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A Cardioversão Elétrica Sincronizada

Por:   •  20/8/2021  •  Monografia  •  6.553 Palavras (27 Páginas)  •  188 Visualizações

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Cardioversão elétrica: aspectos clínicos e complicações associadas

Renan da Silva Zeitoun1 

Eduarda Ribeiro dos Santos2 

 1 Discente do 8º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade

de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein (FEHIAE).

2 Enfermeira. Mestre e doutoranda em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Docente do curso de graduação em Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein.

Os autores acima mencionados declaram a inexistência de conflitos entre ambas às partes.

Resumo

Este estudo tem como objetivos verificar os aspectos clínicos, identificar a taxa de sucesso e as principais complicações envolvidas na cardioversão elétrica. Trata-se de uma pesquisa de campo de caráter retrospectivo, descritivo, exploratório de nível I, baseado na análise quantitativa. A coleta de dados foi realizada por meio da identificação de prontuários de pacientes submetidos ao procedimento de cardioversão elétrica. A amostra foi composta por uma população de 38 pacientes, submetidos ao procedimento nos últimos três anos. Analisando os dados, foi possível constatar que o gênero masculino compõe a maior parte da amostra com 33 (80,5%) pacientes, a faixa etária predominante foi a de 70 – 79 anos, com 14 (34,1%) indivíduos. A queixa inicial mais relatada foi a palpitação/taquicardia/arritmia presente em 19 (46,3%) pacientes. Em relação aos antecedentes pessoais, a Diabetes Mellitus foi a de maior prevalência com 7 (17,1%), quando observados os antecedentes cardíacos, a superioridade foi da hipertensão arterial sistêmica com 25 (61,0%) indivíduos. Em apenas 4 (9,8%) pacientes ocorreram complicações, todas relacionadas às arritmias. Em relação a taxa de sucesso da cardioversão, 35 (85,4%) pacientes tiveram seu ritmo cardíaco reestabelecido. Com base nos dados obtidos, pode-se concluir que levando em consideração a taxa de sucesso e suas possíveis complicações, a cardioversão elétrica demonstrou-se um procedimento seguro e eficaz, apresentando uma taxa de reversão da arritmia, e um índice de complicações, semelhantes aos registrados nas literaturas, não registrando óbitos, danos ou sequelas.

Descritores: Cardioversão Elétrica; Arritmias Cardíacas; Cardiologia.

  1. Introdução

Arritmia cardíaca é definida como alteração da frequência, formação e/ou condução do impulso elétrico através do miocárdio, podendo ser de origem supraventricular ou ventricular1.

Dentre as arritmias supraventriculares, a fibrilação atrial (FA) e o flutter atrial ocupam um lugar de destaque em sua prevalência, visto que aumentam com o envelhecimento da população2-6. A FA está presente em 0,4% da população, atingindo 0,5% entre os 50 e 59 anos, podendo chegar a 9,1% nas pessoas com mais de 80 anos7.

A abordagem dos indivíduos portadores dessas arritmias inclui o tratamento farmacológico como o uso de antiarrítmicos e não farmacológicos como a cardioversão elétrica (CVE)1-7. Essa, principalmente indicada em arritmias com presença de instabilidade hemodinâmica, sinais e/ou sintomas de baixo débito cardíaco2,3,6,7.

A CVE, desde sua introdução por Bernard Lown em 1962 no Brigham and Women's Hospital8 em Boston, tem sido considerado um procedimento seguro e eficaz2 apresentando índices de sucesso, que variam entre 70% a 90%4-6.

O princípio da CVE é que uma corrente elétrica é liberada a partir de duas pás-eletrodo acopladas a um cardioversor. Essa corrente elétrica atravessa o coração despolarizando as células atriais e uma porção considerável do músculo cardíaco, para que nos momentos seguintes o nódulo sinoatrial possa estimular os impulsos elétricos novamente de forma sincronizada, cessando, desta forma, a arritmia5,7.

A despolarização ocorre pela corrente elétrica que efetivamente passa pelo coração, por isso, a liberação de energia deve acontecer de forma sincronizada. O choque é liberado durante o ciclo cardíaco na onda de maior amplitude, ou seja, no pico da onda R, ficando menos suscetível a indução de fibrilação ventricular (FV), causada pelo período relacionado ao fim da sístole7.

Considerando que há o risco de uma indução à FV e uma possível parada cardíaca após a CVE, é necessário que se tenha sempre no ambiente o material de emergência necessário para o atendimento destas intercorrências4.

Para que a CVE tenha um considerável índice de sucesso após sua realização, inúmeros fatores são levados em consideração, dentre eles: idade, obesidade, tamanho do tórax, tamanho do átrio esquerdo aumentado, presença de regurgitação mitral severa, duração da FA e manuseio adequado do cardioversor 3,4,7,9,10.

Estudos demonstram que durante a CVE o dano ao miocárdio é mínimo, isto porque por meio da dosagem de Troponina-I, marcador cardíaco altamente específico, não houve elevações enzimáticas. Alterações enzimáticas de creatina fosfoquinase (CPK) e da isoenzima MB da creatina quinase (CK-MB), que aparecem após dosagens de forma elevada, estão relacionadas à lesão do músculo esquelético2,5,7,11.

As possíveis complicações referentes à CVE, variam desde queimadura local, irritação da pele, bradicardia e taquicardia, até complicações mais severas como as relacionadas ao processo de anestesia e sedação, FV e eventos trombogênicos4,12.

Os eventos trombogênicos merecem atenção especial, pois não acontecem imediatamente após a CVE, mas sim nos dias subsequentes5 devido ao atordoamento atrial6, o que propicia a formação de novos trombos, além de lentificar a expulsão de trombos já existentes7.

A descoberta de tal fenômeno serviu como base para a teoria da anticoagulação prévia e pós CVE, com o intuito de prevenir a formação de novos trombos e aguardar tempo suficiente para os preexistentes serem reabsorvidos2,4,7,9,10. Visto que, após a reversão da arritmia, melhora-se o débito cardíaco e aumenta-se o fluxo sanguíneo, o que favorece o deslocamento de trombos que se torna fatores de risco para trombose e acidente vascular encefálico5.

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