Escherichia Coli
Artigo: Escherichia Coli. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Lulu91467749 • 25/10/2014 • 2.998 Palavras (12 Páginas) • 835 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
A Escherichia coli é uma espécie da família Enterobacteriaceae extremamente heterogênea e complexa, embora um dos seus membros seja considerado o ser vivo mais conhecido da face da terra (E. coli K12). Do ponto de vista de suas relações com o homem, pode-se distinguir dois grandes grupos de amostras: um que habita os nossos intestinos, desde o nascimento até a morte e outro que causa diferentes tipos de infecção, vamos abordar os dois, o primeiro grupo é chamado de E. coli comensal e o outro de E. coli patogênica. A patogênica é constituída de vários patótipos, ou seja, de conjuntos de amostras que causam infecções por mecanismos comuns, já a comensal difere evolutivamente da E. coli patogênica, só causa infecção em imunodeprimidos ou quando encontra situações não fisiológicas como o uso de cateteres implantados nas vias urinárias.
2 HISTÓRICO
A Escherichia coli foi descoberta em 1895 pelo pediatra alemão Theodore Escherich quando dos seus estudos sobre a flora normal do recém-nascido e da criança em geral. Não obstante o fato de existir em todas as crianças normais, cedo verificou-se que podia estar associadas a infecções do trato urinário e a bacteremias. A principal suspeita de que a E. coli podia causar infecção intestinal foi levantada por outro pediatra alemão (A. Adam) na década de 1920, quando verificou que certos biótipos de E. coli eram frequentemente isolados de crianças com dispepsia e raros em crianças normais. Adam os denominou Dyspepsie-Coli, descrevendo seis biotipos. Os trabalhos de adam, embora respeitados, não tiveram aceitação universal e assim, somente 20 anos mais tarde (1945 ficou comprovado que determinado sorotipo de E. coli era causa de muitos casos de diarreia infantil na Inglaterra. A comprovação foi feita por Bray, que ao contrário de Adam, identificou suas amostras e E. coli por métodos sorológicos mais específicos e precisos do que as provas bioquímicas usadas por Adam. Kauffmann, que na época já havia montado seu esquema de classificação sorológica, identificou as amostras como pertencentes ao sorotipo O111:H2 (o biótipo deste sorotipo é idêntico ao biótipo A1 de Adam). Depois da identificação das amostras de Bray, tornou-se usual recorrer-se a Kauffmann para identificar amostras de E. coli isoladas em crianças com diarreia e isto resultou na descoberta de vários outros sorotipos enteropatogênicos. Assim hoje conhecemos seis patótipos de E. coli diarreiogênica, usualmente chamados DEC (diarrheagenic Escherichia coli).
Os seis patótipos de DEC são apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 – Patótipos de Escherichia coli diarreiogênicas
Patótipos Década da descrição
EPEC (E. coli enteropatogênica)
EIEC (E. coli enteroinvasora)
ETEC (E. coli enterotoxigênica)
EHEC (E. coli êntero-hemorrágica)
EAEC (E. coli enteroagregativa)
DAEC (E. coli aderente difusamente) 1920, 1940
1950, 1960
1960, 1970
1970, 1980
1980
1980
2.1 Conceito
As infecções intestinais são processos determinados pela proliferação dos seis patótipos de DEC na mucosa intestinal que se manifestam por diarreia e sintomas gerais de infecção. As causas imediatas da diarreia são produção de toxinas e reações inflamatórias. Usualmente o processo infeccioso é restrito à mucosa.
2.2 Quadros de correlações clínica
Quadro 2 – Características chave de E. coli Diarreinogênicas
Denominação Abreviatura Fenótipo Patogênico Sinais e Sintomas
E. coli enterotoxigênica ETEC Produção de toxinas secretoras (LT, ST) que não causam danos ao epitélio mucoso. “Diarréia dos viajantes”. O sintoma predominante é uma diarreia aquosa profusa. Com frequência, acompanhada de câimbras abdominais leves. Em alguns casos, ocorrem desidratação e vômitos.
E. coli enteropatogênica EPEC Adere as células epiteliais como microcolônias localizadas e causam lesões de aderência destrutivas. Em geral, ocorre em crianças. Caracterizada por febre baixa, mal-estar, vômitos e diarreia, com abundante quantidade de muco, mas com pouco sangue.
E. coli enteroinvasora EIEC Invade células epiteliais. Disenteria caracterizada por febre e colite. Os sintomas são urgência e tenesmo. Sangue, muco e muitos leucócitos nas fezes.
E. coli êntero-hemorrágica EHEC Elaboração de citotoxinas (SLT) Diarréia sanguinolenta com leucócitos. Com frequência sem febre. Dor abdominal é comum. Pode desenvolver a síndrome hemolítico-urêmica.
E. coli enteroagregativa EaggEC Aderem às células epiteliais, dispondo-se como uma pilha de ladrilhos. Diarréia aquosa, vômitos, desidratação e, menos comumente, dor abdominal.
2.2.1 Escherichia coli Enterotoxigênica
As cepas enterotoxigênicas (ETEC) formam enterotoxinas termolábeis (TL) ou termoestáveis (TE) que causam diarréia secretora (“diarréia dos viajantes”) similar a produzida por Vibrio cholerae. A aderência das células bacterianas às células do epitélio intestinal é um pré-requisito para a produção de toxina. A produção de toxinas é mediada por plasmídeos e com mais frequência envolve vários sorogrupos. A infecção com ETEC segue usualmente a ingestão de água ou comida contaminada, produzindo uma diarréia aquosa, náuseas, câimbras abdominais e febre baixa. Em lactantes, ETEC algumas vezes causa uma doença conhecida como “cólera infantil”.
2.2.2 Escherichia coli Enteropatogênica
As cepas enteropatogênicas, (EPEC) causam síndromes diarréicas, principalmente em lactentes. A patogenia não é clara, entretanto, as reações inflamatórias e as alterações epiteliais degenerativas observadas em cortes de tecidos podem ser secundárias às propriedades de aderência das bactérias, consideradas relacionadas a plasmídeos. Os sorogrupos 055, 086, 0111, 0119, 0126, 0127, 0128ab e 0142 estão comumente envolvidos. A doença causada por EPEC é caracterizada por febre, mal-estar, vômitos e diarréia, com uma quantidade importante de muco, mais não com muito
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