Trabalho de Gnosia Peumus Boldus
Por: Diesey Scardin Perin • 12/12/2020 • Relatório de pesquisa • 2.091 Palavras (9 Páginas) • 406 Visualizações
Alunos: Débora Chaves
Diesey Elen Scardin Perin
Gabriel Putton
PEUMUS BOLDUS - Boldo-do-chile
2ª parte - As perguntas abaixo, devem ser discutidas com base na literatura, visando analisar criticamente os fitoterápicos disponíveis no mercado e gerar subsídios para o desenvolvimento de uma nova formulação.
- Como pode ser realizado o controle de qualidade da droga vegetal utilizada na produção do medicamento?
Pode ser utilizado a cromatografia de camada delgada para identificar a boldina. Como revelador, há a possibilidade de usar o Reagente de Dragendorff, o reagente de Gibbs, ou a solução de iodobismutato de potássio. Já a quantificação de boldina pode ser feita por Cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), deve haver no mínimo 0,1% deste composto.
- Quais extratos são utilizados na produção? São utilizados extratos padronizados?
Sim, são utilizados extratos padronizados. A farmacopéia brasileira 6º edição preconiza que extrato seco de Peumus boldus Molina, deve conter, no mínimo, 0,1% de alcalóides totais expressos em boldina e no mínimo, 1,5% de óleo volátil. Alguns países ainda exigem a ausência do óleo essencial tóxico, ascaridol.
3) O extrato utilizado favorece a extração de todos os princípios ativos? Algum método alternativo pode aumentar a concentração dos princípios ativos desta planta ou diminuir seus efeitos colaterais?
Sim, porém a depender do método de extração (como por ultrassom ou por maceração), deve haver a variação da temperatura para o melhor aproveitamento de cada princípio ativo. Sim, há a extração por ultra-som, a qual obtém-se maior teor de flavonóides e maior atividade antioxidante, já a extração por maceração favorece maior teor de sólidos solúveis e boldina, no entanto a concentração de flavonóides é menor. Enquanto que a extração por Soxhlet favorece maior concentração de sólidos solúveis e maior teor de boldina.
- A planta possui um bom marcador químico? Ele é facilmente adulterado? Pode se degradar? É o princípio ativo?
A Peumus boldus Molina possui como marcador químico a boldina, um alcaloide isoquinolínico, que por sua vez, também é o principal responsável pela atividade terapêutica (biológica/farmacológica) da planta (colerético e colagogo), sendo assim, o princípio ativo da mesma. Não foram encontrados relatos na literatura de adulteração do marcador boldina, todavia, a identificação do Peumus boldus Molina é necessária, a fim de evitar adulterações da matéria-prima vegetal, uma vez que o Plectranthus barbatus Andrews, popularmente conhecido como boldo-brasileiro ou falso-boldo é muitas vezes utilizado como adulteração/substituição do Peumus boldus Molina. A boldina, pode sofrer eventualmente degradação durante a extração envolvendo calor, todavia esta é relativamente muito baixa, sendo assim, este alcalóide é estável a temperaturas elevadas e a outras condições.
- Os princípios ativos desta planta são estáveis,nas formulações encontradas? Pode se degradar durante a extração?
A boldina, princípio ativo da Peumus boldus, é estável sob diversas condições, não sofre degradação sob hidrólise alcalina e hidrólise ácida, além disso, o composto pode ser degradado durante a extração envolvendo calor, porém a sua perda é baixa (cerca de 6%).
- É relatado na literatura algum tipo de sinergismo entre os compostos da planta? Tem mais de uma classe de princípios ativos?
Sim, na composição química das folhas de Peumus boldus contém carvacrol (também chamado de cimofenol), a essa substância atribui-se atividade bactericida que é potencializada por meio do sinergismo existente com o p-cimeno, um dos principais componentes do óleo essencial do boldo-do-chile. O p-cimeno possui baixa capacidade bactericida, sua ação é desestabilizar a membrana plasmática dos patógenos, e assim, deixando-os mais suscetíveis a ação do carvacrol.
- Quais os pontos positivos e negativos são encontrados na bula dos fitoterápicos?
Os pontos negativos são que em todas as bulas analisadas do Peumus boldus Molina e suas associações, há ausências de algumas informações técnicas, como a farmacocinética e a farmacodinâmica, sendo estas de grande valia, a fim de elucidar o local e tempo de absorção do princípio ativo, a descrição da metabolização e biotransformação dos compostos, ligação com proteínas plasmáticas, solubilidade, meia-vida e vias de excreção. Além disso, há deficiência de informações relacionadas ao mecanismo de ação e interações medicamentosas, todavia, é compreensível, visto que a ascensão dos medicamentos fitoterápicos ainda é recente e são necessários mais estudos para a compreensão detalhada do fitoterápico.
Os pontos positivos, são que mesmo havendo certa ausência de informações mais técnicas nestas bulas, estas ainda oferecem um vasto conjunto de especificações, indicações, precauções e advertências, como “nome científico da espécie da(s) planta(s)”; “nome popular da(s) planta(s)”; “composição”; “parte utilizada da(s) planta(s)”; “para que o medicamento é usado”; “modo de usar”; entre outros.
- A posologia é adequada? Está de acordo com a meia-vida dos princípios ativos, sua biodisponibilidade e dose necessária para o efeito farmacológico esperado?
Segundo Saad et al. (2016), a posologia recomendada para o extrato seco de P. boldus é de 400 mg/dia. Assim, analisando outros dados levantados, como bulas de medicamentos fitoterápicos baseados no extrato seco desta espécie (BOLDO HERBARIUM e Boldine®), encontrou-se a posologia em torno de 100 a 125 mg em até 3 vezes ao dia, ou segundo critério médico. Desta forma, relacionando tais dados ao encontrado na literatura, estes estão corroborados. Ainda, não foi possível relacionar a posologia de P. boldus a sua meia-vida, devido à escassez de estudos clínicos sobre o assunto. Entretanto, Jiménez & Speisky (2000) realizaram estudos sobre a meia-vida da boldina em modelos experimentais in vivo e in vitro. De acordo com este estudo, a boldina apresenta meia-vida em cerca de 18 minutos in vitro e 30 minutos in vivo.
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