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DIABETES: ALGUÉM SABE MEXER COM ISSO ?

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Por:   •  1/2/2015  •  853 Palavras (4 Páginas)  •  401 Visualizações

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DIABETES: ALGUÉM SABE MEXER COM ISSO ?

Dr Alessandro Bao Travizani – Cardiologista / Mestrando em Diabetes

A estatística é cruel: a minha cidade, Itaúna, com os seus 86 mil habitantes, tem aproximadamente 9 mil diabéticos. Desses, metade nem sabe que tem a doença. Dos que sabem, grande parte não a trata. Dos que tratam, pequena parte está realmente controlada.

O problema é que o diabetes, normalmente silencioso e traiçoeiro, seja o dos jovens (diabetes tipo 1), ou o dos adultos e gordinhos (diabetes tipo 2), quando não bem controlado, sempre traz alguma complicação futura: causa cegueira, impotência sexual, infarto do coração, derrame, leva para a hemodiálise ou obriga a amputar as pernas. Repito: quando não controlado !

Daí pergunto-lhes: quem sabe tratar essa doença ?

No auge dos meus quinze anos de Medicina, com especializações e pós-graduações, frequentando todos os congressos possíveis da minha área, tão interligada a essa doença, somente após ingressar num mestrado com enfoque em diabetes é que pude perceber algo assustador junto com os meus colegas mestrandos: as faculdades médicas praticamente nada ensinam sobre o diabetes ! Literalmente, achamos que o conhecemos e vamos tratando os doentes “aos trancos e barrancos”.

Alguns endocrinologistas talvez até saibam, porém, poucos são os que ainda tem tempo e disposição para dar todas as informações, prescrever os remédios disponíveis e explicá-los, fazer a checagem adequada dos exames obrigatórios, atender os inúmeros retornos necessários, envolver as famílias, etc.

É fato que tratar essa complexa doença não se restringe apenas a prescrever um comprimido ou uma dose de insulina, pedir ao paciente para não comer açúcar e mandá-lo furar o dedo, de vez em quando, para medir o nível de glicose no sangue.

Ensinar a dieta correta, orientar sobre atividades físicas, cuidados com os pés dormentes dos diabéticos, sobre o tratamento de ferimentos que custam a cicatrizar, armazenamento e aplicação dos diversos tipos de insulinas, sobre os controles diários de glicose no sangue, redução de peso, cuidados com a visão e o coração, não é factível para médicos recebendo hoje, por exemplo, apenas 32 reais líquidos por consulta, isto no melhor convênio de saúde da cidade, com vários retornos gratuitos, geralmente muito longos e cheios de dúvidas a sanar.

Também não é segredo que, excetuando os endocrinologistas, é difícil encontrar algum médico que tenha esses conhecimentos, de uma doença tão comum e tão interligada a outras, tendo em vista que, na maioria das escolas de Medicina, não se aprende nada, especialmente nessas mais recentes, que nem hospital-escola oferecem para que os seus alunos aprendam alguma coisa prática, além dos livros.

Assim, lavando as mãos como Pilatos, empurramos a dura tarefa do manejo do diabetes para as enfermeiras e nutricionistas dos postos de saúde ou, quando disponíveis, nos gabamos por, pateticamente, entregar folhetinhos de orientações, ao final das consultas, sob os olhares desorientados dos clientes. É uma catástrofe !

Abnegadas, a maior parte das enfermeiras cumpre com carinho este papel, que deveria ser nosso. Entretanto, analisando criticamente o que é repassado, vê-se que elas também, nem sempre, detém as informações corretas, por falta de planos institucionais de aprendizagem do diabetes, com cursos, palestras ou apostilas.

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