A Toxoplasmose Na Enfermagem
Por: Jonatas Jairo Silva Pereira • 27/4/2020 • Trabalho acadêmico • 2.018 Palavras (9 Páginas) • 560 Visualizações
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Toxoplasmose
- Apresentação
Denomina-se toxoplasmose a infecção ou doença causada pelo Toxoplasma gondii. A toxoplasmose é considerada a infecção parasitária, de caráter oportunista, mais comum no mundo.Sua prevalência oscila entre 10 e 68% da população humana.Felizmente, a doença é pouco frequente, em virtude da efetiva ação do sistema imunológico, em pessoas imunocompetentes. O protozoário mais difundido entre humanos e mamíferos no planeta.É uma zoonose típica, ocorrendo em grande número de animais, sendo os felinos os hospedeiros definitivos, pois neles ocorre o ciclo sexuado do parasito. Os demais animais (mamíferos ou aves) e os humanos são os hospedeiros intermediários, pois neles ocorre apenas o ciclo assexuado do toxoplasma.
- Agente Etiológico
Filo: Apicomplexa; família: Sarcocystidae; espécie: Toxoplasma gondii.
- Morfologia e Hábitat
O Toxoplasma gondii se apresenta sob três formas fundamentais, e algumas outras intermediárias, que aparecem durante seu ciclo biológico. As formas fundamentais são: 1) taquizoítos, encontrados nos líquidos orgânicos, especialmente durante a fase aguda da doença; os taquizoítos têm a forma de arco, daí o nome do parasito (toxon = arco); 2) bradizoítos ou cistozoítos, encontrados nos tecidos (músculos, cérebro, retina etc.) durante a fase crônica da doença; 3) oocistos, encontrados em fezes de felinos jovens, não imunes (isto é, que se infectaram ainda jovens e apresentam o ciclo sexuado em seu intestino). Resumidamente, quanto ao habitat em humanos, pode ser encontrado em qualquer parte ou componente corporal, exceto dentro de hemácias.O T. gondii demanda compostos como as poliaminas da célula hospedeira, transferidas via vacúolo parasitóforo, associado a outras organelas. Isso faz da hemácia, exceção como local de multiplicação. Fato curioso é que, em aves, cujos eritrócitos são nucleados, eles se multiplicam.
Entra Fig. 18.1
Figura 18.1. Formas do Toxoplasma gondii: A. Taquizoítos extracelulares encontrados em líquidos orgânicos (T: taquizoítos; MA: macrófagos); B. Taquizoítos dentro de um vacúolo parasitóforo (vp) do macrófago;
C. Cisto no músculo, formado por bradizoítos (Bra).
- Ciclo Biológico
Como os plasmódios agentes da malária, o toxoplasma possui dois tipos de ciclo:
- Assexuado: que se passa em todos mamíferos e aves do mundo, nos quais os taquizoítos se reproduzem assexuadamente por endodiogenia ou endopoligenia. Por esses processos, o parasito se reproduz dentro dele mesmo (no cisto ou no vacúolo parasitóforo do macrófago), gerando dois ou vários filhos, que rompem a célula-mãe e vão se disseminando pelo organismo do indivíduo. Depois dessa fase de multiplicação intensa, que representa a fase aguda da doença, o sistema imune atua no protozoário e o mesmo se refugia dentro de tecidos, formando os bradizoítos ou cistos, que permanecem quiescentes por vários anos ou até que o sistema imune do paciente se torne ineficiente e essas formas entrem novamente em reprodução.
- Sexuado: passa-se no intestino de felinos jovens, que se infectam ingerindo formas diferentes do parasito, quer pela ingestão de taquizoítos na amamentação na gata genitora doente, quer ingerindo camundongos infectados contendo cistos com bradizoítos. Ainda, oocistos presentes em água e solo, no ambiente. O parasito ao chegar ao intestino do gato doméstico(ou de outro felino), passa por um processo de reprodução, que ocorre no epitélio intestinal, com participação de gametas. O produto final constitui-se de oocistos, que saem nas fezes desses felinos, contaminando o ambiente e infectando novos hospedeiros.
- Mecanismos e Formas de Transmissão
Os mecanismos de transmissão do T. gondii na natureza são muito variados, devendo ser a predação (carnivorismo) e a ingestão de oocistos as mais importantes. Entre os humanos, os mecanismos mais frequentessão: ingestão de carne crua ou malpassada contendo cistos com bradizoítos, a ingestão de leite cru (especialmente de cabra) contendo taquizoítos, ingestão de oocistos presentes no solo e em caixas de areia (onde gatos defecam e crianças brincam), água e alimentos (hortaliças) contaminados com oocistos aonde felídeos defecaram, congênita ou transplacentária (quando a mãe está na fase aguda da doença e os taquizoítos atravessam a barreira placentária).
Entra Fig. 18.2
Figura 18.2. Ciclo biológico e epidemiológico do Toxoplasma gondii: 1. Hospedeiros intermediários que usualmente são possíveis fontes de infecção para os humanos, através de carne ou leite; 2. Formas infectantes (taquizoítos ou cistos); 3. Humanos se infectam ingerindo essas formas ou oocistos (6) expelidos em fezes de gatos(5: felinos são os hospedeiros definitivos).
- Patogenia e Sintomatologia
A patogenia e a consequente sintomatologia da toxoplasmose dependerão muito da forma como o paciente se infectou. A toxoplasmose é uma doença largamente disseminada, costumando-se dizer que “vivemos num mar de toxoplasmose”, pois ocorre em todos os mamíferos e aves do planeta, com índices de positividade variando de 10 a 68%. Por outro lado, deve-se ressaltar que esses dados se referem à “toxoplasmose infecção”, pois a “toxoplasmose doença” é muito menos frequente. Isso se dá em virtude da eficácia do sistema imune, que quando em equilíbrio, debela infecções.
A sintomatologia dependerá do mecanismo de transmissão. Sendo objetivos podemos explicar o seguinte:
- Quando a transmissão se dá por via oral (crianças e adultos), o paciente poderá apresentar: febre, mal-estar, enfartamento ganglionar cervical e fadiga; essa fase dura cerca de 1 a 2 semanas, quando o paciente sai da fase aguda e pela ação do sistema imune, ele evolui para a fase crônica, assintomática. Em alguns pacientes pode ocorrer, na fase aguda, comprometimento da retina e da coroide, afetando a visão. Na fase crônica, estão presentes os cistos, que se encontram em latência. Estes, podem reagudizar quando por algum motivo deprime o sistema imune do indivíduo. Neste caso, podem provocar danos no sistema nervoso central, encefalites, miocardites, cegueira e outras consequências. Estudos sugerem mudanças comportamentais, relações com esquizofrenia, diminuição de reflexos e maior risco de acidentes de transito. Pesquisas desenvolvidas em modelos murinos, experimentalmente infectados, fez com que o mesmo perdesse a neofobia, e consequente perda do medo dos gatos, seus predadores e hospedeiros definitivos, sugeriu a pesquisa. O T. gondii manipula o comportamento do seu hospedeiro, aumentando os níveis de dopamina e alterando níveis de outros hormônios.
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