EFEITOS DA SUBSTÂNCIA BIOATIVA DA LINHAÇA NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA

RESUMO: O câncer de mama é uma doença que atinge principalmente as mulheres e esta vem aumentando com certa frequência nos países ocidentais segundo as estatísticas tendo preocupado a comunidade científica. Tal doença associa-se a inúmeros fatores de risco, sendo a dieta um fator que tem demonstrado relação com a promoção de câncer de mama. Uma alimentação rica em substância funcional tem sido alvo de atenção, pois os fitoestrógenos têm mostrado através de estudos experimentais, propriedades benéficas à saúde, e podem contribuir para a redução do risco de câncer de mama. Alimentos como a semente de linhaça tem sido objeto de estudo, já que contêm substâncias consideradas como quimioprotetora e sua estrutura química assemelha-se ao estrogênio humano e compete com este pelo seu sítio de ligação. De acordo com os estudos experimentais, realizados com animais e humanos, a semente de linhaça é rica em lignana e outros componentes, que apresentaram ter efeito fracamente estrogênico e antiestrogênico, mostrando exercer influência na diminuição do risco de câncer de mama.

Palavras-chave : linhaça, quimioprevenção, alimentos funcionais, lignanas e câncer de mama.

INTRODUÇÃO

Os alimentos funcionais caracterizam-se com produtos que contêm compostos que se envolvem na prevenção e na promoção da saúde. São promotores de saúde através da nutrição e estão incluídos nessa classe alimentos comuns e alimentos enriquecidos ou realçados, desde que estes tenham ação que seja benéfica quando consumidos em uma dieta usual (SANTOS, 2005).

Os fitoestrógenos são moléculas derivadas de plantas que possuem estrutura molecular semelhante ao estrógeno e sendo assim, desempenham uma fraca ação desse hormônio, além de uma ação antiestrogênica, antioxidante e antiinflamatória. Neste sentido, as isoflavonas e as lignanas são os principais fitoestrógenos da dieta. (DAI Q et al,2003; CORNWELL et al,2004).

Tem sido levantada a hipótese que o consumo de alimentos ricos em fitoestrógenos pode contribuir para níveis baixos de câncer de mama em mulheres asiáticas, pois estas têm elevada concentração no sangue e na urina de fitoestrógenos e, conseqüentemente, menor risco de câncer de mama do que as mulheres ocidentais. Comparando as diferentes dietas dos orientais e ocidentais, a ingestão de alimentos que contém isoflavona e lignanas, substâncias consideradas fitoestrógenos, observaram a relação da ingestão destas substâncias e o baixo risco de câncer de mama (ALDERCREUTZ, 2003).

O câncer de mama é a doença que mais atinge os países ocidentais, afetando a sexualidade e auto-imagem das mulheres que apresentam tal doença. Antes dos 35 anos de idade é uma doença relativamente rara, porém, acima desta faixa etária sua incidência cresce de forma progressiva (BRASIL, 2003).

A linhaça (Linum usitatissimum L.) tem recebido grande interesse da comunidade científica mundial por conter em suas sementes grandes quantidades de substâncias, como o ácido graxo essencial linolênico (ω-3), vitamina E, selênio, fibras alimentares e os fitoestrógenos, denominados de lignanas. Dados epidemiológicos e experimentais relacionam a ingestão desses compostos com função quimiopreventiva, por desempenharem juntos mecanismos de ação anticarcinogênicos, antioxidantes, antiinflamatórios, antihormonais, antiangiogênicos, dentre outros (Paschos GK et al, 2005 ).

Segundo Carrara et al 2009 e Almeida 2009,a linhaça é uma semente oleaginosa, rica em proteínas, lipídeos e fibras dietéticas. Tal semente possui três componentes que apresentam ações farmacológicas importantes como ácido a - linolênico fibras solúveis e lignana, os quais vêm sendo avaliados em pesquisas clínicas e estudos relacionados ao câncer de mama, próstata e cólon, diabetes, lúpus, perda óssea, doenças hepáticas, renais e cardiovasculares, com resultados favoráveis quanto ao efeito benéficos da semente.

Inúmeros fatores afetam a qualidade da vida e resultam em alta incidência de doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer. A dieta, por sua vez, é de extrema importância, pois os alimentos são fontes naturais de substâncias que podem auxiliar na promoção e manutenção da saúde. Neste aspecto, a linhaça tem sido usada pelas suas propriedades medicinais e seus componentes têm sido relacionados à prevenção e ao tratamento de vários tipos de câncer, principalmente de mama. ( Moraes FP et al,2006; Lipilina E et al,2009; Chen J et al,2004).

Considerando-se a relevância do tema, este estudo teve como objetivo principal investigar na literatura o papel da lignana da linhaça no controle e prevenção do câncer de mama.

METODOLOGIA

O presente artigo consiste em uma revisão do conhecimento disponível na literatura sobre o tema, utilizando-se os termos: linhaça, quimioprevenção, alimentos funcionais, lignanas e câncer de mama. Foram encontradas mais de 5000 referências nas bases de dados Scielo, Google acadêmico, Medline e Lilacs, porém optou-se preferencialmente pelos artigos dos últimos 10 anos, de língua portuguesa e inglesa, e com ênfase para trabalhos epidemiológicos e estudos experimentais. Foram selecionados artigos que apresentassem no titulo ou resumo algum dos descritores utilizados selecionado aqueles com maior relevância para o estudo. A pesquisa foi realizada no período de agosto a setembro de 2013.

Componentes da semente de linhaça

A semente de linhaça apresenta de 28 a 33,5% de fibra alimentar, de 32,3 a 41% de lipídeos e de 14,1 a 21% de proteína. Sua composição lipídica possui baixa concentração de ácidos graxos saturados (9%), uma quantidade moderada de ácidos graxos monoinsaturados (18%) e um grande teor de ácidos graxos poliinsaturados (73%), em evidencia o ácido alfa-linolênico. A linhaça também rica em compostos fenólicos conhecidos como lignanas, que são fitoestrógenos (Taco, 2006).

A semente de linhaça é rica em precursores de lignana, cerca de 75 – 800 vezes mais que outros alimentos vegetais Alguns estudos levantaram a hipótese de que 11,8g de semente de linhaça por dia forneça 14,8 µmol CORDEIRO et al, 2009; MONEGO, 2009).

As lignanas são componentes fenólicos que contém 2,3-dibenzilbutano em sua estrutura, são fotoquímicos biologicamente ativos com potencial anticancerígeno. A estrutura da lignana foi identificada em 1970, por estudos observados com macacos, os compostos foram identificados na urina com aparente similaridade aos estrógenos (OLIVEIRA et al.,