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Corpo e Cultura

Por:   •  1/6/2016  •  Artigo  •  1.254 Palavras (6 Páginas)  •  408 Visualizações

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CORPO E CULTURA

Bruno de Leles Camargos1

Resumo:

Esse trabalho aborda a relação entre o corpo, sexualidade e gênero, explorando o processo

de construção social-cultural dos respectivos temas. A partir do estudo feito, pretendo desconsiderar

a ideia do corpo e a sexualidade como tabus, ressaltando como a discriminação é construída junto

aos estereótipos sociais e, também, como é fortalecida com a história, sobretudo do mundo

ocidental, que estabelece uma relação de poder e gênero. Enfim, procuro discutir o sexo biológico e

gênero daqueles que fogem do binarismo masculino/feminino.

Palavras-chave: corpo, gênero, sexualidade, feminismo.

Abstract:

This work addresses the relationship between the body, sexuality and gender, exploring the

process of social and cultural construction of the respective themes. From the study, we intend to

disregard the idea of the body and sexuality as taboo, highlighting how discrimination is built with

social stereotypes and, also, as is strengthened with the story, especially the Western world,

establishing a power relationship and gender. Anyway, I try to discuss the biological sex and gender

of those fleeing the male / female binary.

Key-words: body, gender, sexuality, physical education, standards

INTRODUÇÃO

Desde há muito tempo, são impostos pela sociedade inúmeros padrões para os gêneros

feminino e masculino, entre eles as brincadeiras de criança, as roupas que nós devemos vestir, as

pessoas com quem devemos nos relacionar, o padrão de corpo perfeito, os esportes que devemos

praticar, etc. Embora essas normas sejam aceitas e reproduzidas pela maioria da sociedade, elas

podem desencadear grande transtorno aos indivíduos que não se sentem confortáveis com o corpo

em que nasceram. Não me refiro apenas àqueles que não nasceram com a altura, o cabelo, os olhos

ou ao nariz “padrão de beleza”, mas, principalmente, às pessoas que não detém características que

são atribuídas socialmente ao seu sexo biológico, e aos que sofrem com o transtorno de gênero.

1 Aluno do Curso Técnico Integrado em Informática para Internet – 2015 do Instituto Federal de Goiás, Campus

Luziânia. E-mail: <bruno.notorius@hotmail.com>

DESENVOLVIMENTO

Segunda DaMatta (2000), na esfera pública ou senso comum, espera-se que o sexo

masculino seja associado à virilidade e força, em oposição à fragilidade do sexo feminino. No

entanto, tanto homens quanto mulheres são produtos sociais, ou seja, seus comportamentos e

pensamentos não derivam de sua natureza biológica.2

Assim como gêneros são construídos socialmente, para Foucault, a sexualidade - o sexo - é

uma atividade aprendida.

As pessoas são socializadas para a entrada na vida sexual, por intermédio da

cultura, que determina roteiros através de valores que um determinado

grupo social compartilha. A sexualidade se diferencia também no interior de

uma determinada sociedade, exprimindo-se e tendo significado distinto

entre os diferentes grupos sociais que a compõem. A observação dessas

diferenças que são notáveis entre as classes sociais, mas também entre os

gêneros.

(BOZON e HEILBORN, 2001).

Diante disso, qual a consequência para um indivíduo que contraria as construções sociais em

relação ao gênero e/ou sexualidade?

Seria impossível enumerar todas as penalidades sofridas por quem foge dos estereótipos de

gênero biológico e sexualidade, e estas são aplicadas desde muito cedo, seja com o bullying,

agressões físicas e, até mesmo, abusos sexuais. Dentre as várias oportunidades de repreender esses

indivíduos, as pioneiras são as aulas de educação física.

A disciplina que preza a disciplinarização dos corpos é marcada pelo predomínio de uma

tradição biológica/tecnicista arraigada em sua prática. Isso é percebido na divisão das atividades

escolares entre meninos e meninas, o que fortalece os padrões e estereótipos de gêneros. 3

Essa

divisão machista, que se caracteriza pela inserção de meninos em esportes mais agressivos em razão

da “brutalidade” masculina e de meninas em danças e esportes mais leves por sua “delicadeza”, é

um dos motivos que levam a discriminação de “meninos delicados” e “meninas brutas”.

A Educação Física, em geral, fundamenta seu projeto de separação dos

sexos no sentido do corpo como algo biológico e, ao mesmo tempo, na

construção do corpo feminino mais fraco – “por natureza” – que o

masculino, reforçando o poder dos homens sobre as mulheres na escala

2 “Fronteiras simbólicas: Gênero, corpo e sexualidade” (HEILBORN) (2002).

3 Corpo e Gênero nas Práticas Escolares de Educação

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