Atuação fonoaudiologica em cirurgia ortognática
Por: Victória Bastos • 17/10/2018 • Trabalho acadêmico • 1.954 Palavras (8 Páginas) • 420 Visualizações
Trabalho da disciplina Ortodontia e Ortopedia Facial:
Atuação fonoaudiológica em cirurgia ortognática
Rio de Janeiro
2018.
A cirurgia ortognática consiste no procedimento cirúrgico para tratamento das deformidades dento esqueléticas, visando à correção da deficiência funcional, equilíbrio das funções estomatognáticas, harmonia das estruturas anatômicas, acarretando em modificações estéticas no paciente.
O desenvolvimento buco facial é geneticamente pré-determinado, e alterações entre tamanho e forma dento-ósseas irão refletir o padrão buco facial do individuo.
O crescimento maxilomandibular é um processo lento e gradual, e em alguns momentos a maxila e mandíbula podem se desenvolver em diferentes níveis entre si. Os resultados podem ser problemas que afetam a função mastigatória, a fala, a saúde bucal e a aparência.
Quando o paciente apresenta alterações de crescimento dos ossos maxilares, problemas graves de maloclusão. Algumas condições que podem indicar a necessidade da cirurgia ortognática são: Dificuldade de mastigação, problemas de fala, dor maxilomandibular crônica, apinhamentos dentários excessivos, dificuldade de abertura bucal, mordida aberta, falta de harmonia da aparência facial, injúrias faciais ou defeitos congênitos, mento retraído, mandíbula protuída, dificuldade de manter os lábios em contato sem esforço, respiração bucal crônica com xerostomia, apneia do sono.
A cirurgia ortognática é um método eficiente para corrigir as desproporções maxilomandibulares, promovendo equilíbrio entre as funções estomatognáticas e a harmonia entre as estruturas anatômicas.
O fonoaudiólogo é um dos especialistas que estão envolvidos no atendimento de pacientes indicados a cirurgia ortognática. Seu papel junto à̀ equipe de cirurgia é importante, procura ajudar na reorganização neuromuscular necessária para a execução harmônica das funções estomatognáticas após a correção da forma.
Portanto, nota-se que para conseguir um bom prognostico é essencial que o fonoaudiólogo integre a equipe interdisciplinar.
Algumas alterações fonéticas podem ocorrer na fala desses pacientes, os mesmos devem se tratar com uma equipe multidisciplinar, formada pelo ortodontista, cirurgião bucomaxilofacial, fonoaudiólogo, entre outros.
Em relação ao trabalho do fonoaudiólogo, esse profissional deve estar presente desde a fase do diagnostico, na qual devem identificar alterações miofuncionais orais que possam prejudicar o resultado obtido pela ortodontia e pela cirurgia.
A orientação e o tratamento com o profissional diminuem os riscos de recidivas, o fonoaudiólogo atua em três períodos distintos: pré-operatório; período de bloqueio maxilomandibular ou o período determinado pelo cirurgião como repouso da atividade mastigatória (35 a 60 dias); após a retirada do bloqueio, ou após o período de repouso da mastigação.
No período pré-cirúrgico, as orientações são dadas entre um a três meses antes da cirurgia e visam desenvolver a percepção dos mecanismos e padrões musculares corretos envolvidos no repouso e nas funções orais. Essas informações são importantes para o período pós-cirúrgico, pois nesse período os impulsos aferentes sensitivos são enviados ao sistema nervoso central, criando um novo sistema proprioceptivo.
A anamnese tem o principal objetivo de visualizar o paciente em sua totalidade. Serão colhidas informações de sua história médica e também dados relevantes quanto ao motivo da consulta, estético e/ou funcional e suas expectativas. A entrevista inicial também deve destacar dados relativos às funções do sistema estomatognático. Pesquisando sinais e sintomas de desordens temporomandibulares (DTM), focando as possíveis adaptações e/ou alterações, assim como o grau de severidade.
Os hábitos orais deletérios como a sucção digital, também devem ser analisados, pois alguns pacientes mantêm o hábito mesmo na idade adulta. Os hábitos mais frequentes que envolvem a mastigação, relacionados geralmente ao quadro de DTM, são: o apartamento dentário, o bruxismo, o costume de morder lábios, língua, objetos, o hábito de mascar chicletes e a onicofagia. Entretanto, deve ser pesquisada também a frequência e o nível de força muscular empregada.
Quanto à fala, é examinada a presença de dificuldades articulatórias, tendo em vista a alta frequência das alterações fonéticas relacionadas ao ponto e ao modo de articulação dos fones. É importante também se atentar aos dados de saúde geral do paciente, como antecedentes pessoais e familiares (relativos à deformidade apresentada) e tratamentos ortodônticos, fonoaudiólogicos, medicamentosos e/ou cirúrgicos já realizados.
O exame fonoaudiológico é baseado na observação do indivíduo do ponto de vista estático, aspectos da anatomia, morfologia e postura das estruturas orofaciais e dinâmicas, durante a realização das atividades funcionais. O principal objetivo é identificar desequilíbrios importantes que podem interferir negativamente na cirurgia. Também deve haver inspeção da orofaringe focando no estado das amígdalas, observando se elas se encontram hipertrofiadas.
Há várias patologias que impedem o trânsito do fluxo aéreo nasal e em função disso, a respiração já deve ser avaliada durante a anamnese quanto ao tipo, modo e coordenação pneumo-fono- articulatória, avaliando também se a respiração é silenciosa ou ruidosa. A voz do paciente também deve ser avaliada, por causa da intimidade fisiológica existente entre as funções orais e a voz (o aparelho fonador abrange as estruturas do sistema estomatognático). Focando em itens como: qualidade vocal, intensidade, altura, e, principalmente, ressonância e projeção vocais. A medição da abertura bucal também é fundamental, considerando a medida interincisal em virtude de alcançar um parâmetro de comparação entre o pré e o pós-operatório, depois da retirada do bloqueio maxilomandibular.
Além do que já foi citado, são investigadas características posturais da cabeça, do pescoço, dos ombros e dos órgãos fonoarticulatórios, tanto na realização das funções estomatognáticas, como na posição de repouso.
Determinadas as alterações miofuncionais, através dos procedimentos de entrevista e exame do sistema estomatognático, o paciente deve ter atendimento fonoaudiológico. A terapia pré-operatória terá como meta o fim das alterações fonoarticulatórias, que podem ser tratadas mesmo sem a correção da forma. A eliminação de hábitos orais deletérios, hábitos posturais inadequados e o encaminhamento a profissionais de especialidades correlacionadas devem acontecer nesse período.
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