Micoses

MICOSES

As infecções fúngicas podem ser classificadas de acordo com os tecidos inicialmente colonizados. As infecções são classificadas em micoses superficiais, que se limitam ás camadas mais externas da pele e pêlos; micoses cutâneas, que incluem infecções mais profundas na epiderme e derivados da pele, como pêlos e unhas; e micoses subcutâneas, que afetam a derme, os tecidos subcutâneos, o músculo e a fáscia.

Em geral, a pele e as superfícies mucosas intactas atuam como barreiras contra a infecção causada por micoses superficiais, cutâneas e subcutâneas.

1. Micoses Superficiais

Em geral, as infecções fúngicas superficiais representam problemas cosméticos, que são facilmente diagnosticados e tratados. As infecções da pele limitam-se ás camadas mais externas do extrato córneo. As infecções dos pêlos afetam apenas as cutículas. Estes organismos fúngicos superficiais não produzem resposta celular do hospedeiro, visto que colonizam tecidos mortos. Além disso, estas infecções não causam desconforto físico para o paciente, e as medidas terapêuticas geralmente produzem boas respostas clínicas.

1.1 Etiologia, Síndromes Clínicas e Diagnóstico.

1.1.1 Pitiríase Versicolor

É causado por malassezia furfur (pityrosporum orbiculare), um organiso lipofílico semelhante à levedura. É encontrado em áreas do corpo ricas em glândulas sebáceas e faz parte da flora normal da pele. O fungo necessita de um meio suplementado com ácidos graxos saturados ou insaturados para que seu crescimento seja mantido. O organismo cresce como levedura em brotamento, embora algumas vezes sejam observadas formas em hifas.

As lesões ocorrem mais comumente na parte superior do tronco, braços e abdômen na forma de discretas lesões musculares hiper ou hipopigmentadas. Descamam com muita facilidade, conferindo um aspecto seco e calcário à área afetada. Em raros ocasiões, as lesões adquirem aparência popular (elevada),e, em alguns casos em que o folículo piloso é envolvido, as lesões podem causar foliculite.

O diagnóstico clínico da pitiríase versicolor é estabelecido microscopicamente pela visualização do aspecto em “espaguete” característico do organismo em amostras tratadas com hidróxido de potássio. As culturas não são efetuadas rotineiramente para confirmar o diagnóstico, visto que o microrganismo requer um meio especial contendo ácidos graxos.

Apresentação clínica da pitiríase versicolor

1.1.2 Tinea Nigra

O agente etiológico da Tinea Nigra, Exophiala Werneckii, é um fungo dimórfico que produz melanina, conferindo ao microrganismo uma cor marrom e preta. Com isolamento primário a partir de material clínico, o fungo cresce como levedura, com numerosas células em vários estágios de divisão celular, produzindo estruturas ovais de duas células características. Com o envelhecimento da colônia, surgem hifas alongadas,e, em culturas mais velhas, predominam os micélios e conídios.

A Tinea Nigra é habitualmente assintomática, e as manifestações clínicas consistem em lesões maculares bem demarcadas (manchas pigmentadas na pele, que não são elevadas acima da superfície) que aumentam por extensão periférica. As lesões de cor marrom a preta são mais frequentemente observadas nas palmas das mãos e plantas dos pés, mas podem ocorrer em outras áreas do corpo.

O diagnóstico é estabelecido com base na visualização das células leveduriformes densamente pigmentadas características e fragmentos de hifas durante o exame microscópico de raspados tratados com hidróxido de potássio obtidos das áreas afetadas. É confirmado pela cultura de microrganismo.

Apresentação clínica da tinea nigra.

1.1.3 Piedra Negra

É uma infecção superficial dos pêlos, é causada por Piedraia Hortal, um microrganismo que existe no estado perfeito (teleomórfico) quando coloniza a haste do pêlo. Em geral, as culturas afetadas a partir de amostras clínicas só fornecem o estado assexuado (anamórfico) do fungo, que consiste em micélios de crescimento lento, de cor marrom a preto-avermelhado. O estado teleomórfico é um estado em que surgem ascos, que contêm ásporos fusiformes, no interior de estruturas especializadas. Em certas ocasiões, este estado é observado em culturas mais antigas.

O principal aspecto clínico da Piedra Negra consiste na presença de nódulos de consistência dura, encontrados ao longo da haste infectada do pêlo. Os nódulos possuem consistência dura e carbonácea e contêm ascos. O diagnóstico diferencial inclui a exlcusão de pediculose e o crescimento anormal do pêlo.

A infecção é facilmente diagnosticada pelo exame microscópico dos pêlos afetados.

Pêlo infectado por Piedra negra.

1.1.4 Piedra Branca

É uma infecção dos pêlos, é causada pelo organismo leveduriforme Trichosporon Beigelii. O microrganismo cresce bem em todos os meios laboratoriais, exceto aqueles que contêm ciclo-heximida, um antibiótico utilizado em alguns meios de cultura para o isolamento seletivo da maioria dos fungos patogênicos.

As culturas jovens são brancas e possuem consistência pastosa. Com o envelhecimento da cultura, as colônias desenvolvem profundos sulcos que se irradiam e adquirem coloração amarelada e consistência cremosa. O exame microscópico revela hifas septadas que sofrem rápida fragmentação, formando artocronídios, estes assumem rapidamente uma forma arredondada, e muitas células formam blastoconídios.

A Piedra Branca afeta os pêlos do couro cabeludo, bigode e barba. Caracteriza-se pelo desenvolvimento de crescimento de consistência pastosa e mole e cor creme ao longo das hastes dos pêlos infectados. O crescimento ocorre como uma manga ou colarinho ao redor do pêlo e consiste em micélios que sofrem rápida fragmentação em artroconídios.

O microrganismo é identificado por vários testes bioquímicos e pela sua capacidade de assimilar certos carboidratos. O diagnóstico diferencial inclui a tricomicose axilar (causada por Corynebacterium tenuis) e os ovos da pediculose. A infecção é diagnosticada pelo exame microscópico de pêlos infectados e confirmada pela cultura do microrganismo.

Pêlo infectado por Piedra branca.

1.2 Tratamento

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