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A Doença de Wilson é uma enfermidade rara

Por:   •  17/8/2015  •  Resenha  •  1.911 Palavras (8 Páginas)  •  370 Visualizações

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REVISÃO DE LITERATURA

A Doença de Wilson é uma enfermidade rara, caracterizada por alterações cerebrais degenerativas principalmente nos gânglios da base, e cirrose hepática. Há um distúrbio na excreção biliar de cobre, levando ao acúmulo de cobre no fígado, no cérebro e em outros tecidos. (Wyngaarden & Smith, 1982).

HISTÓRICO

A patologia foi descrita pelo neurologista inglês Samuel A K.Wilson em 1912. Wilson foi um eminente neurologista americano durante a primeira metade do século XX. Em julho de 1911 Wilson recebeu a medalha de ouro da Universidade de Edinburgh, por uma tese de doutorado que intitulou “Degeneração Lenticular Progressiva”: uma doença nervosa familiar associada à cirrose do fígado. No ano seguinte, publicou um artigo no mesmo tópico do diário Brain. Ele descreveu quatro pessoas afetadas que tinha estudado, dando detalhes da biópsia. O trabalho de Wilson introduziu o termo extrapiramidal em neurologia e focalizou atenção sobre a importância dos gânglios basais. Seguindo a apresentação do trabalho, seu nome se tornou ligado à doença, a qual também foi conhecida como degeneração hepatolenticular (Tita, 2001).

HISTÓRIA NATURAL

O cobre está presente na maioria dos alimentos e pequenas parcelas dele são tão essenciais quanto as vitaminas. Às vezes se ingere, mais cobre do que se necessita; as pessoas saudáveis eliminam o cobre de que não precisam, mas os doentes de Wilson não fazem isso espontaneamente, ocasionando um acúmulo de cobre no organismo com agravamento progressivo dos sintomas, evoluindo para óbito. Baixas concentrações plasmáticas de ceruloplasmina e altas concentrações de cobre hepático são encontrados em bebês normais. No primeiro ano de vida os valores de ceruloplasmina se elevam e as concentrações de cobre hepático caem aos níveis normais do adulto. Todavia, a concentração de ceruloplasmina do soro se altera muito pouco nos homozigotos Wilson, e a concentração de cobre hepático aumenta constantemente com a idade. Porém, as manifestações clínicas desta doença são raras antes dos seis anos de idade e metade dos pacientes não tratados permanecem assintomáticos até os dezesseis anos. (Harrison, 1984).

GENÉTICA

A Doença de Wilson ocorre em todo o mundo, em todas as raças e nacionalidades. A Doença de Wilson é transmitida como um traço autossômico recessivo e são encontrados elevados índices de consanguinidade entre os genitores dos indivíduos afetados. Ocorre tanto em homens quanto em mulheres. Para que seja transmitida hereditariamente, ambos os pais devem ser portadores de um gene anormal que é passado para a criança afetada. A doença só acontece se a pessoa tiver dois genes anormais (Wyngaarden &Smith, 1982). Segundo Kalil et al. (2001), o locus do gene da doença está relacionado ao da enzima esterase-D das hemácias, no braço longo do cromossomo 13, posição 13q14-q21. O gene da Doença de Wilson, ATP7B, tem 7,5 Kilobases, predizendo uma adenosinatrifosfatase tipo P, proteína com 1411 aminoácidos. Essa proteína parece apresentar uma região para liga- ção do metal contendo cinco sítios específicos, uma região de fosforilação e um canal de cátions, além de um setor responsável pela conversão da energia da hidrólise da ATP em transporte de cátions. Aparentemente o produto do gen ATP7B está presente no aparato de golgi e é essencial para o transporte do cobre através das membranas das organelas intracelulares. A ausência ou função diminuída da ATP7B diminui a excreção hepática de cobre e causa o acúmulo deste metal na Doença de Wilson.

INCIDÊNCIA

A patologia se manifesta em geral, entre a primeira e a segunda década de vida. Cerca de 1,1% da população mundial, 50 milhões de indivíduos são portadores heterozigotos de um gene da Doença de Wilson (Berkow, 1995) Segundo Porto (1997), a Doença de Wilson te incidência elevada entre judeus, italianos e japoneses, sendo constatada consaguinidade entre os pais das crianças. De acordo com Kalil et al. (2001), há registros de que em vários países seja de ordem de 1:93 a 1:180 habitantes, com uma incidência da doença variando de 15 a 30 casos por milhão de pessoas. A idade média do aparecimento, tanto em homens quanto em mulheres, é de 23 anos nos Estados Unidos, porém é de 12 a 16 anos em outros países, segundo Wyngaarden & Smith (1982).

PATOLOGIA

O elemento cobre, em quantidades fisiológicas, é essencial à vida. Na Doença de Wilson, o cobre em excesso atua promovendo a formação de radicais livres e causa oxidação de lipídios e proteínas. O seu acúmulo acarreta efeitos tóxicos em células tanto do fígado, como núcleos basais do cérebro e dos rins. Segundo Harrison (1984), o defeito metabólico que ocorre na doença de Wilson é uma incapacidade de manter o equilíbrio do cobre próximo de zero. O excesso de cobre tende a se acumular possivelmente porque os lisossomos hepáticos não apresentam o mecanismo normal de excretar na bile o cobre que foi clivado catabolicamente a partir da ceruloplasmina. Normalmente, a perda de cobre pelo organismo ocorre principalmente por meio da bile. Grande parte do cobre biliar é secretada em uma forma pouco absorvível, sendo eliminada nas fezes. Segundo Bennett & Plum (1997) na Doença de Wilson, a excreção biliar de cobre está comprometida, tendo como resultado, o cobre corporal total aumentado. De acordo com Cambier & Dehen (1988), no cé- rebro podem ocorrer lesões ao nível dos núcleos lenticulares, causando atrofia ou necrose. Segundo Merritt (1995) o cobre também é encontrado em toda a córnea, em especial na substância própria. Na periferia da córnea, o metal aparece em grumos granulares próximos da superfície endotelial da membrana de Descemet. Os depósitos nesta região são responsáveis pelo aparecimento do anel de Kayser-Fleischer.

QUADRO CLÍNICO

A forma clínica da Doença de Wilson é caracterizada pela tríade de uma síndrome neurológica peculiar, cirrose hepática e os anéis de Kayser-Fleischer da córnea, sendo que a maioria dos pacientes desenvolve a doença em vários estágios.

Nos primeiros anos de vida, até a adolescência, não existem sintomas ou sinais da doença, e isto caracteriza o estágio I (Seda, 1982). Ainda de acordo com o autor, no estágio II, há frequentemente hepato e esplenomegalia. Cerca de 30% dos pacientes que ingressam no estágio III ou neurológico não informam dados capazes de certificar que passaram pelo estágio hepático. Stambury et al (1981), complementa que o primeiro sinal do acometimento hepático na Doença de Wilson é o fígado aumentado e endurecido. A evolução subsequente geralmente é aquela da hepatite subaguda ou crônica e às vezes mesmo a da hepatite aguda.

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