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Cuidados Paliativos

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Por:   •  16/10/2014  •  2.264 Palavras (10 Páginas)  •  662 Visualizações

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nas últimas décadas temos assistido a um envelhecimento progressivo da população que se deve, em grande parte, ao desenvolvimento científico e tecnológico na área da saúde. Paralelamente, o padrão epidemiológico tem sofrido mudanças expressivas. Cada vez mais, as pessoas morrem de doenças crônicas como as doenças cardiovasculares, respiratórias, neurológicas, oncológicas, infecto-contagiosas como aids, entre outras.(1,2)

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente ocorrem mais de 10 milhões de novos casos e 6 milhões de mortes por câncer. Cerca de 4,7 milhões de casos novos ocorrem nos países desenvolvidos, enquanto 5,5 milhões ocorrem nos países menos desenvolvidos. Nos países desenvolvidos o câncer apresenta-se como a segunda causa de morte por doença, enquanto que nos países em desenvolvimento como a terceira.(3)

Perante estes números, a OMS afirma que os serviços de saúde se devem adaptar constantemente para satisfazer as necessidades reais da população, reduzindo o seu sofrimento e possibilitando a manutenção da sua qualidade de vida o maior tempo possível.(2)

Com a evolução da medicina, principalmente no último século, os cuidados no final da vida passaram a ser realizados (sobretudo nos países desenvolvidos) em um ambiente impessoal, cercado de pessoas estranhas, muitas vezes sob monitoramento de aparelhos eletrônicos e submetidos a procedimentos médicos invasivos – “medicalização da morte”.(4)

Ao longo do nosso percurso, como enfermeiros assistenciais a nível hospitalar, temos assistido a essa “medicalização da morte” e notamos que alguns enfermeiros apresentam dificuldades em cuidar de pessoas em fase terminal e respectiva família.

Assim sendo, consideramos que é necessário aprender a lidar com as perdas num contexto de uma doença crônica. Este é um desafio que poucos se propõem a discutir, e muito menos a enfrentar. Cuidar indivíduos com doenças terminais e seus familiares num dos momentos mais cruciais de suas vidas é uma atividade ou um modelo de atenção à saúde que vem sendo denominada "cuidados paliativos".(4)

Os cuidados paliativos são reconhecidos como uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos indivíduos e sua família na presença de doenças terminais. Estes cuidados caracterizam-se por um conjunto de atos profissionais que têm como objetivo o controle dos sintomas do corpo, da mente, do espírito e do social que afligem o homem na sua finitude, isto é, quando a morte se aproxima. Os cuidados paliativos podem ser realizados nas instituições de saúde assim como na própria residência, podem e devem ser oferecidos aos indivíduos com doença terminal (desde seu diagnóstico até o momento da morte) e aos seus familiares (durante o curso da doença e o processo de luto). (4,5)

Os cuidados paliativos representam assim uma importante questão de saúde pública estando relacionados com o sofrimento, a dignidade, as necessidades de cuidado, a qualidade de vida e o apoio às famílias e amigos das pessoas portadoras de doenças terminais.(2)

Perante este cenário, somos levados a refletir sobre o nosso papel enquanto prestadores de cuidados de saúde. O que significa “Cuidar em Enfermagem”? Qual a importância dos cuidados paliativos neste novo século? Quais os desafios que os enfermeiros enfrentam quando cuidam pessoas em fase terminal? Motivados por estas questões, procuramos realizar um aprofundamento teórico em manuais (europeus) de referência relacionados com o cuidar em enfermagem e com os cuidados paliativos, para posteriormente refletirmos sobre uma inquietação vivenciada no nosso cotidiano profissional – a pessoa em fase terminal em ambiente hospitalar e o luto.

CUIDAR EM ENFERMAGEM

O verbo “cuidar” é, hoje em dia, utilizado com diversas acepções e a sua abrangência é bastante vasta. É comum ouvirmos expressões do tipo “fazem-se cuidados”, “prestam-se cuidados ou cuida-se” e “agir com cuidado ou ter atenção a”. Estes cuidados ou este cuidado não se referem apenas a pessoas, mas também a plantas, animais e/ou máquinas. Falam-se de cuidados médicos, cuidados de enfermagem, instituições de cuidados, sistemas de cuidados e, inclusivamente, em cuidados de beleza.(5:9) Mas o que é o cuidado? O que significa cuidar, para nós enfermeiros?

O conceito “cuidado” deriva do termo cuidar e o seu significado varia consoante estamos a falar de um ato, uma ação, uma atitude ou uma forma de agir.(6) Cuidar é complexo, é uma arte, é um valor, engloba não só os grandes aspectos como as pequenas coisas do cotidiano.(5,6)

Cuidar envolve várias dimensões, por isso (nós enfermeiros) “[…] não nos podemos contentar com actos realizados com cuidado ou com atenção, com precisão e segurança. Isso não basta, ainda que seja importante, pois o ser humano não se limita a um corpo-objecto […] em que podemos aplicar os nossos conhecimentos e as nossas técnicas, por mais brilhantes, sofisticadas e espectaculares que sejam. É o ser enquanto ser, enquanto corpo-sujeito, que tem necessidade de sentido, que exige atenção. É aí que intervém a distinção que se pode estabelecer entre tratar alguém e cuidar alguém”.(5:2)

Então, cuidar implica que o enfermeiro se coloque no lugar do outro, na sua esfera pessoal e social. Representa um modo de ser e de estar com o outro, no que se refere a questões especiais da vida das pessoas e das suas relações sociais, desde o nascimento até à morte. “Cuidar em enfermagem consiste em envidar esforços transpessoais de um ser humano para outro, visando proteger, promover e preservar a humanidade, ajudando pessoas a encontrar significados na doença, sofrimento e dor, bem como, na existência.”(7:267)

Assim sendo, o cuidar em enfermagem é uma arte, onde as relações humanas assumem um papel de destaque, muito embora seja sempre necessária uma constante atualização de conhecimentos (teóricos, científicos, técnicos e relacionais). Desta forma, “Ser enfermeira exige mais do que o simples saber (ela pode memorizar) e do que saber-fazer (os gestos podem tornar-se perfeitamente automáticos).”. De fato, “[...] para além de desenvolver o seu saber e o seu saber-fazer, a enfermeira deve também desenvolver o seu saber-ser [...]”, tanto consigo própria como com a pessoa, uma vez que aquele que cuida nada pode fazer sem aquele que é cuidado.(8:9-10)

CUIDADOS PALIATIVOS

Os cuidados paliativos são cuidados ativos e globais aos pacientes e suas famílias, realizados por uma equipa multidisciplinar, num momento em que a doença já não responde aos tratamentos curativos ou que prolongam a vida.(9)

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