SN e Álcool
Por: Dieny02 • 13/5/2015 • Artigo • 1.920 Palavras (8 Páginas) • 462 Visualizações
ÁLCOOL E SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Fisioterapia 3º Período – Neuroanatomia
Profª Juliana Ribeiro
Dieny Correa de Barros
Duilio Rangel Lopes de Andrade
Euzimar Fabíola Neves Nyenhuis
Carla Nicole D’almeida Parente
Rafaela Gomes
RESUMO: Partindo do pressuposto que o álcool é uma droga. A prevenção do seu uso nos induz a uma atitude responsável, levando em consideração que se trata de um problema complexo que envolve fatores multicausais, e não é por meio de somente um tipo de ação que vamos encontrar saídas para esse fenômeno. A utilização dessa droga causa uma série de alterações agudas e crônicas no sistema nervoso como um todo. O cérebro sofre e os nervos periféricos, também. O comprometimento agudo e imediato da função de algumas regiões podem levar anos gerando alterações estruturais irreversíveis podendo levar a demência, neuropatia periférica, entre outros problemas. Durante muito tempo se definiu a escola como base de orientação da prevenção do uso de drogas lícitas e ilícitas, porém essa realidade vem sendo modificada por diversos fatores, entre eles a ineficiência do repasse da informação, geralmente o enfoque é repressivo e voltado para grupos específicos e acaba não contribuindo para a mudança da concepção da sociedade sobre os diversos aspectos relativos ao tema.
PALAVRAS-CHAVE: Promoção da Saúde, Alcoolismo, Doença, Políticas Públicas e Reinserção Social.
INTRODUÇÃO
O álcool age negativamente no sistema nervoso por diversas vias. Destrói diretamente células, conexões e redes inteiras, envelhece precocemente e pode atrofiar o cérebro, potencializa traumas na região da cabeça e bloqueia a absorção de algumas vitaminas fundamentais para o bom funcionamento do cérebro como a vitamina B1 (tiamina), vitamina B3 (niacina), B6 (piridoxina) e principalmente a vitamina B12 (cianocobalamina).
O álcool vicia psíquica e fisicamente, a pessoa necessita cada vez mais da substância para ter tranquilidade e sentir-se próximo do seu normal, ou que julga “o seu normal”. Quando um viciado fica sem sua droga surgem sempre sintomas de abstinência: irritabilidade, taquicardia, pressão alta, excitação psíquica, confusão mental e até alucinações. Neste momento é fundamental a intervenção médica para preservar a saúde do paciente e ajudá-la na transição para a cessação do etilismo.
O álcool causa alterações no SNC que podem variar desde agitação ao coma. Sabe-se que seus efeitos inibitórios decorrem de sua ação antagonista ao receptor NMDA (N-Metil-D-Aspartato) de Glutamato (principal neurotransmissor excitatório) e à potencialização dos receptores GABA (principal neurotransmissor inibitório).( Tissiana M. de Haes- Medicina (Ribeirão Preto) 2010;43(2))
O uso de drogas é fenômeno mundial e seu abuso é considerado problema de saúde pública. No Brasil, a exemplo do que ocorre em outras nações, levantamentos epidemiológicos realizados em diversos segmentos da sociedade demonstram que o uso de substâncias psicoativas é elevado. As consequências advindas do uso e abuso são preocupantes, exigindo esforços e ações de toda ordem para diminuir o impacto na saúde, na segurança e na economia. Diante desses fatos, a informação fornecida pela Organização Mundial da Saúde de que 70% dos indivíduos que têm problemas de abuso de álcool e 63% daqueles que utilizam outras drogas estão empregados não causa surpresa. Dentre as lícitas, o álcool e o tabaco são as de maior destaque nos estudos epidemiológicos nacionais e internacionais, sendo o álcool a principal droga em termos de consumo e efeitos nocivos nos quadros de abuso e dependência.
