CONTEÚDO DE VITAMINA C no suco de frutas: proposta de atividade experimental

TEOR DE VITAMINA C EM SUCOS DE FRUTAS: UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE EXPERIMENTAL

VITAMIN C VERIFICATION IN FRUIT JUICES: A PROPOSAL OF EXPERIMENTAL ACTIVITY

Adriano Lopes Romero1, Expedito Leite da Silva2, Neide Maria Michellan Kiouranis3

1UniversidadeIEstadual de Campinas/Programa de Pós-Graduação em Química, [e-mail]

2Universidade Estadual de Maringá/Departamento de Química, [e-mail]

3Universidade Estadual de Maringá/Departamento de Química, [e-mail]

Resumo

Este artigo apresenta aspectos científicos, históricos e cotidianos da vitamina C, procurando explorar os conceitos químicos de uma forma contextualizada. No desenrolar do artigo é descrita uma maneira simples para determinar o teor de vitamina C em sucos de frutas utilizando materiais e reagentes de baixo custo e facilmente encontrados. Trata-se de um experimento que pode ser realizado em qualquer escola de ensino médio, englobando conhecimentos químicos de diferentes dimensões. O processo investigativo permitiu constatar que o teor de vitamina C, praticamente não se alterou no decorrer de dois dias, possibilitando um novo olhar sobre suas propriedades e aplicações em situações da vida cotidiana.

Palavras-chave: atividade experimental; vitamina C; contexto.

Abstract

In this article presents scientific, historical and daily aspects of the vitamin C, trying to explore chemical concepts in a contextualized way. We describe a very simple method for determination of vitamin C in fruit juices, using low-cost reagents and materials, usually available in brazilian high-school laboratories. This experiment can be accomplished in any high-school, including chemical knowledge of different dimensions. Besides, the investigative process allowed to verify that the vitamin C contents, practically didn’t change, in elapsing of two days, and it could make possible a new way of looking on its properties and applications in daily life situations.

Keywords: experimental activity, vitamin C, context.

1. INTRODUÇÃO

O tema vitamina C pode ser utilizado no Ensino Médio para contextualizar vários conceitos de química, dentre eles estão mais evidentemente expostos neste trabalho, a estereoquímica, relação entre estrutura-propriedade química e cálculos químicos utilizando relações simples (raciocínio proporcional).

Na abordagem do tema para uma aprendizagem ativa e significativa, é fundamental que as atividades sejam elaboradas para provocar a especulação, a construção e a reconstrução de idéias. Nessa perspectiva, as possibilidades geradas dessa temática podem servir simultaneamente à várias finalidades, sendo uma delas, a ênfase nas previsões que os alunos podem fazer, nas discussões sobre os fundamentos da evolução dos conteúdos conceituais envolvidos, compreendendo as implicações teóricas e práticas da ciência como construção humana.

O tema vitamina C pode apresentar-se como ferramenta útil para reconhecer o papel da química no sistema produtivo, industrial e rural, bem como as relações entre o desenvolvimento científico e tecnológico da química e aspectos sócio-político-culturais. Ainda na perspectiva dos dados quantitativos, contempla o desenvolvimento de procedimentos, atitudes e valores, por meio de estimativas e medidas, que possibilitam a compreensão das relações proporcionais, classificações e outras correspondências presentes nos dados experimentais (PCN, 2000).

A primeira parte do artigo traz uma breve revisão sobre a história da vitamina C, suas principais propriedades e estabilidade em sucos de frutas e outros alimentos. Na seqüência, descreve uma atividade experimental para determinar o teor de vitamina C em sucos de frutas in natura e industrializados, assim como uma discussão dos sucos mais adequados para serem utilizados.

De maneira geral, existem amplas evidências de que quando os alunos se envolvem com experimentos, muitas vezes se queixam da abordagem específica da temática estudada, que deixa de propor tarefas interessantes que permitam a exploração de novas áreas da química. Sob as perspectivas atuais, aprendizagem é um processo dinâmico, no qual quem aprende constrói significados de forma ativa, a partir de experiências concretas. (JONG, 1996 ; IZQUIERDO, 2005).

Tradicionalmente, no ensino experimental de química é dado ênfase ao desenvolvimento de habilidades e ao produto do conhecimento científico. O problema que se coloca agora é o papel do experimento no ensino de química, especificamente, no da vitamina C. Assim, entendemos que as pesquisas realizadas com sucos de frutas conhecidas, trazendo um pouco da história e tentando desmistificar idéias alternativas acerca da estabilidade da vitamina C, possam trazer alguma contribuição que se soma aos resultados de pesquisas já disponíveis que influenciam para a melhoria do ensino de química.

1.1. Alguns aspectos da História da vitamina C

Durante as aventuras transoceânicas, os homens do mar alimentavam-se de carne de charque bovina ou de porco, com pão e rum, não havendo em sua dieta frutas e verduras. Dentro deste contexto surgia o escorbuto comprometendo as articulações e provocando inflamações das gengivas, perdas dos dentes e hemorragias causadas pelo rompimento das paredes dos vasos sangüíneos. O sistema imunológico deteriorava-se e o indivíduo morria, não era incomum perder grande parte da tripulação numa jornada marítima (Aranha et. al., 2001; Leite et. al., 2003; Batista ; Calvário, 2005; Fiorucci et. al., 2003). Entretanto, o escorbuto não afetou apenas as pessoas durante as longas viagens oceânicas, mas também a maioria dos povos do norte europeu que sofriam de escorbuto durante o inverno (FEJES et al., 2003; FIORUCCI et. al., 2003).

No início do século XVIII, pesquisadores observaram que uma boa dieta poderia prevenir o escorbuto, fato que tornou a batata (trazida da América do Sul a partir do século XVII) e os sucos de laranja e limão essenciais para prevenção.(Fiorucci et. al., 2003). O estudo da relação entre a dieta e o escorbuto foi iniciado em 1747 por James Lind, médico da esquadra naval britânica. O estudo de Lind consistiu em tratamentos distintos a seis pares de homens com escorbuto, o único par que mostrou melhoria significativa