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Utilização de macrófitas aquáticas para o tratamento da água de um córrego contaminado por esgoto doméstico

Por:   •  26/1/2022  •  Projeto de pesquisa  •  3.402 Palavras (14 Páginas)  •  185 Visualizações

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 UTILIZAÇÃO DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS PARA O TRATAMENTO DA ÁGUA DE UM CÓRREGO CONTAMINADO POR ESGOTO DOMÉSTICO

Camila Fabiani de Almeida ; Luiza Helena Pereira ; Rodrigo Puerari ; Joeci Ricardo 1 2 3 Godoi ; Letícia Rabelo 4 5 

RESUMO

Este estudo teve como objetivo utilizar as macrófitas Hydrocotyle ranunculoides, Eichhornia crassipes, Sagittaria montevidensis e Typha domingensis para auxiliar no processo de autodepuração da água de um córrego contaminado por esgoto doméstico no IFC - Campus Camboriú. Primeiramente foi usada uma metodologia em sistema aberto, a fim de testar a adaptação das espécies no local de estudo e, segundamente, em sistema fechado, para analisar laboratorialmente as amostras tratadas pelas macrófitas aquáticas e assim comparar com os parâmetros da Resolução do CONAMA 357/2005. As plantas que mais se adaptaram ao sistema aberto foram o chapéu-de-sapo (Hydrocotyle ranunculoides) e o aguapé de flecha (Sagittaria montevidensis), sendo aplicados ao sistema fechado e observando a sua eficiência no tratamento. O aguapé de flecha foi a planta que obteve maior êxito durante todo o processo e a técnica desenvolvida durante a pesquisa pode ser utilizada como um método de tratamento alternativo para cidades que ainda não possuem sistema de esgotamento sanitário.

Palavras-chave: Macrófitas. Tratamento de esgoto. Rio Camboriú.

INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural essencial à vida e é de grande importância

para a sobrevivência das espécies, como também para o meio socioeconômico atual e para o meio ambiente. Infelizmente, ela não é vista pelas pessoas dessa forma, uma vez que deixou de ser usada como um recurso hídrico essencial à manutenção do planeta e passou a ser empregada como um produto, sem consciência de que a água é finita e necessária à existência da vida (BACCI, D. C.; PATACA, E. M. 2008). Dessa forma, ela é consumida exacerbadamente e tem como consequência a

1 Estudante do Curso Técnico em Controle Ambiental Integrado ao Ensino Médio; Instituto Federal Catarinense - Campus Camboriú; E-mail: camilafabial@gmail.com.

2 Estudante do Curso Técnico em Controle Ambiental Integrado ao Ensino Médio; Instituto Federal Catarinense - Campus Camboriú; E-mail: luizajulu@gmail.com.

3 Doutor em Engenharia Ambiental, UFSC; Professor do Instituto Federal Catarinense - Câmpus Camboriú. E-mail: rodrigo.puerari@ifc.edu.br. 

4 Graduado em Ciências Biológicas, UNIPAR; Professor do Instituto Federal Catarinense - Câmpus Camboriú. E-mail: joeci.godoi@ifc.com.br. 

5 Doutora em Ciência e Tecnologia Ambiental, UNIVALI; Professora do Instituto Federal Catarinense - Câmpus Camboriú. E-mail: lerabelo@gmail.com. 

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contaminação, que gera efluentes e necessita de um tratamento adequado.

Segundo o IBGE, no ano de 2018, a rede doméstica brasileira utilizou

17,1 bilhões de m³ de água, a qual pode ter sido usada para fins de lavagem, cozimento de alimentos, consumo e outros. Todavia, o que esse dado mostra é uma grande quantidade de recurso que foi usado e precisa de um tratamento conveniente e que, não obstante, esse não é atingido em grande escala.

De acordo com uma pesquisa de 2008 feita pelo IBGE, dos 5.564

municípios brasileiros, 55% deles efetuavam a coleta de esgoto e apenas 29% destes o tratavam. Isso mostra que mais da metade das cidades não realiza o tratamento adequado, dando um alerta à questão ambiental e ao saneamento básico, já que na maioria das vezes é feito o lançamento in natura dos efluentes, que polui e contamina mananciais. Como consequência, os corpos d’água perdem sua capacidade de autodepuração uma vez que a carga poluidora é diluída no meio (ICLEI, [201-?]). De acordo com a Agência Nacional das Águas ([201-?]), aproximadamente 99,9% do esgoto doméstico é constituído por água, e cerca 0,1% dele são resíduos; desses, 75% é matéria orgânica em decomposição, na qual proliferam-se microorganismos que ajudam no processo, mas que prejudicam a natureza da água.

Contudo, esse esgoto deve ser tratado, uma vez que ele pode causar

desastres ecológicos, bem como doenças e a mortandade de peixes e de outros organismos do ecossistema em que o corpo hídrico se encontra. Um exemplo de tal fenômeno é a cidade de Camboriú, em Santa Catarina, local que não possui esgotamento sanitário, apesar de existir um projeto de implantação de ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) no município. Porém, enquanto ele não é implementado, as cargas orgânicas são lançadas em corpos hídricos irregularmente, principalmente no Rio Camboriú (da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú), onde são despejados diariamente 9 mil m³ de esgoto (SOLBAS, G., 2019).

O Rio Camboriú possui uma extensão de 32 km, tendo sua nascente no

município de Camboriú e desaguando no mar da cidade de Balneário Camboriú, região muito frequentada por turistas (CIRAM, [201-?]). Por conseguinte, a poluição afeta diretamente na saúde dos banhistas, que são contaminados pelo esgoto

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doméstico. Ainda, de acordo com a classificação quali-quantitativa do manancial feita pelo Águas Santa Catarina (2018), grande parte do seu curso é denominada como muito crítica ou insustentável, o que significa que é necessária intensa atividade de gerenciamento e grandes investimentos urgentes. Portanto, o Águas Santa Catarina pretende realizar ações que promovam a redução dos efluentes orgânicos domésticos e animais e maior eficácia do seu tratamento, para que em 2027 haja uma diminuição dessa carga que é despejada anualmente em 70%. Entretanto, até que isso não se realize, é importante que a população faça a sua parte auxiliando na diminuição da poluição e, também, que a comunidade científica produza métodos que ajudem na descontaminação.

Nesse propósito, buscou-se uma técnica natural e de baixo custo que

pudesse suprir a necessidade de tratamento dessas águas, onde encontraram-se as plantas macrófitas aquáticas. Elas podem ser classificadas como enraizadas ou flutuantes e são muito encontradas na região de estudo, dispensando um gasto excessivo com materiais. Caracterizadas por serem bioindicadoras da qualidade da água, essas plantas são capazes de absorver cargas orgânicas excessivas do meio e filtrar nutrientes dissolvidos (BIANCHINI; CUNHA-SANTINO, [20--?]), o que as qualificam para o uso no tratamento de efluentes contaminados com esgoto doméstico.

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