Esporte na escola e esporte de rendimento - síntese
Por: gustavoohs • 17/9/2015 • Trabalho acadêmico • 484 Palavras (2 Páginas) • 1.249 Visualizações
A massificação da prática esportiva começando pela escola tem sido sugerida como uma forma eficiente para transformar o Brasil numa potência no esporte de alto rendimento, no entanto, como sugere o autor do texto “Como lidar com um fenômeno tão poderoso como o esporte sem sucumbir a ele?” (Ricardo Lucena,1999), esse é um assunto controverso que costuma dividir opiniões entre os profissionais de Educação Física.
Lucena reflete sobre o discurso, a realidade e as possiblidades de ensino do esporte na escola, tendo como pano de fundo a relação entre a Educação Física Escolar e o esporte de alto rendimento, caracterizado pela superação de limites, metas e adversários. Chavões como “Esporte é saúde: pratique!” muitas vezes escondem a realidade da vitória a qualquer custo, a qualquer preço, até o da saúde do atleta. Bordões como o mencionado acima referem-se à prática da atividade física regular e corretamente orientada. Para tal não é preciso ser atleta. O esporte de rendimento da forma como está estruturado e é praticado implica, em muitos casos, no desrespeito aos limites do ser humano, segundo alguns estudiosos e dificilmente pode ser denominado como “saudável”.
O autor aponta alguns equívocos comuns quando o tema é esporte de rendimento e o seu papel educativo no âmbito escolar. Segundo Lucena, esses equívocos precisam ser discutidos e até mesmo desmistificados, pois ainda há muita informação insuficiente ou ideias pré-estabelecidas que contribuem ainda mais para essa análise simplista, maniqueísta e fragmentada sobre a prática esportiva no ambiente escolar e seus efeitos.
Esse cenário remete a um alerta e a um questionamento: o alerta é a necessidade de, do ponto de vista conceitual, fazer-se uma análise crítica que qualifique essa vinculação escola-esporte de alto rendimento e deixar claro o papel social da escola e a sua eventual contribuição para a formação de atletas; o questionamento diz respeito às reais possibilidades, do ponto de vista operacional, de se ensinar o esporte na escola, consideradas as condições em que ela se encontra, valorizando sempre o indivíduo e suas particularidades, proporcionando um espaço de lazer, interação, saúde e a busca pelo possível, pelo alcançável e tangível em vez de fortalecer o ideal de “esporte-superação”, que coloca a busca pelo objetivo final acima de qualquer individualidade ou até mesmo limitação.
A escola, como instituição social, tem como tarefa apresentar as práticas esportivas, criticá-las, produzi-las e agregar caráter lúdico e valores humanos, como solidariedade (esportiva), participação e respeito às diferenças.
O autor conclui o texto falando brevemente sobre a escolarização do esporte e os interesses mercadológicos por parte do Estado que estão implícitos ou até mesmo explícitos na discussão. Alerta ainda para a possibilidade e necessidade de estabelecer equilíbrio entre esporte de rendimento e esporte na escola, mostrando que essa união é viável e traz bons resultados para educador e educando, que tem a oportunidade de explorar seu corpo e limites, não para atingir metas inumanas, mas para melhor compreender o outro e a si mesmo.
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