AVALIAÇÃO DAS INTERFERÊNCIAS SAZONAIS NA CONTAMINAÇÃO PARASITOLÓGICA DE TOMATES E ALFACES
Por: rafalvesresende • 16/11/2018 • Projeto de pesquisa • 2.446 Palavras (10 Páginas) • 199 Visualizações
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Projeto de Pesquisa para obtenção de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC/FAPEMIG ou PROBIC/UNIARAXÁ)
AVALIAÇÃO DAS INTERFERÊNCIAS SAZONAIS NA CONTAMINAÇÃO PARASITOLÓGICA DE TOMATES E ALFACES
Rafaela Alves de Resende
Curso: Enfermagem
Orientadora: Profa. Dra. Aline do Carmo França Botelho
2010
- INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
As parasitoses intestinais constituem-se num grave problema de saúde pública, sobretudo nos países em desenvolvimento, sendo um dos principais fatores debilitantes da população, associando-se frequentemente a diarreia crônica e desnutrição, comprometendo, como consequência, o desenvolvimento físico e intelectual, particularmente das faixas etárias mais jovens da população (VINHA; MARTINS, 1981; LUDWIG et al., 1999; FREI et al., 2008).
A relevância do tema é evidenciada por alguns estudos disponíveis na literatura científica. Os primeiros relatos científicos de contaminação parasitológica de vegetais ocorreram nos anos sessenta como de Zdzienicki e Nowosielski (1960), Iwanczuk (1963), Choi e Chang (1967).
Entretanto o tema ainda é muito atual e estudos recentes desenvolvidos no Brasil e no mundo tem revelado que contaminações parasitológicas de vegetais ingeridos crus permanecem frequentes nos dias atuais. Recentemente Shahnazi e Jafari-Sabet (2010) em estudo realizado no Irã encontraram contaminação parasitária de alho-porro em 66,7% das amostras e de 20,7% para rabanetes.
No Vietnã um total de 317 vegetais foram examinados e 82 (26%) revelaram-se positivos para parasitos. Das 15 variedades, 13 foram positivos, com exceção para rabanete e pepino. A contaminação foi maior em hortaliças folhosas (31%), seguido por legumes de raiz (17%) e hortaliças de frutos (3%). Ao longo da pesquisa, cinco espécies de parasitos foram encontrados Ascaris sp., Trichuris sp., Toxocara sp., Taenia sp. e Ascaridia galli (UGA et al., 2009).
Uma pesquisa avaliou a presença de helmintos nas hortaliças: agrião, alface e couve, comercializadas em feiras livres e supermercados no município de São Mateus, ES, Brasil. 31,9% das amostras apresentaram enteroparasitos, principalmente cistos e trofozoítos de Entamoeba histolytica, cistos de Giardia lamblia, larvas de Strongyloides stercoralis e ovos de Ascaris spp, Ancylostoma spp e de Trichuris spp. Entre os possíveis fatores determinantes para essa contaminação os autores destacam a água de irrigação, esterco animal e falta de higiene nas diversas etapas de manipulação das hortaliças (BELINELO et al., 2009).
Outro estudo avaliou a presença de enteroparasitos em alfaces convencionais, orgânicas e hidropônicas in natura comercializadas na cidade do Recife (PE, Brasil). Os 66 “pés” de alface amostrados foram coletados entre maio e junho de 2007, 18 unidades em supermercados (06 convencionais, 06 hidropônicas, 06 orgânicas) e 48 unidades nas feiras livres (24 orgânicas e 24 convencionais). Ficou evidenciada a presença de parasitos em 88,8% das amostras coletadas em supermercados e em todas as amostras coletadas nas feiras livres. Todas as amostras oriundas de feiras e supermercados estavam contaminadas por larvas Strongyloides spp e 4/6 das hortaliças hidropônicas (supermercados) revelaram-se positivas. Foram observados também parasitos como Ancylostoma spp (8,3%) em cultivos convencionais e orgânicos e cistos de Entamoeba spp (2%) nas hortaliças convencionais de feiras livres (ROCHA et al., 2008).
Uma pesquisa visando diagnosticar os níveis de contaminação parasitológica de hortaliças folhosas no Distrito Federal mostrou que independente do sistema de cultivo, todas as alfaces pesquisadas apresentaram elevados percentuais de contaminação por enteroparasitos. Houve uma prevalência de protozoários sobre helmintos, sendo evidenciados E. histolytica (10%), Entamoeba coli (80%), Ancylostoma sp. (12%), Hymenolepis nana (12%) e Balantidium coli (ALMEIDA FILHO, 2008).
Santana et al. (2006) também avaliaram as diferenças de graus de contaminação em relação ao tipo de cultivo de alfaces. Os resultados mostraram que para todos os tipos de helmintos e protozoários intestinais encontrados em alfaces as amostras de cultivo orgânico apresentaram as maiores frequências de ocorrência, enquanto que o menor nível de contaminação foi observado nas amostras do sistema hidropônico.
Montanher et al. (2007) pesquisaram enteroparasitos em alfaces prontas para o consumo, servidas em restaurantes da cidade de Curitiba (Paraná, Brasil). Foram analisadas 50 amostras e de todas as alfaces analisadas, 10% (5 amostras) apresentaram-se contaminadas por estruturas parasitárias. Os parasitos encontrados foram Iodamoeba butschlii (4%), E. histolytica (2%), Fasciola hepatica (2%) e Trichocephalus trichiurus (2%).
Falavigna et al. (2005) realizaram estudo com hortaliças consumidas cruas a partir de locais de produção e os mercados livres de Maringá, Paraná, Brasil. As amostras foram coletadas em 13 chácaras e 181 amostras em 17 feiras livres. Alface (variedades lisa, crespa e americana), agrião e rúcula, recolhidos aleatoriamente. O índice total de parasitismo das hortaliças de feiras (63%) e chácaras (71,1%) não diferiu estatisticamente entre si. As hortaliças de chácaras mostraram mais protozoários (10/47) que a de mercados livres (19/114). As larvas Rhabditoidea e ovos Ancylostomatoidea foram igualmente distribuídos nas hortaliças de ambos os lugares, sendo os mais encontrados.
Em Sorocaba (SP, Brasil) foi avaliada a presença de formas transmissíveis de enteroparasitos em água e em hortaliças consumidas cruas provenientes de escolas da cidade. Uma escola não apresentou contaminação; duas tiveram todos os materiais contaminados; quatro, 2 materiais contaminados e três, 1 material contaminado. A água apresentou índice de 0,7% de contaminação (Hymenolepis diminuta, S. stercoralis e ancilostomídeos); a hortaliça in natura, 3,9% (S. stercoralis, ancilostomídeos, Ascaris lumbricoides e G. lamblia) e a hortaliça lavada, 1,3% (S. stercoralis, Ascaris lumbricoides e G. lamblia). Formas larvais foram mais presentes, a hortaliça in natura apresentou maior contaminação que a lavada, mas a lavagem não garantiu a ausência dessas formas em hortaliças (COELHO et al., 2001).
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