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O Estágio em Linguagem Infanto-juvenil

Por:   •  28/7/2020  •  Trabalho acadêmico  •  4.358 Palavras (18 Páginas)  •  353 Visualizações

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IDENTIFICAÇÃO - Curso de Fonoaudiologia

Disciplina:

Estágio em Linguagem Infantojuvenil

Semestre:

2020/01

Professor:

Viviane Medeiros Pasqualeto

Aluna:

Bianca Weber

Turno:

Manhã

Revisão Bibliográfica

Afasia adquirida com epilepsia [síndrome de Landau-Kleffner] – CID 10 - F80.3

        O objetivo desta pesquisa foi identificar, descrever e analisar os artigos científicos que apresentassem informações sobre a linguagem na Síndrome de Landau-Kleffner. Foi realizada uma revisão bibliográfica na base de dados do portal Scielo nos idiomas português, inglês e espanhol, de artigos publicados entre 1997 e 2019 que constavam no título “Landau-Kleffner”. Foram encontrados nove artigos, sendo que destes, cinco foram excluídos após a leitura do resumo, por não apresentarem dados de interesse para o estudo.

        Conforme a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, CID-10, 10ª revisão, a SLK (Síndrome de Landau-Kleffner ) é um transtorno no qual a criança, tendo feito anteriormente progresso normal no desenvolvimento da linguagem, perde tanto a habilidade de linguagem receptiva quanto expressiva, mas mantém uma inteligência normal; a ocorrência do transtorno é acompanhada de anormalidades paroxísticas no EEG, e, na maioria dos casos, há também convulsões epilépticas.

        Usualmente, o início se dá entre os três e os sete anos, sendo que as habilidades são perdidas no espaço de dias ou de semanas. A associação temporal entre o início das convulsões e a perda de linguagem é variável com uma precedendo a outra (ou inversamente) por alguns meses a dois anos. Tem sido sugerido como possível causa deste transtorno um processo inflamatório encefalítico. Cerca de dois terços dos pacientes permanecem com um déficit mais ou menos grave da linguagem receptiva.

        Paulo Breno Noronha Liberalesso et al. (2008) realizaram um estudo de caso um menino de 3 anos, com atraso na aquisição da fala, agitação psicomotora e distúrbio do sono. Na família, não há nenhum caso de epilepsia ou qualquer outro distúrbio neurológico grave.

        A criança teve um desenvolvimento motor normal, porém os dois anos e dois meses foi encaminhada (pelo pediatra) à terapia fonoaudiológica por atraso na aquisição da fala. No momento do primeiro exame neurológico, com três anos e dois meses de idade, esta apresentava fala e gritos monossilábicos. Seu discurso não era significativo até para seus parentes. Ele usou gestos e apontou para objetos tentando se comunicar. Seu comportamento era muito agitado, impaciente, independentemente, houve momentos de agressividade e apresentou muita dificuldade para estabelecer contato social com outras crianças da mesma idade.

        A síndrome de Landau-Kleffner sem convulsões foi suspeita clinicamente e, uma semana depois, foi aprovada pelo exame neuro-fisiológico (ou seja, teste EEG). A ressonância magnética cerebral e os potenciais evocados auditivos do tronco cerebral foram normais.

        Foi então iniciada a carbamazepina na dose de 10 mg / kg / dia BID. Após três meses de tratamento, a criança voltou à avaliação, apresentando melhora substancial na fala, com melhora significativa do comportamento do sono e na interação social.

        Várias teorias tentam explicar o processo de aquisição da fala na infância. Como Skinner sugere em sua teoria comportamental que a fala seria adquirida através do ensino, sendo então um comportamento condicionado, Chomsky sugere que a linguagem oral seria determinada geneticamente. Embora a aquisição da linguagem verbal e não verbal dependa do contato social desde os primeiros meses de vida, é inegável o papel da integridade estrutural e funcional de inúmeros circuitos neuronais no córtex cerebral (Rocha AF, 1999).

        Fontoura DR et al. (2005), referem que os distúrbios da fala de expressão e recepção são relativamente comuns em crianças com diferentes síndromes epilépticas, principalmente naquelas que têm foco epileptogênico envolvendo regiões posteriores e / ou frontais temporais no hemisfério cerebral dominante.

        Na "apresentação clássica" do LKS, com crises epilépticas, o tratamento visa idealmente o controle simultâneo de crises, controle de distúrbios comportamentais e reabilitação da linguagem (CD de Binnie, 2003). Porém CD de Binnie (2003) relata que há as descargas epileptiformes no qual podem ocorrer em pessoas sem epilepsia, chamadas de descargas subclínicas. Esta caracteriza-se pelos sujeitos apresentarem sinais de disfunção cognitiva durante as descargas, quando avaliadas por testes psicométricos, e esse fenômeno é conhecido como comprometimento cognitivo transitório. Em crianças e adolescentes, o comprometimento cognitivo transitório pode estar associado a distúrbios comportamentais e comprometimento das funções psicossociais.

        Laporte et al. (2002) analisaram a influência das descargas subclínicas na cognição em indivíduos com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade que nunca tiveram crises epilépticas e concluíram que o uso de drogas antiepilépticas melhorou significativamente os aspectos cognitivos nessa população. Os autores sugerem que o princípio do tratamento com drogas antiepilépticas, limitado a pacientes com crises epilépticas, deva ser revisto. Da mesma forma, Nicolai J et al. (2006) nos informam que distúrbios comportamentais, dificuldades escolares e atraso na aquisição da fala podem estar presentes em crianças com síndromes epilépticas benignas específicas, estabelecendo uma relação provável com a presença de descargas subclínicas (descargas interictais principalmente durante o sono).

        Desta forma, este estudo sugere que existe uma relação íntima entre as alterações funcionais no córtex cerebral afetadas pelas descargas interditas e o distúrbio da linguagem verbal. Sendo assim, propõe que crianças com altas epilépticas na área da fala, mesmo sem crises epilépticas, possam ser favorecidas com o tratamento medicamentoso antiepiléptico.

        Outro estudo de caso foi realizado por Karla M.N. Ribeiro et al. (2002), no qual o objetivo foi relatar uma criança com doença neurológica (SLK) diagnosticada como um distúrbio psiquiátrico (RA) e discutir as características clínicas e achados de exames complementares, que podem ser usadas para estabelecer um diagnóstico diferencial entre estas duas síndromes.

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