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Visão geral do ensaio sobre clareza

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Por:   •  22/6/2014  •  Tese  •  3.423 Palavras (14 Páginas)  •  720 Visualizações

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Trabalho Completo Análise Do Livro Ensaio Sobre A Lucidez

Análise Do Livro Ensaio Sobre A Lucidez

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Categoria: Língua Portuguesa

Enviado por: Paulo 31 dezembro 2011

Palavras: 3712 | Páginas: 15

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nterrogação retórica, entre outras mais.

A construção de seus discursos, seus longos parágrafos de escassa pontuação gráfica, que dificultam a percepção de diálogos entre personagens, confundindo e cansando o leitor por estar sempre retomando o início da frase; somados à época na qual constrói e expressa seu pensamento, que fora influenciado pela mesma; fazem com que seu estilo literário seja extremamente singular; individual, inconfundível. Sendo assim, classificado como um texto Modernista, Realista, Contemporâneo, Romântico; mas acima de tudo, Saramaguiano.

Saramago pode ser considerado um escritor realista por contar a realidade, porém ele é um escritor contemporâneo ou pós-moderno.

"Ensaio sobre a lucidez" é um romance, construído em forma narrativa, ou seja, o acontecimento dos fatos ocorre em tempo cronológico; mas assim como o espaço, não é específico, fazendo alusão de que tudo o que ocorre na obra pode acontecer em qualquer lugar e em qualquer época; e também com qualquer um de nós, pois com base nessa justificativa, o autor cria seus personagens sem nome próprio. O narrador dessa história atemporal é onisciente (presente em 3ª pessoa).

O romance em questão já estava previsto para que fosse uma polêmica desde a intenção com a qual Saramago elaborou tal obra; que consiste em questionar e criticar, seriamente, o regime democrático; a ditadura capitalista e as instituições do poder político que, hipocritamente, dizem agir em prol da democracia contra um ato que considerem que seja uma ameaça ao próprio sistema democrático. Através de "Ensaio sobre a lucidez", José Saramago nos alerta sobre a queda do poder político diante do poder financeiro que abrange todo o sistema governamental do mundo; sobre a manipulaçao da imprensa, suborno, violência; tudo o que faz parte dos bastidores da política para que se obtenha e seja prezada "a democracia" estabelecida.

Sob seu pensamento marxista, e seguindo uma linha de raciocínio imposta desde as publicações de "Ensaio sobre a cegueira" (texto com o qual o Ensaio mais recente dialoga, e dá continuidade à trama, a vida de alguns dos personagens principais) e de "A caverna" (que retoma o mito da caverna de Platão), "Ensaio sobre a lucidez" finaliza uma trilogia sobre a alienação e a conscientização do homem na sociedade. Alienação esta representada pelo não querer saber, pela acomodação da mesmice política; alienação representada pela Cegueira! Paralelamente a isso, se pode perceber que tal cegueira, tal alienação se assemelham ao mundo das aparências em que vivemos, como se estivéssemos dentro da caverna e enxergássemos o mundo através das sombras projetadas ao fundo, mas não vendo a realidade de fato. Isto é vermos sem ver!

À partir desse pensamento, podemos observar que a sociedade descrente da capacidade de intervenção das massas dá lugar à sociedade que agora se tornou descrente da capacidade de que algum governo eleito por ela represente as suas necessidades; ou seja, a população cansada de ignorar esse regime democrático/ditatorial, cansada da deformação que alguns representantes que elege fazem do poder que lhes conferem e cansada das alternativas apresentadas serem semelhantes por mais que se enunciem diferentes, gerando a falta de opções; transforma sua ignorância a tudo isso, sua cegueira, em lucidez; transforma em ponto de partida para uma reação contra o sistema deformado. O voto branco se torna a primeira forma de reação, funcionando como um alerta para o poder político de que a população "acordou" e agora "vê" e "enxerga" tudo aquilo que estava sendo ignorado; se conscientizou da cegueira que a assombrava. A lucidez consequente da decepção do descaso, consequente do desencanto, faz o homem enxergar a realidade enfim; mas para que haja mudanças, além da conscientização, deve haver um ato que demonstre essa lucidez, e esse ato é o voto; que faz agora com que o sistema político se conscientize e comece a enxergar e a encarar os problemas da sociedade.

