Proteínas Com Menor Estabilidade
Por: mariacosta2001 • 17/6/2021 • Monografia • 7.293 Palavras (30 Páginas) • 163 Visualizações
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Índice
Introdução 2
CFTR e outras proteínas transmembranares 3
Fibrose quística 6
Sintomas 7
Glândulas 8
Glândulas sudoríparas 8
Pâncreas 8
Órgãos 9
Pulmões 9
Tipos de mutações 10
Classe 1: Não apresenta proteína 10
Classe 2: Na ausência de tráfego 10
Classe 3: Defeito de abertura/fecho do canal 11
Classe 4: Condutância reduzida 11
Classe 5: Concentração baixa de CFTR 11
Classe 6: Proteínas com menor estabilidade 12
Diagnóstico 13
Teste do rastreio neonatal 13
Teste de análise do suor 14
Exames genéticos 15
Teste do portador 15
Outros exames 16
Prognóstico 16
Tratamento 17
Desobstrução das vias aéreas 17
Tratamento das infeções respiratórias 18
Agentes anti-inflamatórios 19
Suporte nutricional 19
Transplante pulmonar 20
Novas terapêuticas- específicas da CFTR 20
Farmacoterapia do CFTR 20
Terapia genética 21
Conclusão 23
Bibliografia 24
Introdução
A Fibrose Quística (FQ) [1] é uma doença crónica, rara, de origem genética e causada por alterações na proteína denominada, em inglês, “cystic fibrosis transmembrane condutance regulator” (CFTR ou regulador da condutância transmembranar da FQ).
A primeira insinuação e especificação da FQ foi feita pela patologista e pediatra Dorothy Andersen [2] no ano de 1938, a qual denominou a doença de “Fibrose Quística do pâncreas” depois de ter encontrado lesões no pâncreas após diversas autópsias.
Em 1943 o patologista Sydney Farber [3] observou que a FQ não afetava somente o pâncreas, mas também outros órgãos; os ductos destes ficavam obstruídos pelas secreções que eram anormalmente espessas impedindo a sua lubrificação normal conduzindo ao desenvolvimento de infeções. Perante estas alterações observadas Farber introduziu o termo “mucoviscidose”.
Por volta dos anos 40 realizaram-se vários estudos [3], em doentes, que permitiram obter algum conhecimento sobre as bases genéticas desta doença. Depois de examinarem o padrão hereditário nas famílias, os investigadores concluíram que a FQ era uma doença autossómica recessiva, isto é só se manifestaria caso se observasse a presença de dois genes recessivos.
No ano 1963 [4], um painel de peritos lecionados pela fundação de CF dos Estados Unidos da América (Cystic Fibrosis Foundation) elaborou um documento com a finalidade de orientar o diagnóstico e controlo da FQ.
A doença ocorre com maior frequência na população caucasiana, embora esteja a crescer noutras etnias, e é uma das principais causas de morte em crianças. Afeta cerca de 1 em cada 2 500 [1] recém-nascidos, tendo uma incidência semelhante nos sexos feminino e masculino e sendo superior na América do Norte e Europa.
Em Portugal, nascem todos os anos 30 a 40 crianças com FQ. Estima-se que haja no mundo 60 000 [1] doentes.
Como é uma doença autossómica recessiva é difícil saber quantas pessoas possuem o gene. Ainda assim, os cientistas estimam que cerca de 7 milhões de pessoas [1] sejam portadoras da anomalia genética da FQ.
CFTR e outras proteínas transmembranares
O CFTR é um canal transmembranar responsável pelo transporte de iões cloreto (Cl-), um dos componentes do cloreto de sódio (sal), para dentro e para fora das células. Este canal é constituído por 1480 aminoácidos e encontra-se na membrana plasmática de muitas células. A proteína consiste numa única cadeia que se divide em cinco domínios: dois citoplasmáticos que se ligam aos nucleótidos- NBD1 e NBD2-, dois transmembranares - TMD1 e TMD2- e um regulador- R. [5] (Figura 1)
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Figura 1: A conformação do CFTR no ser humano na ausência de ATP
Fonte: Molecular Structure of the Human CFTR Ion Channel: Cell
Mutações no CFTR afetam a sua estrutura tridimensional impedindo-o de alcançar a membrana plasmática, conduzindo, assim, à FQ1 .
Na ausência de anomalias, o canal permite manter as concentrações de cloreto essenciais ao bom funcionamento das células (figura 2). No entanto, perante uma situação de defeito ou de carência, a consequente desregulação da concentração traduz-se na formação de muco espesso e pegajoso.
O que os estudos vieram a mostrar é que, perante uma situação de CFTR defeituoso, outros canais, nomeadamente canais que transportam cloreto para fora de célula (outwardly rectifying chloride channels ou ORCC), canais de sódio presentes na superfície do epitélio (ENaC[1]), bombas (transporte ativo por antiporte) dos iões cloreto/bicarbonato e canais de potássio (conhecidos como ROMK1[2]) deixam de funcionar corretamente.[pic 5]
Numa individuo saudável, o canal CFTR facilita ainda o transporte de ATP para o exterior da célula ativando o ORCC. No entanto, não há certezas se de facto o CFTR transporta o ião ATP ou um associado a este, embora uma mutação neste canal impeça a realização desta ação.
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