Patogênese Da Doença Periodontal
Casos: Patogênese Da Doença Periodontal. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: LucasSouto • 28/10/2013 • 8.289 Palavras (34 Páginas) • 879 Visualizações
PATOLOGIA PERIODONTAL - DP-321, FOP/UNICAMP
ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA
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PATOGÊNESE DA DOENÇA PERIODONTAL
Introdução:
As reações inflamatórias e imunológicas à placa bacteriana representam as características
predominantes da gengivite e da periodontite. A reação inflamatória é visível, microscópica e
clinicamente, no periodonto afetado e representa a reação do hospedeiro à microbiota da placa e
seus produtos. No capítulo anterior encontramos uma abordagem acerca dos componentes e
características da placa microbiana. O presente capítulo enfatizará o mecanismo pelo qual o
hospedeiro responde a esta agressão microbiana e as alterações patológicas resultantes nos
tecidos periodontais, as quais são clinicamente diagnosticadas; como doença periodontal.
Os processos inflamatórios e imunológicos agem nos tecidos gengivais para proteger
contra o ataque microbiano e impedem os microrganismos de se disseminarem ou invadirem os
tecidos. Em alguns casos, essas reações de defesa do hospedeiro podem ser prejudiciais porque
também são passíveis de danificar as células e estruturas vizinhas do tecido conjuntivo. Além
disso, as reações inflamatórias e imunológicas cuja extensão alcança níveis mais profundos do
tecido conjuntivo, além da base do sulco, podem envolver o osso alveolar nesse processo
destrutivo. Assim, tais processos defensivos podem, paradoxalmente, responder pela maior parte
da lesão tecidual observada na gengivite e na periodontite.
Embora as reações inflamatórias e imunológicas no periodonto possam parecer
semelhantes às observadas em outras partes do corpo, há diferenças significantes. Isto ocorre, em
parte, devido a uma conseqüência da anatomia do periodonto, ou seja, a permeabilidade
característica do epitélio juncional resulta em um processo notavelmente dinâmico envolvendo
células e fluidos, preservando todo o tempo a integridade epitelial através da interface tecido
duro e tecido mole. Além disso, os processos inflamatórios e imunológicos nos tecidos
periodontais não representam respostas a uma espécie microbiana simplesmente, mas a um
grande número de microrganismos e seus produtos, agindo durante um período de tempo
relativamente longo. As bolsas periodontais podem conter mais de 400 espécies diferentes de
microrganismos, cada uma apresentando potenciais diferentes para a indução de doença, os quais
vão variar de acordo com o meio e o estágio de colonização. A doença periodontal tem sido
referida algumas vezes como uma "infecção bacteriana mista" para assinalar que mais de uma
espécie microbiana contribui para o desenvolvimento da doença. As espécies microbianas
interagem e, embora algumas possam não ser patógenos suspeitos, ainda influenciam o processo
da doença, participando através de fatores específicos de crescimento ou defesa que aumentam o
potencial de virulência de outros microrganismos. A microbiota, nas bolsas periodontais,
encontra-se em um estado de fluxo contínuo; espécies que são relevantes em uma fase da doença
podem não ser importantes para uma outra. Em outras palavras, a destruição periodontal pode ser
o resultado da combinação de fatores bacterianos que variam com o tempo, Esta situação
contrasta com a maioria das demais doenças infecciosas clássicas (p. ex., tuberculose, sífilis,
gonorréia), nas quais o hospedeiro enfrenta apenas um, em vez de vários microrganismos, e o
diagnóstico de uma fase ativa da doença está relacionado à presença ou à ausência do patógeno,
sendo, portanto, muito mais simples. Os eventos moleculares que desencadeiam e mantêm as
reações inflamatórias e imune na doença periodontal podem estar sofrendo alterações
constantemente e isso pode ser devido a múltiplas espécies microbianas, muitas das quais são
considerados organismos comensais.
É provável que os atributos de virulência dos microrganismos também estejam
relacionados a um estado inflamatório ou imune próprio do hospedeiro tanto quanto à ação direta
das próprias bactérias. A destruição periodontal poderia ser causada pelas enzimas virulentas
produzidas pelas bactérias que induzem a inflamação, por uma reação imunológica que libera
produtos, ou pelo lipopolissacarídeo, componente da membrana externa dos microrganismos
Gram-negativos.
PATOLOGIA PERIODONTAL - DP-321, FOP/UNICAMP
ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA
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Estudos epidemiológicos têm demonstrado que, embora seja freqüente a redução da
altura do periodonto com o avanço da idade, um número relativamente pequeno de indivíduos
em cada grupo etário experimenta destruição periodontal avançada, ou seja, os grupos de risco
existem. Além disso, mesmo no próprio indivíduo, a gravidade da lesão do tecido periodontal
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