Sobre a obra

“Se Ensaio sobre a Lucidez não causar polêmica é porque a sociedade dorme”.

José Saramago em entrevista à emissora de TV portuguesa RTP.

Ensaio sobre a Lucidez é o 13° romance de Saramago e foi escrito em 2004. Como acontece em toda as obras, Saramago escreve “brincando com a escrita”. O autor utiliza orações e períodos longos, predominando a ausência de travessões durante os diálogos, desta forma cria a confusão no leitor que não sabe se o diálogo realmente existe ou se é o pensamento do personagem.

O romance intertextualiza com Ensaio sobre a Cegueira (romance escrito por Saramago em 1995) recuperando personagens que tiveram papéis importantes na trama deste. Romance político, Ensaio sobre a Lucidez traz de volta a brancura dos dias de cegueira branca, através agora do voto em branco.

A polêmica em torno da obra não se prendeu ao papel, sendo que nas eleições legislativas de 2004 em Portugal, algumas organizações fizeram um apelo ao voto em branco.

Antes de conhecer a história é preciso conhecer os personagens. Eles têm papel fundamental na trama de Saramago.

Os personagens:

Presidente da República: Tem um cargo meramente figurativo, já que o regime do país é parlamentarista. Tem a idéia de cercar a capital com um muro, como a Muralha da China, e isolar seus habitantes para que a epidemia branca não se espalhe pelo resto do país. È o primeiro a receber a carta incriminando a mulher do médico. Não gosta do Primeiro Ministro.

Primeiro Ministro: É chefe de estado do país, é dele a idéia de transferir a capital do país para outra cidade, abandonando os habitantes a sua própria sorte. É o terceiro a receber a carta acusadora, mas por ele a carta não deve ser levada a sério. Fica responsável pela cadeira do Ministro da Justiça com a demissão deste. Não gosta do Presidente da República e tem como inimigo o Ministro do Interior.

Ministro do Interior: Responsável por todos os atentados contra a capital depois da transferência do governo. Segundo a receber a carta contra a mulher do médico, por isso tem a idéia de incriminá-la como responsável pela votação em branco da cidade.

Ministro da Defesa: Responsável pelo cerco da capital depois da saída do Governo. Controla as Forças Armadas que ficam nas fronteiras impedindo que alguém entre ou saia da capital.

Ministro da Justiça: É contra as artimanhas do Governo, e durante uma reunião de Governo se demite, dizendo que a população retornou ao estado de lucidez ao votar em branco.

Ministro da Cultura: Faz alusão à cegueira de quatro anos com o voto de agora. Ao se demitir, na mesma reunião em que o Ministro da Justiça, deixa subentendido, que como os habitantes da capital, também votou em branco.

Presidente da Câmara dos Deputados: Com a saída do Governo da Capital, se torna a autoridade máxima da cidade. Recebe ordens do Ministro do Interior para governar a cidade. Demite-se depois do atentado a bomba por achar que o Governo tem algo a ver com o ocorrido.

Comissário de Polícia: É o responsável por investigar a mulher do médico e seu marido. Ao conhecê-la, percebe que ela é inocente e tenta defendê-la do Governo.

Investigador de Polícia: Segundo na investigação, fica responsável por interrogar o velho da venda preta e a rapariga dos óculos escuros.

Agente de Segunda Classe: Terceiro na investigação, interroga a ex-mulher do primeiro cego.

Primeiro cego ou o tipo da carta: Acusador da mulher do médico. Envia uma carta ao Presidente da república, ao Primeiro Ministro e ao Ministro do Interior, contando a história de quatro anos atrás, informando que a mulher do médico não cegou e cometeu um assassinato, por causa deste assassinato acha que ela é capaz de ser responsável pelo voto em branco. É conhecido pelos investigadores como o tipo da carta.

