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Interdisciplinaridade: uma tarefa epistêmica e metodológica

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Por:   •  17/11/2014  •  Artigo  •  991 Palavras (4 Páginas)  •  224 Visualizações

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A Interdisciplinaridade: um desafio epistêmico e metodológico

Uma das conseqüências do debate epistemológico que acabamos de apresentar é a percepção de que o conhecimento disciplinar – despedaçado, compartimentalizado, fragmentado e especializado – reduziu a complexidade do real, instituiu um lugar de onde conhecer é estabelecer poder e domínio sobre o objeto conhecido, impossibilitando uma compreensão diversa e multifacetada das inter-relações que constituem o mundo da vida. Como exemplifica Boff:

A natureza e o universo não constituem simplesmente o conjunto de objetos existentes,

Como pensava a ciência moderna. Constituem sim uma teia de relações, em constante

Interação . Os seres que interagem deixam de ser apenas objetos. Eles se fazem sujeitos

Sempre relacionados e interconectados, formando um complexo sistema de inter-retro-

Relações (1997, p. 72).

Inter, multi e transdisciplinaridade

Com a critica epistemológica da qual surge o conceito de interdisciplinaridade, surgem também os de multidisciplinaridade e transdisciplinaridade, indicando diferentes modos de pensar a reorganização do saber, tendo em vista a superação de sua fragmentação em disciplinas.

O conceito de multidisciplinaridade diz respeito à situação em que diversas disciplinas, com base em seu quadro teórico-metodológico, colaboram no estudo ou tratamento de dado fenômeno. Os limites disciplinares são mantidos e não se supõe, necessariamente, a integração conceitual ou metodológica das disciplinas no âmbito de um novo campo do conhecimento. É mantida, assim, a lógica da justaposição ou adição de disciplinas. Congressos, simpósios, junta médica e perícias são exemplos de situações em que se lança mão de debate multidisciplinar.

A idéia de transdiciplinaridade radicaliza a idéia de reacomodação e unificação dos conhecimentos disciplinares, com relativo desaparecimento de cada disciplina. Assim, cada campo especializado do saber envolvido no estudo e tratamento de dado fenômeno seria fusionado em um amplo corpo de conhecimentos universais e não especializados que poderiam ser aplicados a qualquer fenômeno. A idéia de um saber comum, unitário, que abarque o conhecimento de toda a realidade, é pretensão bastante controversa, pois, de certa forma, repõe a crença em uma razão unitária e em sua capacidade ilimitada de saber tudo sobre o real.

A interdisciplinaridade, por sua vez, não pretende a unificação dos saberes, mas deseja a abertura de um espaço de mediação entre conhecimentos e articulação de saberes, no qual as disciplinas estejam em situação de mútua coordenação e cooperação, construindo um marco conceitual e metodológico comum para a compreensão de realidades complexas. A meta não é unificar as disciplinas, mas estabelecer conexões entre elas, na construção de novos referenciais conceituais e metodológicos consensuais, promovendo a troca entre os conhecimentos disciplinares e o a diálogo dos saberes especializados com os saberes não científicos.

Nesse sentido, a interdisciplinaridade estaria mais próxima da noção de conhecimento complexo, como descreve Edgar Morin (2000), quando afirma que só se pode conhecer despedaçando o real, isolando um objeto do todo do qual faz parte. Mas é possível articular os saberes fragmentários, reconhecer as relações todo-parte, tornar complexo o conhecimento e assim – sem reconstituir a totalidade – combater o despedaçamento.

Essa critica está na origem da idéia de interdisciplinaridade, que se apresenta como uma das formas de superação das pretensões do método cientifico de capturar o rela, partindo-o em parcelas cada vez menores. Semelhante prática, muito além de um método, institui um modo de pensar que se estendeu a vários outros campos da vida. Aí reside o grande desafio e as dificuldades encontradas na efetivação de uma abordagem interdisciplinar. Segundo Veiga-Neto:

O conhecimento disciplinar não pode ser extinto por atos de vontade, por engenharia

Curricular ou por decretos epistemológicos, uma vez que a disciplinaridade dos

Saberes é um dos fundamentos da modernidade (...) Essa disciplinaridade não é uma

Doença que veio de fora e atacou/contaminou nossa maneira de pensar, ela é a nossa

Própria maneira de pensar (1994, p. 59).

Assim, a interdisciplinaridade jamais

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