De fato a interação do álcool com receptores GABAA pode explicar os efeitos ansiolíticos observados pelo seu uso. Inicialmente, ao ser administrado, ou quando utilizado em baixas doses, o álcool promove desinibição comportamental, tornando o indivíduo mais falante, ou aumentando a locomoção em animais7,13,14. Doses elevadas ou continuidade na administração do álcool leva, ao contrário, a depressão do SNC, evidenciado por sonolência, ataxia e hiporreflexia13. Tal efeito depressor do SNC justifica o grande número de acidentes de trânsito relacionados com elevados níveis de alcoolemia. (Elias Turcatel - Rev Neurocienc 2012;20(3)
Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde, droga é qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento. Neste trabalho enfatizaremos a alteração no funcionamento cerebral, causando modificações no estado mental e neurológico do indivíduo. As consequências neurais do uso e abuso do álcool é tão alarmante que a substancia foi incluída como passível de provocar dependência, na Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão (CID-10), em seu capítulo V (Transtornos Mentais e de Comportamento. Um do alavancadores desses números é justamente a classificação desta droga como lícita. Há diversas formas de classificar as drogas porém por interesse didático utilizaremos a que se baseia nas ações aparentes das drogas sobre o Sistema Nervoso Central (SNC), conforme as modificações observáveis na atividade mental ou no comportamento da pessoa que utiliza a substância: drogas DEPRESSORAS da atividade mental; drogas ESTIMULANTES da atividade mental; drogas PERTURBADORAS da atividade mental.
Em meio a tudo isso o indivíduo utiliza alguns mecanismos de defesa como forma de blindar sua fraqueza – são eles:
Negação: consiste no bloqueio de percepções reais, ou seja, inconscientemente o indivíduo nega a realidade como proteção do sofrimento. Racionalização: tenta justificar um comportamento, atitude, ação, idéia ou sentimento considerado “não recomendado”, com explicações lógicas, consistentes e racionais aceitáveis.
Projeção: consiste em atribuir a alguém limitações, desejos, pensamentos e dificuldades que o indivíduo não aceita conscientemente como suas.
Efeitos crônicos do consumo de álcool etílico O álcool pode provocar complicações clínicas nos vários sistemas do corpo humano, sendo o Sistema Nervoso Central um dos mais afetados.
O álcool é classificado como um depressor do Sistema Nervoso Central e a longo prazo pode levar ao desenvolvimento de várias doenças. A pessoa pode apresentar um quadro progressivo de dor e alterações na sensibilidade dos membros inferiores e superiores, bem como fraqueza motora, conhecida como Neuropatia Periférica, relacionada ao alcoolismo. Com o consumo crônico de bebidas alcoólicas associado à desnutrição e à carência de vitaminas do complexo B (em especial a Vitamina B1), pode ocorrer um devastador quadro clínico caracterizado pela perturba- ção do equilíbrio, desorientação no tempo e no espaço, confusão mental e paralisia de músculos oculares. Este quadro é conhecido como Síndrome de Wernicke. Caso este quadro não seja tratado de forma adequada, a evolução para um quadro de grave e persistente prejuízo da memória e da orientação, conhecido como Síndrome de Korsakoff, pode se instalar. Outra doença associada ao uso crônico do álcool é a Síndrome Demencial Alcoólica, que consiste na atrofia global do cérebro, grandes prejuízos da memória, da atenção, da orientação no tempo e no espaço, muito semelhante clinicamente ao da Demência de Alzheimer. Outros problemas neurológicos, conhecidos como Síndrome de Marchiafava-Bignami e Mielinólise Central Pontina, também podem se instalar em pacientes dependentes graves de álcool, com desnutrição crônica inadequado tratamento médico. A Síndrome de Marchiafava-Bignami apresenta uma evolução devastadora caracterizada por rápido prejuízo da memória e da orientação, presença de idéias delirantes e alucinações e grave prejuízo da marcha e controle muscular. Apesar de rara, esta síndrome é subdiagnosticada. A Mielinólise Central Pontina pode ocorrer em várias situações clí- nicas. Entre pacientes alcoolistas desnutridos, este grave problema pode aparecer quando a equipe médica faz uma reposição rápida de sódio para tentar corrigir alterações hidro-eletrolíticas pré-existentes. Lesões no tronco cerebral podem surgir, e o paciente pode apresentar dificuldades na articulação das palavras e na deglutição dos alimentos, além de grave prejuízo da força muscular e da consciência. Uma evolução devastadora não é incomum.
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