Mulher do médico: é casada com um oftalmologista, durante a cegueira branca de quatro anos, foi a única a não ficar cega e por isso cuidou de seis pessoas durante o episódio, quando eles ficaram presos em um manicômio. Matou um homem a tesourada para defender as outras mulheres. È acusada de ser a responsável pelo voto em branco.

Médico: Casado com a mulher do médico, também ficou cego a quatro anos. Ele e sua esposa ainda mantêm contato com outras pessoas do grupo, menos com o garoto estrábico, que voltou a morar com a família e com o primeiro cego por acharem-no antipático.

Velho da venda preta: Casou-se com a rapariga dos óculos escuros e é amigo do médico e sua esposa.

Rapariga dos óculos escuros: Ex-garota de programa, depois da cegueira branca casou-se com o velho da venda preta.

Ex-mulher do tipo da carta: Ex-mulher do primeiro cego, eles separaram-se porque o marido não conseguia perdoá-la por ter mantido relações com outros homens em troca de comida na época da cegueira branca. É amiga das outras pessoas que compuseram o grupo do manicômio.

Constante: Também conhecido como o cão das lágrimas, é o cão da mulher do médico. Constante é o único personagem do romance a ter um nome.

Homem da gravata azul com pintas brancas: Matador a serviço do Ministro do Interior, responsável pelas mortes do comissário, da mulher do médico e de Constante.

Brancosos: Como são tratados pelo Governo, os habitantes da capital que votaram em branco.

Resumo da obra

Em Ensaio sobre a Lucidez não há capítulos, os acontecimentos da trama vão se desenrolando como se fosse um roteiro de filme. Em vez de capítulos é possível separar a obra em momentos. Os principais momentos são:

Primeira votação

O dia da votação parecia que seria o dia de maior abstenção da história eleitoreira do país. Uma chuva torrencial caía e o tempo apenas melhorou depois de meio-dia, mesmo com a melhora do tempo, pouquíssimos eleitores votaram, não chegavam a formar filas. A partir das 16h, todos os eleitores tiveram a necessidade de votar, até os idosos e doentes saíram de suas casas, alguns com a ajuda de bombeiros para ir a sua zona eleitoral depositar o seu voto. Com uma hora de atraso a votação é encerrada, ao se concluir a apuração dos votos há uma grande surpresa. Os resultados foram:

“Os votos válidos não chegavam a vinte e cinco por cento, distribuídos pelo partido da direita (p.d.d.), treze por cento, pelo partido do meio(p.d.m.), nove por cento, e pelo partido da esquerda (p.d.e.), dois e meio por cento. Pouquíssimos votos nulos, pouquíssimas abstenções. Todos os outros, mais de setenta por cento da totalidade, estavam em branco.”

(Ensaio sobre a lucidez)

Segunda votação

Devido ao alto índice de votos brancos, o Governo decide fazer uma nova eleição, anulando, assim, a primeira. Durante a segunda votação havia nas filas espiões do Governo, para saber quem era os responsáveis pela estranha votação anterior. E o Ministro do Interior foi aos veículos de comunicação da capital para informar os seguintes resultados:

“Prezados concidadãos, disse, o resultado das eleições que hoje se realizaram na capital de um país foi o seguinte, partido da direita, oito por cento, partido do meio, oito por cento, partido da esquerda, um por cento, abstenções, zero, votos nulos, zero, votos em branco, oitenta e três por cento.”

(Ensaio sobre a Lucidez)

Com estes resultados, o ministro do interior resolve prender as pessoas suspeitas que estavam nas filas e foram denunciados pelos espiões e interrogá-las com o uso de polígrafos, esperando com este gesto, intimidar a população, além de declarar estado de sítio na capital.

