Clostridium resumo
Por: Leidy Fernanda • 11/11/2015 • Resenha • 1.062 Palavras (5 Páginas) • 1.262 Visualizações
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Clostridium, pequenos e terríveis
Segundo Carter (1995), o Clostridium é uma bactéria gram-positiva, um bacilo anaeróbico e formador de esporos. É constituído por cerca de 100 espécies que incluem bactérias de vida livre e patógenos importantes.
Há quatro espécies principais responsáveis por doenças em pessoas, o Clostridium botulinum, Clostridium difficile, Clostridium perfringens e o Clostridium tetani (LINHARES, Sérgio e GEWANDSZNAJDER, 2010).
O clostridium perfringens presenta 5 tipos, A, B, C, D e E, que são classificados com as exotoxinas que essas bactérias produzem.
As bactérias do tipo A, C e D são infecciosas para as pessoas, enquanto que os animais são sensíveis à todos os tipos. Uma das mais importantes características dos clostridium do tipo C, é sua capacidade de proliferação em temperaturas altas, possuindo temperatura ideal em cerca de 40ºC a 45ºC.
Enterotoxemia é uma doença causada pela rápida multiplicação do Clostridium perfringens tipo D após liberação e ação da toxina épsilon, e é conhecida como doença do rim pulposo que afeta ruminantes domésticos. O clostridium perfringens está presente no intestino de animais sadios em pequena quantidade e produz toxinas que são eliminadas com os movimentos intestinais normais sem manifestar nenhuma alteração maléfica no organismo dos animais (FERNANDEZ-MIYAKAWA et al., 2007).
A enterotoxemia pode comprometer diversas vidas animais, dentre elas as aves. Essa doença causa complicações no organismo animal, tem início súbito, podendo causar morte celular confluente do intestino delgado, fazendo com que os animais percam peso por falta de absorção de nutrientes realizada nessa região, podendo levar ao óbito, prejudicando toda a produção avícola.
O diagnóstico da Enterotoxemia é realizado através de uma técnica chamada soroneutralização, que detecta e classifica essa exotoxina no conteúdo intestinal. Essa técnica é realizada em camundongos, mas esse procedimento gera bastante controvérsias por parte de grupos humanitários que não consideram certo o uso de animais para experimentos científicos. Há também a preocupação com os gastos já que se trata de um bioensaio relativamente caro.
Após esses questionamentos foram realizados outros estudos alternativos com ótimos resultados, com o intuito de diminuir gastos e reduzir o número de animais utilizados para esse procedimento. A soroneutralização in vitro foi vista como uma alternativa mais econômica e tão segura quanto a SNC, mas para sua realização é necessário a verificação da correlação entre fenômenos dentro e fora do organismo.
Os estudo foram realizados com camundongos e várias linhagens de células, para determinar a linhagem mais sensível, comparando-as com os resultados conhecidos utilizando os camundongos. Após a determinação da linhagem mais sensível observou-se que além dessa propriedade esse estudo demonstrou que a correlação entre o teste in vitro foi de 98,33% utilizando uma dose mínima comparado aos testes in vivo. Essa técnica foi um ganho para a ciência pois além de ser uma técnica prática, rápida, ela dispensa o uso de animais.
Outro tipo de bactérias patogênica é o Clostridium botulinum, muito encontrada na agua ou nos alimentos, que podem gerar uma intoxicação e uma infecção alimentar. Tem forma de bastonete flagelada, o que lhe auxilia em sua movimentação.
Existem sete tipos de toxinas do botulismo, que vão de A à G, mas apenas A, B, E, e F causam doenças em humanos. Essas toxinas ajudam na multiplicação da bactéria no organismo produzindo necrose dos tecidos (CARDOSO et al., 2004).
O botulismo é caracterizado como um problema de saúde pública, pois possui alta taxa de mortalidade e extrema gravidade. O clostridium botullinum produz neurotoxinas fazendo com que ocorra manifestações neurológicas como bloqueio de transmissão sinápticas levando a paralisia simétrica. É dividido em quatro categorias epidemiológicas, como botulismo infantil, por lesão, por intoxicação alimentar e por uma colonização intestinal.
Os sintomas do botulismo variam conforme o tempo, mais os principais são: boca seca, visão dupla, queda da pálpebra superior, incapacidade de focar os objetos próximos, náuseas, vômitos, cólicas estomacais, diarreia, dificuldade na fala e em engolir, fraqueza, dificuldades na respiração entre outros. Umas das principais causas de óbitos é pelo comprometimento respiratório.
Os sintomas começam a se manifestar de repente, em geral entre 4 a 36 horas após a entrada da toxina no organismo. Quanto maior for a quantidade de toxina no corpo mais rapidamente os sintomas começam a se manifestar.
O botulismo é uma doença extremamente grave, mais não é diagnosticada com tanta frequência, o que preocupa pelo fato de muitas pessoas não se darem conta do que está acontecendo consigo mesmas ou com alguém próximo, tardando ainda mais o tratamento o tornando até mesmo ineficaz. O primeiro caso de botulismo no Brasil ocorreu em 2002, porem desde 1999 existe uma vigilância em relação a essa doença. O botulismo mais frequente é o por intoxicação alimentar (COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS, 2006).
O Brasil ainda passa por sérios problemas de saneamento básico, e o consumo e contato com agua, solo e comidas contaminadas aumentam progressivamente o número de chances de contrair a bateria do botulismo. O perigo está em toda a parte, pois temos o costume de comprar comida em locais que nem sabemos sua procedência e como foi realizado seu preparo, correndo grandes riscos de contrair doenças através de microrganismo patogênicos como no caso dos clostrídios.
Os profissionais de saúde são fundamentais para o controle epidemiológico dessas doenças, principalmente em relação a treinamentos e conscientização dos demais profissionais, para que o sistema de vigilâncias possa ser realizado de forma precisa. A orientação a população sobre os riscos também se faz necessária frente ao perigo que cada um corre diariamente de contrair doenças tão graves, podendo até mesmo vir ao óbito.
REFERENCIA BIBLIOGRAFICA
- CARDOSO T, COSTA M, ALMEIDA HC, GUIMARÃES M. Botulismo alimentar: estudo retrospectivo de cinco casos. ACTA Medica Portuguesa 2004; 17:54-58
- CARTER, G. R.; et al.. Essentials of veterinary microbiology. 5. ed. London: Willians & Wilkins, 1995. p.394.
- COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar. Botulismo e Torta comercial de frango com requeijão. Bol Epi Pal 2006; 27:14-19.
- FERNANDEZ-MIYAKAWA, M.E. et al. Development and application of an oral challenge mouse model for Studying Clostridium perfringens Type D infection. Infection and Immunity, v.75, N.9, p.4282-4288, 2007. Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1951146/?tool=pubmed>. Acesso em: 03 nov. 2009. doi: 10.1128/ IAI.00562-07.
LINHARES, Sérgio e GEWANDSZNAJDER, Fernando. Biologia hoje. São Paulo: Ática, 2010, 56 p, cap. 3.
ARTIGOS
- Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 44(3):400-402, mai-jun, 2011.
- Souza Júnior et al. Ciência Rural, v.40, n.3, mar, 2010. Ciência Rural, Santa Maria, v.40, n.3, p.600-603, mar, 2010
- ARS VETERINARIA, Jaboticabal, SP, v.29, n.1, 037-041, 2013.
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