A INCLUSÃO DE ALUNOS PÚBLICO-ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO MUNICIPIO DE ÁGUA BRANCA
Por: AURELIOPSICO • 9/11/2018 • Artigo • 4.873 Palavras (20 Páginas) • 374 Visualizações
A INCLUSÃO DE ALUNOS PÚBLICO-ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO MUNICIPIO DE ÁGUA BRANCA
Marcos Aurélio Da Silva Araújo[1]
Maria do Socorro Santos Leal Paixão[2]
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo investigar as práticas de educação física realizadas com alunos público-alvo da educação especial nas escolas regulares no município de Água Branca. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo com características de um estudo descritivo. A pesquisa foi realizada em duas escolas da rede municipal de ensino do município de Água Branca, tendo como participantes quatro professores (dois de cada escola). Para produção das informações foram utilizados um Questionário e Observação de aula com registro no Diário de campo. Os resultados evidenciaram que as práticas na Educação Física nas escolas observadas se dão de modo precário, sem uma estrutura e sem instrumentos de trabalho adequados. Conclui-se que a inclusão de alunos público-alvo da educação especial ainda não está totalmente efetivada nas escolas pesquisadas.
Palavras-Chave: Educação Física. Inclusão. Alunos público-alvo da educação especial.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, cada vez mais professores se deparam em suas salas de aulas com alunos público-alvo da educação especial, devido à política de inclusão vigente no Brasil. Esse panorama demanda para esse profissional que reestruture sua prática docente para assim poder atender a essas exigências. Assim, com a implementação da inclusão, encontra-se na escola dois tipos de professores responsáveis pela aprendizagem do aluno com necessidades educacionais especiais: o professor capacitado, que atua na classe comum, com suas reclamações de não se sentir capacitado para atender esse público e o professor especialista, que atua nos serviços oferecidos pela educação especial, notadamente o AEE, mas que reclamam que a demanda é muito diversificada (alunos com diferentes necessidades e/ou deficiência) e sua formação não pode dar conta de tudo. E para o professor de educação física, como se dá essa demanda?
Sentiu-se daí necessidade de realizar este estudo para tentar responder o seguinte problema: Quais são as práticas de educação física realizadas com os alunos público-alvo da educação especial nas escolas de ensino fundamental no município de Água Branca Piauí?
Desse modo, para responder essa questão definiu-se como objetivo geral desse estudo investigar as práticas de educação física realizadas com alunos público-alvo da educação especial nas escolas do ensino fundamental no município de Água Branca- Piauí. Objetivou-se ainda (1) descrever as práticas de educação física desenvolvidas com os alunos público-alvo da educação especial nas escolas de ensino fundamental no município de Água Branca Piauí; (2) verificar os recursos didáticos utilizados pelos professores de educação física das escolas de ensino fundamental no município de Água Branca Piauí nas práticas de educação física com alunos público-alvo da educação especial; e (3) identificar as dificuldades enfrentadas pelos professores de educação física nas escolas de ensino fundamental no município de Água Branca Piauí na realização das práticas de educação física com alunos público-alvo da educação especial.
A escolha desse tema justifica-se pela demanda de alunos público-alvo da educação especial nas escolas de ensino fundamental no município de Água Branca Piauí, bem como pelas dificuldades reveladas pelos professores de Educação Física diante dessa realidade.
2 A INCLUSÃO DE ALUNOS PÚBLICO-ALVO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ENSINO REGULAR
No final do Século XX, surgiu em relação às pessoas com necessidades educacionais especiais o paradigma da inclusão, segundo o qual todos os alunos devem frequentar a escola regular, independente da sua condição. Esse fato gerou uma demanda para a escola e o professor, na medida em que os recursos e as práticas precisam ser revistos e adaptados às necessidades dos alunos.
A área de educação física também foi afetada pela chegada de alunos com condições diferenciadas na escola e vem enfrentando dificuldades para se alinhar à política de inclusão, visto que esse componente curricular apresenta-se de forma diferenciada dos demais no currículo escolar, conforme proposto por Falkenbach (2007, p. 38) quando diz que:
A educação física, caracterizada pela sua história voltada para uma prática seletiva, segregadora e técnica, pode ser compreendida como a área pedagógica da escola com menor tendência para as finalidades da inclusão. Tanto na educação física, como nas demais práticas da escola regular, a inclusão pode constituir-se em uma ação extremamente complexa aos professores e à comunidade escolar, uma vez que a ação pedagógica tem buscado a universalização e uniformização do conhecimento. Este aspecto impossibilita olhar para a individualidade e as relações entre as diferenças.
Discutir um conceito não é apenas uma questão de tornar comum, em um âmbito de investigação científica, uma terminologia. Para além do esclarecimento do significado da palavra deficiência, está a necessidade de expor a carga de preconceito que pode ser acrescentada ao seu uso para nomear um portador de necessidades especiais.
A palavra ‘deficiência’ denota a condição de um ser humano resultante de um impedimento, ou seja, de uma limitação, perda ou anormalidade numa parte ou estrutura corporal ou numa função orgânica.
Segundo Sassaki (2005), o termo anormalidade é utilizado na Classificação Internacional de Funcionalidade, Deficiência e Saúde (CIF) para se referir a uma variação das normas estatísticas estabelecidas, ou seja, quando se está referindo a um desvio da média da população dentro de normas estatisticamente delineadas. Portanto não é apropriado o uso desse termo para designar um portador de necessidades especiais.
Este autor ainda afirma que o conceito de incapacidade denota um estado negativo de funcionamento da pessoa, resultante do ambiente humano e físico inadequado ou inacessível, e não um tipo de condição. Como um exemplo disso, pode ser citado a incapacidade de um usuário de cadeiras de rodas em acessar um prédio que não possua instalações adequadas à sua condição. Além disso, não se deve tomar o significado de deficiência por incapacidade, uma vez que ao se nomear um deficiente como incapaz, expropria-se deste qualquer possibilidade de desenvolvimento de outras capacidades.
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