 1 a 2 semanas (ROSA, A.R.; et al.; 2006).
Ao contrário das drogas antipsicóticas ou antidepressivas, que exercem diversas ações sobre os sistemas nervosos central e autônomo, o íon lítio produz apenas uma leve sedação e é desprovido de efeitos bloqueadores autonômicos. Por ser um pequeno íon orgânico, o lítio é distribuído pela água corporal e não é metabolizado.
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