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Os efeitos do envelhecimento na recuperação pós-exercício

Por:   •  15/12/2016  •  Projeto de pesquisa  •  3.422 Palavras (14 Páginas)  •  363 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O envelhecimento traz consigo um processo natural de alterações fisiológicas e corporais que causam danos aos diferentes sistemas do nosso organismo. Este processo causa mudanças no organismo como, por exemplo, a redução de fibras musculares, motoneurônios, unidades motoras, massa e força muscular que se atenuam geralmente a partir dos 50, 60 anos de idade. (ROGERS; EVANS, 1993; MEDIC, N.; STARKES, J.L.; YOUNG, B. W.; 2007; BERNARD, T; et al 2010)

Estudos demográficos atuais apontam para um aumento drástico no número de idosos nos próximos anos. Segundo projeções das Nações Unidas, a população idosa – 60 anos ou mais – no mundo crescerá em torno de 56 por cento, saindo de um total de 901 milhões em 2015 (em torno de 12% da população mundial) para mais de 1.4 bilhões em 2030, e ainda ultrapassar os 2 bilhões em torno de 2050, sendo então responsáveis por 22% da população mundial. (Nações Unidas – World Population Ageing 2015: Highlights).

Esses dados justificam o aumento dos estudos relacionados à idosos nas áreas de atividade física e saúde e desempenho esportivo pois todos buscam e almejam um envelhecimento com “qualidade de vida” e, para tal, pesquisadores buscam entender os processos envolvidos no envelhecimento como as alterações fisiológicas e a queda iminente que o mesmo causa no desempenho,

A população mundial está aumentando como um todo, e ao mesmo tempo a proporção idoso/jovem se altera a cada ano. Como todos desejam envelhecer com saúde, um número crescente de pessoas está decidindo continuar com sua vida de atleta, acima dos 35 anos de idade, mantendo treinos intensivos e participando de competições esportivas com o objetivo de manter, e até mesmo melhorar, seus níveis de condicionamento físico e performance desportiva, e esses indivíduos são chamados de “atletas máster”. Essa idade geralmente marca o início da queda no desempenho esportivo. (BERNARD, T; et al 2010; JOKL, P.; SETHI, P.M.; COOPER, A.J.;2004 ; MEDIC, N.; STARKES, J.L.; YOUNG, B. W, 2007; REABURN, P.; DASCOMBE, B.; 2008)

Autores buscam entender como a performance em modalidades endurance diminui com o avançar da idade levando em consideração o sexo e a modalidade esportiva do indivíduo. Dados de pesquisas anteriores indicam um declínio moderado no desempenho endurance entre os 30 e os 50 anos de idade, acelerando significativamente entre os 50 e 60, seguido por um avanço de maior grandeza neste declínio após os 60 anos de idade principalmente. (BERNARD, T; et al 2010; TANAKA, H.; SEALS, D.R, 2003; LEPERS, R.; MAFFIULETTI, N., 2011)

Um dos fatores cruciais neste declínio do desempenho é o aumento gradativo do tempo necessário para a recuperação do atleta pós-exercício. Estudos recentes demonstram que atletas máster tem um dano muscular similar aos atletas jovens sob esforço máximo, porém demandam um tempo maior para recuperação após completar uma corrida de longa distância como a maratona por exemplo. (BRISSWALTER, J.; NOSAKA,K., 2012).

O “tempo de recuperação” pode ser definido como o tempo necessário para que os diferentes parâmetros fisiológicos afetados pelo exercício retornem aos seus níveis de repouso. (BURKE, L.; 2010) Estudos na área do desempenho esportivo geralmente apontam para um aumento no tempo de recuperação com o avançar da idade. (RADER, E. P.; FAULKNER, J. A. 2006; BROOKS, S. V.; FAULKNER, J. A., 1990; McBRIDE, T. A.; GORIN, F. A.; CARLSEN, R. C., 1995)

Estes dados parecem demonstrar que essa inferior capacidade de recuperação dos atletas máster os coloca em uma gradativa queda em níveis de performance devido a consequente progressiva redução forçada nas sessões de treinamento (tanto em intensidade quanto em volume de treinamento). Neste contexto, a capacidade de recuperação pode limitar o desempenho dos atletas em idades mais avançadas. Mais análises destes parâmetros se mostram necessárias através de novos estudos experimentais para identificar os fatores que atuam e influenciam nessa pior recuperação dos atletas mais velhos.

JUSTIFICATIVA

Para que os atletas master possam ter um melhor desempenho em eventos de corrida de longa distância, é importante conhecer melhor os fatores envolvidos neste declínio inevitável decorrente do envelhecimento, analisando fatores como a recuperação de um atleta após o exercício, caracterizando a fadiga e o dano muscular, bem como todo o processo de regeneração do organismo. Até hoje, pouco se foi estudado a respeito da recuperação de atletas master e não se chegou a um consenso de que o treinamento regular de corridas de longa distância seja benéfico na redução da fadiga e do dano muscular para uma melhor recuperação dos atletas. (BRISSWALTER, J.; NOSAKA, K.;2012)

Na última década, devido ao rápido crescimento no número de atletas veteranos em competições de esporte de característica predominante endurance, muitos estudos tentaram identificar os fatores metabólicos associados ao decréscimo na capacidade física resistência desencadeado pelo envelhecimento, especialmente em corridas de longa distância, entretanto o foco geralmente é o decréscimo na capacidade respiratória, mais especificamente no consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo). (BRISSWALTER, J.; NOSAKA, K.;2012)

Pouco se encontra na literatura a respeito da recuperação dos atletas pós-exercício físico, fator crucial no desempenho dos atletas pois uma melhor recuperação significa um retorno mais rápido e efetivo à rotina de treinamentos. Diversos estudos mostram que os níveis de dano muscular pós-exercício são muito parecidos entre jovens e adultos quando submetidos a um estresse muscular proveniente de um treino máximo. (CLARKSON, P.M.; DEDRICK, M. E, 1988; DEDRICK, M.E.; CLARKSON, P.M, 1990) Entretanto, o dano permanece por mais tempo em indivíduos mais velhos, ou seja, a recuperação é menos efetiva e mais demorada para os atletas mais velhos em detrimento das alterações nos mecanismos de regeneração decorrentes do processo de envelhecimento. (BRISSWALTER, J.; NOSAKA, K., 2012)

Embora estudar os atletas da terceira idade seja importante para melhorar seus níveis de desempenho esportivo, este estudo traz consigo inúmeras contribuições importantes para estudar os mecanismos do envelhecimento. Estudar estes atletas (que geralmente tiveram uma vida ativa em praticamente toda sua plenitude) dá a oportunidade de investigação dos efeitos do exercício físico regular nos sistemas do organismo humano sem as, geralmente comuns, complicações associadas ao envelhecimento (obesidade, diabetes, etc.). (LEXELL, J.,1995) Dentro desses estudos ainda, pouco se foi estudado tendo a recuperação pós-esforço físico como viés principal para caracterizar a queda no desempenho esportivo com o avançar da idade.

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