O Acolhimento De Mulheres Vítimas De Abuso Sexual Em Unidades De Saúde
Por: Four4 • 22/5/2023 • Trabalho acadêmico • 3.420 Palavras (14 Páginas) • 123 Visualizações
O ACOLHIMENTO DE MULHERES VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL EM UNIDADES DE SAÚDE
Samara Alencar [1]
Resumo
Apontar a importância da atenção e do treinamento de profissionais de saúde no atendimento as mulheres que sofrem de violência sexual na rede de saúde pública. Este artigo tem como objetivo apontar a importância de uma equipe de saúde capacitada e acolhedora na recepção das vítimas, dessa forma facilitando a adesão ao acompanhamento, como também ao atendimento imediato. A metodologia utilizada foi uma revisão de literatura nos principais bancos de dados, portais de periódicos e de instituição, dado preferencia a qualidade e a clareza. Como resultados foi observado o perfil das mulheres que passam por essa situação, visto como as menos instruídas e de baixa renda são as mais vulneráveis e as que menos buscam ajuda. Conclui-se que de certa existe um déficit em relação a atuação dos profissionais, mas uma forte tendência de modificar isso por parte dos mesmos, principalmente dos enfermeiros e médicos que atuam nas emergências e recepcionam as vítimas. Contribui dessa forma como um pequeno termômetro de verificação de como funciona o atendimento e a recepção das vitimas e como isso ajuda na superação do trauma.
Palavras chaves: Violência Sexual. Atendimento as Vítimas. Enfermagem.
Abstract
Point out the importance of attention and training of health professionals in the care of women who suffer from sexual violence in the public health network. This article aims to point out the importance of a trained and welcoming health team in the reception of victims, thus facilitating adherence to follow-up, as well as immediate care. The methodology used was a literature review in the main databases, journals and institution portals, given preference for quality and clarity. As a result, the profile of women who go through this situation was observed, since the less educated and low-income are the most vulnerable and the ones who least seek help. It is concluded that there is certainly a deficit in relation to the performance of professionals, but a strong tendency to change this on their part, especially nurses and doctors who work in emergencies and welcome victims. In this way, it contributes as a small thermometer to verify how the care and reception of victims works and how it helps to overcome the trauma.
Keywords: Sexual Violence. Assistance to Victims. Nursing.
INTRODUÇÃO
A definição de violência definida pela OMS é dita "o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resultem ou tenham grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação", ela se divide em três grandes grupos (autodirigida, interpessoal e coletiva), e diferentes subseções entre elas a sexual. Esta última é reconhecida como um fenômeno mundial, que afeta todas as camadas sociais sem distinção entre sexo, etnia, idade ou status social, atingindo homens em mulheres em diferentes etapas de vida, possuindo suas características peculiares historicamente e culturalmente em nossa sociedade ao decorrer dos tempos.
Esse grave problema de saúde pública atinge homens e mulheres, em diversificadas etapas de suas vidas. Crianças, mulheres jovens e adolescentes são o principal alvo tipo de agressão, assim aumentando as estatísticas violência sexual é definida como uma ação não consensual de conjunção carnal ou outro ato libidinoso que transgrida a autonomia da vítima. Essa forma de violência gera profundo impacto na vida das vítimas nas esferas física, psíquica e social, além de ter relação direta com prejuízos à saúde mental.
Na mulher não é o tipo de violência considerado o mais frequente ficando em terceiro lugar em casos de notificação, perdendo para a violência doméstica e o abuso verbal. Como afirmado acima ele gera consequências devastadoras pois as vítimas de violência sexual estão mais propensas ao desenvolvimento de sintomas psiquiátricos e distúrbios psicossomáticos; além de estarem expostas a contrair doenças sexualmente transmissíveis e terem gravidez indesejadas.
Devido a isso o papel dos serviços de saúde é essencial para o enfrentamento da violência sexual, principalmente os públicos pois como a própria literatura indica pessoas em posição social mais baixas estão mais expostas aos riscos. Os profissionais envolvidos no atendimento às vítimas devem ser preparados para lidar com as possíveis consequências, como lesão física, infecções sexualmente transmissíveis (IST), gravidez e problemas psicológicos. Seguindo essa linha é apontado como deve ser o acolhimento das vítimas de violência sexual no SUS?
Por esse motivo o seguinte artigo tem como objetivo geral apontar como é o cenário de acolhimento das vítimas de violência sexual no brasil, especificamente apontando o contexto histórico em que está inserido, o perfil dessas mulheres, e principalmente como é feito esse acolhimento e as dificuldades desse processo, principalmente o de adesão ao tratamento. Este estudo por meio de uma revisão literária qualitativa, fazendo o uso de bancos de dados como SciELO, PePSIC, IndexPsi, LILACS, BVS-Psi, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) e Googlo Academico, no período de 2013 a 2022.
DESENVOLVIMENTO
CONTEXTO HISTÓRICO
A violência contra a mulher é algo intimamente relacionado, com a postura atribuída a ela na sociedade. Para filósofos gregos como Aristóteles a divisão dos seres humanos era nitidamente clara com o homem sendo colocado na primeira categoria sendo reverenciado como o senhor e pai, enquanto a mulher era realocada a um papel secundário como a esposa e mãe; sua posição nesse contesto se encontrava acima do escravo que era considerado “a coisa do senhor”, sendo desalmado e próximo ao animal. Por mais que estivesse acima do escravo, isso não lhe dava nenhuma vantagem uma vez que seu próprio intelecto e status era considerado irracional justamente por estar entra a racionalidade, o homem, e o animalesco, o escravo, não participando das questões sociais por haver certa irracionalidade dentre suas características (SOUZA, 2013).
A posição de inferioridade pode ser vista no decorrer dos séculos e em diferentes culturas, sendo que no Brasil colônia essa ideia era difundida pela religião predominante da época, em que se pregava que a mulher deveria sempre está sobre a tutela masculina inicialmente ao pai e depois ao marido. Por sua vez a mulher vivia oprimida pelo mundo masculino, suas diversões eram no lar e na Igreja, valendo ressaltar também que assim como na Grécia Antiga, no Brasil colônia as mulheres tinham pouco a acesso a educação para desenvolvimento de pensamento crítico, assim eram educadas para sentirem-se felizes como “meros objetos” (LIRA, 2015).
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