A Hanseníase
Por: erlonvinicius • 10/11/2017 • Resenha • 699 Palavras (3 Páginas) • 445 Visualizações
Patologia
1. Microbiologia
A Hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae (Ml). Sua morfologia é a de bastonete reto ou levemente encurvado. São bactérias estritamente aeróbias, fracamente gram-positivas (bactérias que apresentam parede celular composta por maior parte de peptidioglicano, ou seja, apresentam maior parte de sua parede celular composta por um ou poucos tipos de macromoléculas. Ao contrário das bactérias Gram-negativas, que apresentam variados tipos de macromoléculas), não possui flagelos, não formam cápsulas, não produzem esporos e nem toxinas. O Ml possui uma temperatura ótima de 30ºC, o que faz com que este prefira áreas “mais frias” do corpo humano. Este também não pode ser cultivado em meio sintético, desta forma, aparenta ser um patógeno intracelular obrigatório que tem o macrófago como seu hospedeiro. (TRABULSI, 2008)
2. Neurotropismo do Bacilo de Hansen
O Ml é a única micro bactéria, dentre as conhecidas que possui a capacidade de invadir a célula de Schwann do sistema nervoso periférico (SNP). É possível que o Bacilo de Hansen (BH) seja levado para a célula de Schwann pelos macrófagos. Outra possibilidade é a de que o BH seja conduzido à célula neural por via de capilares, linfáticos (primariamente) e sanguíneos (posteriormente), intraneurais. (TRABULSI, 2008)
Estudos demonstram
Os fatores que são vantajosos para que a Ml ter selecionado a célula de Schwann como nicho: (1) na célula o BH permanece protegido contra os mecanismos de defesa do hospedeiro; (2) a célula de Schwann é incapaz de destruir os patógenos, permitindo a multiplicação do BH; (3) a barreira sanguínea do nervo impede o acesso de vários medicamentos na célula de Schwann, permitindo, ainda mais, a multiplicação do bacilo. Mecanismos de entrada do BH na célula-axonal de Schwann: (1) penetração ativa, apesar da incapacidade locomotora, o Ml possui habilidade para atravessar o endotélio e o tecido conectivo por via da endoneuro e invadir a célula de Schwann; (2) o simples contato do Ml com a unidade celular-axional de Schwann é suficiente para que ele seja absorvido (através de um glicolipídio fenólico, o PGL-1, que se liga a um receptor da célula de Schwann, o receptor alfa-destroglicana e lamina alfa-2 da membrana basal, e possibilita a entrada o BH na célula de Schwann). (TRABULSI, 2008)
É importante salientar que: o acometimento neural ocorre em todas as formas e grupos de Hanseníase, que serão descritos posteriormente, independente do estado imunológico do doente. (TRABULSI, 2008)
3. Transmissão
Aparentemente, a transmissão do Ml se dá pelas vias aéreas superiores, onde a mucosa nasal possui papel central. Pacientes com lepra multi bacilar representam a principal fonte de infecção, através da disseminação de uma enorme carga bacilar para o meio. A doença é transmitida entre pressoas pelo convívio de susccceptíveis e doentes. Novamente, a infecção propriamente dita parece envolver principalmente a mucosa nasal, e muitas vezes é influenciada pela integridade da mesma, onde pequenas lesões geradas por condições climáticas e infecções respiratórias facilitam o estabelecimento da infecção. Em uma minoria de indivíduos infectados, entretanto, ocorre a propagação de bacilos para nervos periféricos e pele, onde sçao fagocitados por células de Schwann e macrofágos. Ainda, avalia’se a possibilidade do envolvimento da pele na entrada e saída da bactéria, já que a manifestação do patógeno é evidente neste tecido. Entretanto, não há evidências consistentes que suportem a possibilidade de penetração do bacilo na pele intacta, abrindo margem para a avaliação da existência de vetores de transmissão, como artrópodes.A principal forma de contágio da doença é inter-humana, com maior risco no relacionamento domiciliar com o doente portador do BH virgem de tratamento, através das vias aéreas superiores ou áreas da pele (ou, também, mucosas) erosadas de qualquer área do tegumento. Há outras formas eventuais de contágio, como, transmissão por artrópodos; ingestão de carne de algum hospedeiro com o a BH, como o tatu (algo como comum no estado do Mato Grosso); tatuagens, escoriações ou incisões com objetos de doentes multibacilares. (FMUSP, 2009)
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