O Impacto do Tratamento da Disfagia em Uma Criança Cardiopata

Introdução: Comer é a tarefa fisiológica mais complexa dos seres humanos. É a única tarefa que utiliza todos os sistemas do corpo: o cérebro e os nervos canianos; o coração e os sistemas vascular, respiratório, endócrino e metabólico. Todos os músculos do corpo e todo o trato gastrointestinal. Apenas a deglutição, por exemplo, requer a coordenação de 26 músculos e 6 nervos cranianos. A disfagia é um distúrbio de deglutição, que vem ocorrer na passagem do bolo alimentar da boca até o estômago, que dificulta ou impossibilita a ingesta segura, eficiente e confortável de saliva e alimento. As cardiopatias congênitas por sua vez referem-se às anomalias estruturais ou funcionais do coração ou dos grandes vasos. Na população cardíaca pediátrica, a morbidade também está relacionada a disfagia, uma vez que ela acarretar complicações como desnutrição, desidratação, e aspiração pulmonar, podendo as complicações ocasionar o óbito. Objetivo: Descrever os sintomas disfágicos apresentados e a importância do diagnóstico e do tratamento correto de disfagia no manejo de pacientes cardiopatas.

Autores: Vânia Ruiz, Tassiéle Moreira, Patricia Dias

Caso: Paciente do sexo feminino, 4 meses de vida, cardiopata, diagnosticada com extrassístoles atriais, Comunicação Interventricular (CIV) e Comunicação Interatrial (CIA) associado a doença do refluxo gastroesofágico, e alergia a proteína do leite de vaca. Em uso de furosemida, captopril, ranitidina, domperidona, espironolactona e fórmula hidrolisada.

Múltiplas internações por disfunção respiratória, bronquiolite e pneumonia. Na última internação solicitada avaliação da equipe de disfagia pediátrica.

Em avaliação clínica verificados incoordenação sucção, respiração deglutição com presença de fadiga, taquipnéia, taquicardia, leve escape extra oral e tempo aumentado de alimentação. Com base nos achados e na história clínica, foi diagnosticada disfagia orofaríngea. Realizada videofluoroscopia da deglutição para definição de tratamento. Com o resultado do exame, prescrito uso de utensílio de silicone macio, com fluxo mínimo e sistema de válvula, preconizando a maior proteção possível de via área, reduzindo significativamente as intercorrências respiratórias e buscas por emergências propiciando a paciente maior qualidade de vida, e a família maior tranquilidade e segurança durante o processo de alimentação. Conclusão: O tratamento para disfagia orofaríngea no cardiopata, possui particularidades que sempre devem ser analisadas minuciosamente com base no histórico e nas condições clínicas do paciente. No entanto, com um bom diagnóstico precedido de um tratamento adequado, se consegue eliminar ou reduzir os fatores que potencialmente contribuem para o comprometimento das vias aéreas, manter nutrição e hidratação adequadas; facilitar a interação positiva entre a criança e alimentador; evitar reinternações e complicações secundárias a disfagia contribuindo para um quadro clínico geral de maior ganho.