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Os mecanismos

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Por:   •  10/4/2013  •  Tese  •  5.033 Palavras (21 Páginas)  •  745 Visualizações

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Os mecanismos de defesa constituem operações de proteção postas em jogo pelo Ego ou pelo Si-mesmo para assegurar sua própria segurança. Os mecanismos de defesa não representam apenas o conflito e a patologia, eles são também uma forma de adaptação. O que torna “as defesas” um aspecto doentio é sua utilização ineficaz ou então sua não adaptação às realidades internas ou externas. (Bergeret, 2006).

Os mecanismos de defesa fazem parte dos procedimentos utilizados pelo Eu (Ego) para desempenhar suas tarefas, que em termos gerais consiste em evitar o perigo, a ansiedade e o desprazer.

Entre os mecanismos de defesa é preciso considerar, por um lado, os mecanismos bastante elaborados para defender o Eu (ego), e por outro lado, os que estão simplesmente encarregados de defender a existência do narcisismo. Freud (1937) diz que mecanismos defensivos falsificam a percepção interna do sujeito fornecendo somente uma representação imperfeita e deformada.

Os mecanismos de defesa constituem operações de proteção postas em jogo pelo Ego ou pelo Si-mesmo para assegurar sua própria segurança. Os mecanismos de defesa não representam apenas o conflito e a patologia, eles são também uma forma de adaptação. O que torna “as defesas” um aspecto doentio é sua utilização ineficaz ou então sua não adaptação às realidades internas ou externas. (Bergeret, 2006).

Fenichel (2005) diz que as defesas patogênicas, nas quais se radicam as neuroses, são defesas ineficazes, que exigem repetição ou perpetuação do processo de rejeição, a fim de impedir a irrupção de impulsos indesejados; produz-se um estado de tensão com possibilidade de irrupção.

Foi a partir de um desses mecanismos, o recalque, que o estudo dos processos neuróticos se iniciou. Não obstante, o recalque é algo bastante peculiar, sendo mais nitidamente diferenciada dos outros mecanismos do que estes o são entre si.

Os primeiros tradutores de Freud utilizaram o termo “Ego” para dar conta do Ich alemão. Em alemão Ich é um pronome pessoal da primeira pessoa do singular empregado no nominativo, ou seja, sujeito individual ativo da ação. Ich não corresponde portanto, ao ego, que traduziria o Mich alemão, ou seja, um acusativo utilizado para designar o objeto referido pelo verbo, isto é, aqui, o sujeito tomado a ele mesmo (quer dizer, Si-mesmo), ou seja, seu Si-mesmo como objeto. Esse processo concerne à relação narcisista e não a relação de ordem genital, em que o sujeito Eu visa, justamente, a um outro objeto. (Bergeret, 2006).

Existem mecanismos de defesa encarregados de defender as diferentes instâncias da personalidade (id, Ideal de Si-mesmo, Ideal do Ego, Superego) de um conflito que pode nascer entre elas, assim como conflitos que podem opor o conjunto de todas as instâncias (inclusive o Eu e o Si-mesmo) contra algumas provenientes da realidade exterior; ou ainda exclusiva e excessivamente de um mesmo tipo, o que faz com que o funcionamento mental perca a sua flexibilidade, harmonia e adaptação.

Os mecanismos de defesa mais elaborados concernem ao Eu (ego), enquanto que de natureza mais primitiva se refeririam antes ao Si-mesmo. (Bergeret, 2006)

Os mecanismos de defesa não se reduzem apenas ao clássico conflito neurótico. Quando se trata de uma organização de modo neurótico, genital e edipiano, o conflito se situa entre as pulsões sexuais e suas proibições (introjetadas no superego). A angústia, é então, a angústia de castração, e as defesas operam no sentido de diminuir essa angústia, seja facilitando a regressão em relação à libido, sendo organizando saídas regressivas, por exemplo auto e alo-agressivas, retomando e erotizando a violência instintual primitiva. (Bergeret, 2006)

Nas organizações psicóticas toda uma parte predominante do conflito profundo dá-se com a realidade. A angústia é uma angústia de fragmentação, seja por medo de um impacto violento demais por parte da realidade, seja por temor por perda de contato com essa realidade. As defesas contra a angústia de fragmentação podem operar de modo neurótico. Mas, como lembra Bergeret (2006), esse tipo de defesa muitas vezes não basta, e, é quando surgem as defesas próprias ao sistema psicótico: autismo (tentativa de reconstituição do narcisismo primitivo, com seu circuito fechado); recusa da realidade (em todo ou em parte), necessitando às vezes de uma reconstrução de uma neo-realidade, o conjunto desses processos conduzindo à clássica posição delirante.

No grupo dos estados limítrofes o conflito se situa entre a pressão das pulsões pré-genitais sádicas orais e anais, dirigidas contra o objeto frustrante e a imensa necessidade de que o objeto ideal repare essa ferida narcísica por uma ação exterior gratificante. A angústia que disso decorre é a angústia de perda de objeto, a angústia de depressão. As defesas, nesse caso serão essencialmente centradas nos meios de evitar essa perda e devem conduzir a um duplo maniqueísmo: clivagem interna entre o que é bom (ideal do self) e mau (imediatamente projetado para o exterior), e clivagem externa (entre bons e malvados: não Si-mesmo). Há uma tentativa de aliviar a ferida narcísica arcaica por um narcisismo secundário em circuito aberto, árido, mas impotente para preencher a falta narcísica fundamental. (Bergeret, 2006).

Habitualmente em psicopatologia agrupam-se entre as defesas ditas “neuróticas” o recalque, o deslocamento, a condensação, a simbolização, etc. e entre as defesas ditas “psicóticas”, a projeção, a recusa da realidade, a duplicação do ego, a identificação projetiva, etc.

Entretanto encontra-se estruturas autenticamente psicóticas que se defendem contra a decomposição graças à defesas de modalidade neurótica, mais particularmente obsessiva, por exemplo. Há casos de estruturas autenticamente neuróticas que utilizam abundantemente a projeção ou a identificação projetiva em virtude do fracasso parcial do recalque e diante do retorno de fragmentos demasiado importantes ou inquietantes de antigos elementos recalcados, cujos efeitos ansiogênicos devem ser apagados, de modo certamente mais arcaico e mais custoso, e igualmente mais eficaz. É possível também encontrar angústias de despersonalização em uma desestruturação mínima, de origem traumática (por exemplo),

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