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Terapia Venosa

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Por:   •  20/2/2014  •  5.118 Palavras (21 Páginas)  •  483 Visualizações

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TERAPIA DE

HIDRATAÇÃO VENOSA

Luciene G. B. Ferreira

RESUMO

As crianças são mais suscetíveis à desidratação que os adultos devido a alguns fatores: o maior percentual de água corporal total, a superfície corpórea relativamente maior que a dos adultos e a maior incidência de doença diarreica aguda.

A causa mais comum da necessidade da terapia de hidratação venosa (THV) em pediatria é a hipovolemia causada por vômitos e diarreia devido à doença diarreica aguda. A maioria dos casos de desidratação pode ser resolvida através da terapia de reidratação oral, mas a THV tem indicações precisas, como no choque hipovolêmico.

A desidratação isotônica é a mais frequente e está relacionada à diarreia, entretanto, é importante a avaliação do nível sérico do sódio na desidratação a fim de nortear o tratamento em caso de distúrbios graves, evitando assim possíveis danos neurológicos e até o óbito.

PALAVRAS-CHAVE: Hidratação venosa; Desidratação; Tratamento da desidratação.

INTRODUÇÃO

A terapia de hidratação venosa tem como objetivo manter ou restaurar o volume e a composição normal dos líquidos corporais. O diagnóstico da desidratação com ou sem distúrbio de sódio e seus respectivos tratamentos são abordados neste tema.

A hidratação venosa tem três tipos

de propostas terapêuticas, de acordo com a situação clínica do paciente:

1) A terapia de manutenção repõe as perdas fisiológicas normais;

2) A terapia de reposição repõe as perdas anormais e excessivas;

3) A terapia dos déficits é indicada para o tratamento do paciente hipovolêmico.

A primeira etapa da correção é urgente, está indicada para hipovolemia moderada e grave e visa à expansão do espaço intravascular. Esta etapa de expansão é feita com infusão rápida de solução isotônica. A segunda etapa corrige o déficit residual através de soro reidratante oral ou hidratação venosa. A correção deve ser venosa em caso de hiponatremia ou hipernatremia grave. A desidratação com hipernatremia grave deve ser corrigida mais lentamente que as desidratações isotônica e hipotônica, devido ao risco de edema cerebral.

Estas terapias podem ser necessárias simultaneamente, como ocorre no paciente no pós-operatório de cirurgia gastrointestinal, em jejum absoluto e com drenagem por sonda nasogástrica, sendo necessária a terapia de manutenção e de reposição concomitantes; e no paciente desidratado que tem indicação de terapia de déficit e terapia de manutenção.

TERAPIA DE MANUTENÇÃO

As crianças, normalmente, têm

Ano 10, Agosto de 2011 73

grandes variações na ingestão diária de água e eletrólitos. Quando saudáveis, podem tolerar grandes variações na ingestão de líquidos e eletrólitos devido a mecanismos homeostáticos que regulam a absorção e a excreção destes. Os cálculos das necessidades diárias não são exigências absolutas e sim diretrizes razoáveis para estimá-las¹.

Os líquidos de manutenção são necessários, por exemplo, em pacientes cirúrgicos, no pré e pós-operatório; nos lactentes, após oito horas de jejum absoluto para realizar procedimento, pois estes desidratam mais rápido que os pacientes com mais idade; em pacientes portadores de diabetes insípido nefrogênico, anemia falciforme e tetralogia de Fallot, que devem receber líquidos intravenosos assim que colocados em jejum absoluto. Nos dois últimos casos mencionados, a leve desidratação pode ocasionar agravamento da doença de base.

L

íqui dos de Manutenção

Os líquidos de manutenção repõem as perdas de água, sódio e potássio que ocorrem pela urina e fezes e a perda de água pela pele e pulmões. A sua composição consiste em solução com água, glicose, sódio, potássio e cloro.

O soro glicosado a 5%, fornece 17 kcal para cada 100 ml (1 g = 3,4 kcal ), ou seja, aproximadamente, 20% das necessidades calóricas normais do paciente. Isto é suficiente para impedir que ocorra cetose relacionada à cetoacidose do jejum e para diminuir a degradação proteica que ocorre quando o paciente não recebe calorias. A glicose também provê a adição de osmóis, evitando assim a administração de líquidos hipotônicos que possam causar hemólise.

Os líquidos de manutenção não fornecem a quantidade calórica adequada, logo os pacientes devem perder, aproximadamente, 0,5 a 1% do peso ao dia. Isto não é problemático caso os pacientes recebam apenas líquidos intravenosos por poucos dias, mas caso este período se prolongue, na impossibilidade de usar a via digestiva, especialmente se o paciente for desnutrido, a nutrição parenteral total deve ser usada.

A solução hidreletrolítica de manutenção não fornece cálcio, fósforo, magnésio ou bicarbonato, o que é tolerado por alguns dias. O paciente que apresenta alguma perda excessiva específica de eletrólitos, como o paciente com acidose tubular renal, que perde bicarbonato na urina, necessita de reposição deste na hidratação venosa (HV).

Água para manutenção é fundamental para repor as perdas obrigatórias da urina, fezes, pele e pulmões (Tab.1). A urina compreende 60% do volume total e esta perda pode oscilar em até 20 vezes devido à capacidade renal de modificar a perda de água, concentrando ou diluindo a urina¹. O volume da água de manutenção ideal é aquele em que o rim não tem que concentrar ou diluir significativamente a urina, mantendo uma densidade urinária entre 1008 a 1010, que corresponde à osmolaridade urinária de 300 mOsm/L.

Água de manutenção

O cálculo da necessidade hídrica diária de manutenção (NHD) é baseado no consumo de quilocalorias, sendo este método o mais utilizado². A Tabela 1 mostra a correlação entre as faixas de peso e a NHD. O cálculo da NHD dos pacientes com excesso de peso é feito utilizando o valor da massa magra, que é estimado com o percentil 50 do peso para altura do paciente¹. O máximo de líquido para adultos é 2,4l/dia.

74 Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ

Terapia de hidratação venosa

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