Cardiologia ii – doenças do coração
Pesquisas Acadêmicas: Cardiologia ii – doenças do coração. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: LENNYFAZOLO • 13/9/2013 • Pesquisas Acadêmicas • 2.546 Palavras (11 Páginas) • 395 Visualizações
CARDIOLOGIA II – DOENÇAS DO CORAÇÃO
Adib Domingos Jatene é médico cardiologista, cirurgião torácico. Criador de uma técnica cirúrgica que leva seu nome para o tratamento em recém-nascidos e do primeiro coração-pulmão artificial do HC de São Paulo, na área da Bioengenharia esteve diretamente ligado ao desenvolvimento de aparelhos como os oxigenadores e a válvula de disco basculante. Respeitado internacionalmente, foi duas vezes ministro da Saúde do Brasil. A+a-
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Os primeiros anatomistas gregos, quando dissecavam artérias e veias, verificaram que estas ficavam cheias de sangue e aquelas, vazias. Imaginaram, então, que as artérias fossem condutos, ou seja, parte de um encanamento destinado a conduzir o ar para dentro do organismo.
Hoje se sabe que as artérias ficam vazias no cadáver, porque a última batida do coração faz o sangue sair das artérias, ir para as veias e congestionar o fígado. Sabe-se também que o coração é uma bomba que impulsiona sangue arterial, isto é, o sangue oxigenado para o corpo inteiro e manda o sangue venoso carregado de gás carbônico para ser oxigenado nos pulmões e redistribuído pelo organismo.
Nesse mecanismo, as estruturas anatômicas que compõem o coração podem sofrer uma série de alterações que caracterizam as doenças cardíacas.
COMPONENTES DO CORAÇÃO
Drauzio – Quais as principais características fisiológicas do coração?
Adib Jatene – Costumo dividir didaticamente o coração em cinco componentes. O primeiro é o componente muscular, ou seja, a parte que contrai e descontrai e o segundo, o componente valvar composto por quatro válvulas, duas atrioventriculares e duas arteriais, que separam as várias cavidades cardíacas e fazem com que a contração do músculo tenha consequência e o sangue circule.
O terceiro é um sistema automático de condução que gera e conduz o estímulo e que é sensível à mudança de temperatura e de concentração de gás carbônico no sangue, ao esforço físico, etc. Esse componente controla o ritmo cardíaco.
O quarto é o sistema de nutrição, constituído pelas artérias coronárias e o quinto, o sistema nervoso formado por mais ou menos 40 milhões de células situadas principalmente na entrada das veias pulmonares e das veias cavas. Costumo dizer que esse sistema faz o ajuste fino para que o lado direito do coração (que manda sangue para o pulmão) e o lado esquerdo (que recebe sangue do pulmão e manda para o corpo inteiro) tenham exatamente o mesmo débito, pois um desequilíbrio nessa vazão encharcaria o pulmão. Essa é uma das razões pela qual o cardíaco sente falta de ar quando faz esforço.
Esses cinco componentes podem estar comprometidos separada ou conjuntamente, quer dizer, a pessoa pode ter doença no músculo, nas válvulas, nas artérias coronárias, no sistema de condução ou no sistema nervoso, como acontece na doença de Chagas, ou pode apresentar associações desses comprometimentos.
Drauzio – Como esses cinco componentes podem desarticular-se?
Adib Jatene – Como não temos reserva de gás, precisamos fazer o sangue passar pelo pulmão para eliminar gás carbônico e absorver oxigênio. A natureza organizou esse processo da seguinte maneira: o lado direito do coração recebe sangue do corpo inteiro e joga-o no pulmão; o lado esquerdo recebe sangue do pulmão e envia-o para o corpo todo. Um lado é separado do outro por septos, só que o direito trabalha com pressão mais baixa e o esquerdo, com pressão mais alta, já que atua contra uma resistência periférica, haja vista que a pressão que precisa fazer na aorta é quatro vezes maior do que a que o lado direito faz para jogar o sangue no pulmão.
A propósito, vale salientar que hipertensão não é uma doença cardíaca. É uma doença da resistência periférica que obriga o sistema hidráulico a trabalhar numa pressão mais alta.
DOENÇAS CONGÊNITAS DO CORAÇÃO
Drauzio – Em que consistem as doenças congênitas do coração?
Adib Jatene – No útero materno, o pulmão da criança não funciona. Nessa fase, para desenvolver as cavidades esquerdas do coração existem duas comunicações principais: a comunicação interatrial entre o lado direito e esquerdo e o canal arterial entre a aorta e a artéria pulmonar. Quando a criança nasce e respira, o mecanismo de válvula no septo atrial fecha a comunicação interatrial, porque a pressão do átrio esquerdo fica maior. O pulmão começa a funcionar e o canal arterial entra em espasmo, também se fecha e separa os dois lados do coração.
As doenças congênitas são defeitos que ocorrem na vida intrauterina. A criança pode nascer, por exemplo, com comunicação interatrial ou intraventricular, com falta de uma ou mais válvulas ou com um lado do coração hipodesenvolvido. São as chamadas cardiopatias congênitas que, muitas vezes, se exteriorizam no nascimento e que hoje podem ser detectadas ainda no útero da mãe pela ecocardiografia fetal.
Alguns defeitos – e isso as famílias não conseguem entender – não dão demonstrações que permitam o diagnóstico na primeira ou segunda semana de vida. A criança sai bem da maternidade e um mês depois é diagnosticada uma comunicação interventricular. Outras vezes, nasce roxa, cianótica, sinal de que a quantidade necessária de sangue não está sendo oxigenada no pulmão e vai diretamente para a aorta.
Essas doenças representam subespecialidades – a cardiologia pediátrica e a cirurgia cardíaca pediátrica – e há profissionais que só tratam dessas deformidades.
Existe ainda um grupo de pessoas que nasce com o coração normal, isto é, com quatro cavidades, quatro válvulas, aorta saindo do ventrículo esquerdo, a artéria pulmonar saindo do ventrículo direito e lançando sangue no pulmão. São pessoas que adquirem uma doença ao longo da vida como a febre reumática causada por amidalite, uma infecção estreptocócica que compromete as válvulas e traz consequências para a circulação, com estase do pulmão.
Drauzio – Muitas mães não gostam de dar antibióticos para as crianças com amidalite, apesar de poderem desenvolver problemas valvulares sérios. Como o senhor orienta esses casos?
Adib Jatene – Claro que essas crianças devem ser medicadas. Felizmente, o surgimento da penicilina mudou as características da doença reumática. Na
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