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Resenha do Filme "O Germinal"

Por:   •  15/10/2019  •  Resenha  •  1.150 Palavras (5 Páginas)  •  243 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS[pic 1]

CAMPUS ARAPIRACA

CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM

JENIFER BIANCA DE MELO SILVA

RESENHA DO FILME: O GERMINAL

ARAPIRACA - AL

2019

        Sob produção de Claude Berri, O Germinal é um filme ambientado na França, que aborda as relações de trabalho no fim do século XIX, especificamente, o trabalho explorador nas indústrias de mineração de carvão, onde o contexto histórico trazido com a trama é o da Revolução Industrial, de forma a atrelar tal conjuntura com o sistema capitalista e suas características de produção, trazendo uma compreensão de como esses fatores se reproduziam sem haver no mínimo um questionamento. A partir dessa perspectiva são levantadas questões acerca do processo de produção que visa a acumulação de capital, às custas da exploração de muitos indivíduos que são trazidos como uma classe social: o proletariado.

        As cenas iniciais do curta retratam a chegada do personagem Etienne Lantier a uma mina de carvão em Voreux, em busca de um emprego, já que o mesmo havia sido demitido da anterior ocupação. Ao chegar na mina, Etienne aborda Boa Morte, personagem que trabalha nas minas desde antes dos seus 8 anos, até sua idade atual nessa ambientação, na qual ele havia 58 anos. Devido a esse longo tempo em contato com o carvão e outras substâncias insalubres, percebe-se inicialmente que apesar de não estar em uma idade tão avançada, Boa Morte possui sérios problemas de saúde, que são introduzidos ao público na cena em que ele tosse carvão pois seu organismo possui muito desse resíduo e o novo trabalhador confunde esse material com sangue.

        Apesar de grande parte dos funcionários trabalharem desde pequenos ou há muito tempo na mineradora, Etienne ao questionar Boa Morte sobre o dono da indústria, não obtém uma resposta assertiva, já que devido a alienação do trabalho exercida pelo sistema capitalista, concomitante ao modo de liderança dos “patrões”, os trabalhadores não sabiam ao certo o que produziam, para onde essa produção iria e nem tinha acesso ao produto final produzido. O único contato estabelecido era com o senhor Hennebeau que era encarregado da contratação, arrecadação e pagamentos dos trabalhadores.

Um dos trabalhadores possuia em sua composição familiar, um total de 10 pessoas, ou seja, 10 pessoas para alimentar e garantir a sobrevivência diária. Porém, o mesmo trabalhador, recebe seu salário atrasado e se mantém ao menos conivente com determinada situação, já que havia uma baixa expectativa de que uma mobilidade social fosse efetivada. Os indivíduos não possuíam alimentação suficiente para a grande e exaustiva jornada de trabalho, porém, por acreditar que o sistema social é assim e que se deve lidar apenas com as consequências dos atos, aceitavam as péssimas condições e não as refutavam quando eram impostas pelo patrão.

Como não havia muitas ofertas de emprego, o fato de estar trabalhando mesmo que em condições totalmente desumanas e precárias, o trabalho era considerado como uma saída para a miséria ainda mais agravada, seria melhor passar por essa situação do que passar pela miséria sem receber ao menos poucas moedas que recebiam pelo trabalho realizado nas minas.

Entre as cenas de trabalho dos mineradores, uma mulher que trabalhava no mesmo ambiente morre e a forma como a produção retrata as relações dos indivíduos com a morte de pessoas próximas, mostra como havia uma desumanização da pessoa humana, onde  era rapidamente substituída por um outro trabalhador, já que havia a necessidade de a indústria continuar funcionando incessantemente nessa lógica capitalista.

Apesar de trazer condições de trabalho totalmente insalubres, os “patrões” sempre afirmavam que já estavam oferecendo muitos benefícios, ao proporcionar casa e um pagamento totalmente não condizente com a realidade do trabalho. Dessa forma, é vista uma grande ferramenta de alienação, na qual mesmo que a burguesia detentora dos meios de produção já possuísse muito capital acumulado, a mesma afirmava estar falindo e que não tinha condições de aumentar o pagamento, pois a indústria viria à falência e para os trabalhadores estas palavras significavam ter mais medo ainda de se manifestar contra a exploração, pois se eles perdessem seus empregos, seria pior do que a realidade que já enfrentavam.

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