Esporte Na Escola" E "esporte Da Escola

O esporte constitui-se em um dos maiores fenômenos so¬ciais da atualidade, fazendo-se presente no cotidiano das pessoas por meio da mídia, das discussões informais, das práticas de lazer e do contexto educacional.

Torna-se difícil uma conceituação de esporte se compará-lo como jogo. Observei que para a Sociologia, jogo e esporte são conceitos diferentes com características específicas, em que o esporte incorpora elementos do jogo e possui ainda outras características que não são encontradas no jogo, pois este, não tem uma organização burocrática a ponto de extrapolar os interesses de seus participantes. Torna-se bem ilustrativo o exemplo dado por Helal (1990), em que uma “pelada” entre amigos, seja na várzea, na praça, na quadra da escola ou em outro espaço similar, ter o caráter apenas de um jogo, mas quando uma partida de futebol for disputada por equipes profissionais em um campeonato, passa a ter o aspecto de esporte, haja visto que, nesta situação as regras são todas postas em prática.

O esporte dá ênfase na quantificação dos feitos atléticos (recorde, dados estatísticos), na especialização dos atletas e no desenvolvimento de estratégias e táticas de jogo. Outros autores classificam o esporte como uma ação social institucionalizada, com regras, desenvolvida a partir de uma base lúdica, em forma de competição entre adversários ou contra a na¬tureza, que tem como objetivo designar um vencedor ou registrar um recorde, por meio de uma comparação de desempenhos.

Durante muito tempo o es¬porte foi visto apenas pelo aspecto do rendimento, o conceito de esporte foi realmente ampliado a partir da Carta Internacional de Educação Física e Esporte, estabelecendo em seu primeiro artigo que a atividade física ou prática esportiva é um direito de todos, assim como a saúde e a educação.

São características do esporte "na" escola a busca pelo máximo rendimento e a identificação de talentos, em que o professor assume o papel de treinador e os alunos tornam-se seus atletas, simples¬mente reproduzido no ambiente escolar as características do rendimento.

Já no esporte "da" escola, os conteúdos são redimensionados, dei¬xando de ser utilizados como um fim para tornar-se um meio para a formação dos alunos. Nesse sentido, a subordinação ao modelo esportivo perde o sentido, pois não é mais necessário utilizar a padronização esportiva, com suas regras e códigos, característicos das competições de alto nível.

Entendo que não se deva negar o esporte como um dos conteúdos da aula de educação Física, ou aboli-lo. Na verdade deve ser exatamente o contrário, pois se existe a pretensão de modificá-lo é preciso tratá-lo pedagogicamente, de modo diferente do trata¬mento tradicional. Nem se devem substituir as práticas esportivas realizadas na quadra por aulas teóricas desenvolvidas na sala de aula, mas sim, de fazer com que as duas aconteçam de modo inte¬grado e, para isso, não é preciso abandonar o espaço de prática, mas compreender que a própria forma de se movimentar precisa ser reconstruída por meio da reflexão.

Por fim, o esporte tratado na escola deve con¬ferir um significado menos central à competição e ao rendimen¬to máximo, permitindo aos alunos a vivência de outras formas de prática esportiva, que privilegiem, por exemplo, a cooperação e o rendimento possível.