CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA DOPING GENÉTICO: MITO OU REALIDADE?
Por: Rodrigo Bezerra • 17/11/2018 • Trabalho acadêmico • 4.125 Palavras (17 Páginas) • 297 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
DOPING GENÉTICO: MITO OU REALIDADE?
Recife, 2018
Douglas Poroca
Marcos Lima
Milenna Chalegre
DOPING GENÉTICO: MITO OU REALIDADE?
Trabalho apresentado à disciplina de Atletismo, ministrada pelo prof. Dr. Eduardo Zapaterra, como forma de obtenção parcial de aprovação na disciplina.
Recife, 2018
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
DESENVOLVIMENTO 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS 14
REFERÊNCIAS 15
INTRODUÇÃO
É sabido que o fenômeno esporte é campo vasto para reflexões e desdobramentos já que é um evento humano. A partir da análise do documentário intitulado Icarus, caminhamos por muitos questionamentos, dentre os quais: o esporte está dotado de ética, em suas ações e suas práticas, sejam por parte dos atletas e dirigentes? O discurso pregado de saúde no esporte de alto nível é verdadeiro? Qual a motivação dos participantes para participarem de um esquema tão complexo de doping? Quais os limites do doping nos esportes? O doping genético é um mito ou uma realidade? Estas e tantas outras perguntas nos impulsionam a desenvolver este trabalho exploratório e descritivo. No entanto, nos debruçaremos sobre a última pergunta para tecer algumas considerações sobre as relações que julgarmos relevantes entre outras.
O trabalho será composto por um breve histórico e a compreensão dos conceitos que regem o esporte, o doping e a ética. Nos apoiaremos em alguns autores que pesquisam a temática apontando os principais casos de doping ocorridos no Brasil e no mundo. Em seguida defenderemos nossa posição a respeito e teceremos nossas considerações finais.
DESENVOLVIMENTO
Icarus é um filme-documentário estadunidense de 2017 dirigido e escrito por Bryan Fogel e Mark Monroe, que segue a história de Fogel, um ciclista amador envolvido em um escândalo de doping[1] com a ajuda do chefe do laboratório antidoping Grigory Rodchenkovm [...]
A trama evidenciada nos bastidores dos grandes eventos apresentados, Olimpíadas e Jogos de Inverno, nos mostra o quão complexo e oculto pode se expressar as relações de poder que tem como mote o desempenho dos atletas. As relações ilícitas no documentário são, a princípio, “legalizadas” sob a forma de um fenômeno o qual chamamos de esporte. Definido como sendo “jogos institucionalizados” segundo Helal (1990), o esporte tem sido uma das maiores, senão a maior manifestação social dos tempos atuais. Na verdade, essa manifestação tem se reinventado desde tempos remotos. Numa referência clara aos Deuses do Olimpo, os atletas olímpicos representariam esse ideário de herói. Para DaMatta (1997);
[...] pessoas que perderam o anonimato e agora estão dentro do panteão das figuras paradigmáticas do mundo social brasileiro, seja como um exemplo a ser imitado e possivelmente seguido, ou como um tipo a ser evitado e banido para as zonas mais escuras do nosso mundo social [nesse último caso, ele refere-se a bandidos/vilões, e não aos heróis]”. (p.263)
Assim, a saída do anonimato e a entrada no mundo da visibilidade, faz com que esse herói manifeste uma admiração a muitos, fazendo com que estes últimos de uma forma ou de outra queiram reproduzir as atitudes, o percurso e os valores adotados pelos seus “heróis”. Esses comportamentos, portanto, seriam apregoados para a massa, definida por Medeiros (2007) como sendo;
[...] produção industrial, acompanhada por técnicas sofisticadas de propaganda maciça, destinadas ao consumo em grade escala. Essa cultura de massas, que vem crescendo e tornando-se dominante, nestes últimos anos, não possui, entretanto, autonomia, pois se utiliza de elementos da cultura popular, nacional, religiosa e, também, de obras consideras da cultura erudita, promovendo sua simplificação e modernização com o intuito de torna-las mais consumível e dar mais lucro. (p. 37)
Depreende-se que dentro deste contexto da cultura de massa é que se manifestam às aspirações e desejos ‘da massa’, influenciada por essa indústria de consumo, que as impõe costumes e comportamentos sem as devidas reflexões.
Logo, se pensarmos que a sociedade clama pelos seus heróis, considerando que aqueles estão a alguns passos da divindade por suas proezas hercúleas, é natural, portanto, que aceitem todos os tipos de meios adotados para se lograr às vitórias e conquistas ao fim das batalhas olímpicas, algumas épicas. Nesse sentido, Bento (2007) já analisa em um de seus trabalhos sobre o Homo Sportivus, onde;
O homem afirmado e celebrado pelas proezas e excessos do seu corpo, quer o dos atletas da idade média premiados como santos graças à ascese e mortificação, quer o dos santos dos novos tempos glorificados como atletas devido à superação e exaltação. O Homem que procura a coroa de louros, a admiração, o apreço e o reconhecimento nos mais distintos pódios olímpicos (p.315-6)
A glorificação alcançada por meio da superação, acima anunciada, se traduz nos dias atuais através da fama, do dinheiro, do acesso à bens e serviços que desfrutam à maioria daqueles que são uma elite de atletas que chegam aos eventos dessa magnitude. Interessante sublinhar a definição de atleta segundo o filósofo Píndaro (471-561 a.C.) que o define como sendo “aquele que se deleita com o esforço e o risco” citado por Bento (2007).
Aliado a isso, pontua Rubio e Nunes (2010),
A influência da mídia acelerou a entrada de valores financeiros elevados e crescentes nas estruturas esportivas internacionais e tem direcionado os rumos do esporte no planeta. Os valores pagos pela transmissão dos JO[2] cresceram de 287 milhões de dólares em 1984, JO de Los Angeles, para 1 bilhão e 482 milhões de dólares nos JO de Atenas em 2004 (Rubio, 2006). Os atletas que no início do século eram obrigatoriamente amadores passaram a viver do esporte, podendo se dedicar com exclusividade à prática de suas modalidades para conseguir alcançar os níveis de performance exigidos. (p.152)
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