A mudança da capital para outra cidade

Com o passar do tempo, eles percebem que a ideia do ministro do interior não está surtindo o efeito desejado. O primeiro ministro tem a idéia de transferir a capital do país para outra cidade. Saem da cidade o presidente da república, os ministros, os deputados, o exército, que passa a tomar conta das fronteiras da capital, e a polícia. Fica na cidade a câmara dos vereadores, e o presidente da câmara, que passa a ser o responsável pela capital, os servidores de limpeza da cidade e os bombeiros, para não deixar a cidade completamente abandonada.

Durante a saída às escondidas dos Governantes, pois eles saíram de madrugada, todas luzes das casas por onde a comitiva passava se acenderam iluminando o caminho dos retirantes até a fronteira.

Armações do ministro do interior

Ao saírem da cidade e deixando a cidade a cargo do presidente da câmara, as autoridades montaram ardis para que a população se sentisse desprotegida e abandonada. A primeira medida foi instaurar secretamente greve dos servidores de limpeza, mas as mulheres da cidade pegaram nas vassouras e esfregões e foram varrer as ruas. Depois deste episódio os servidores de limpeza decidiram voltar a trabalhar por conta própria contrariando as ordens do ministro do interior.

Como o plano anterior não deu certo, o ministro do interior decide fazer um atentado a bomba na saída do metrô da capital e culpar os “brancosos” pelo ato terrorista. A explosão tem um efeito maior do que o esperado e 34 pessoas morrem na explosão.

Devido a este atentado, o presidente da câmara se demite por não concordar com os métodos do ministro.

Plano Xenofonte

As pessoas que não votaram em branco decidem sair da cidade após o atentado e utilizam suas influências para conseguirem. O plano de evacuação da cidade ganha o nome de plano xenofonte. Mas os retirantes não contavam com a falta de comunicação do Governo, como não é avisado o ministro da defesa dá ordem ao exército de não deixar ninguém passar. Avisado do imprevisto e alertado pelo ministro da defesa de que poderia haver “brancosos” no meio da caravana, o primeiro ministro manda o ministro do interior convencer os retirantes a voltar para casa. O ministro do interior clama o amor à pátria e afirma que os “brancosos” estão roubando os pertences deixados para trás. Os retirantes decidem voltar para cidade e são recebidos e ajudados pelos habitantes de quem tinham medo.

Retorno ao assunto proibido (a cegueira branca)

É formada uma reunião de urgência entre os ministros para saber como vencer os “brancosos”. O presidente da república tem a ideia de murar a capital para impedir que a epidemia branca se alastre, este plano e recharcido pelos outros.

Por não concordar com os métodos do Governo, o ministro da justiça se demite, alegando que talvez o voto em branco seja uma forma de lucidez da população, cansada do descaso das autoridades. Ele é seguido pelo ministro da cultura, que antes de ir embora compara branquitude do voto de agora à cegueira de quatro anos atrás.

O diálogo que termina com a demissão do ministro da justiça e do ministro da cultura é o seguinte:

“Há quatro anos estivemos cegos e agora digo que provavelmente cegos continuamos.

(Ensaio sobre a Lucidez)

“(...) o voto em branco é uma manifestação de cegueira tão destrutiva como a outra. Ou de lucidez, disse o ministro da justiça, Quê, perguntou o ministro do interior, que julgou ter ouvido mal, Disse que o voto em branco poderia ser apreciado como uma manifestação de lucidez por parte de quem o usou, Como se atreve, em pleno conselho do governo a pronunciar tamanha barbaridade antidemocrática, deveria ter vergonha, nem parece ministro de justiça, explodiu o da defesa, Pergunto-me se alguma vez terei sido tão ministro da justiça, ou de justiça como neste momento”.

(Ensaio sobre a Lucidez)

Ouvindo isto, o primeiro ministro tem a idéia de realmente comparar as duas situações, espalhar chuva de panfletos dizendo que a população se encontra novamente cega e precisa do governo para voltar a ver. O plano do primeiro ministro é descrito da seguinte forma

“falemos abertamente sobre o que foi a nossa vida, se era aquilo, durante o tempo em que estivemos cegos, que os jornais recordem, que os escritores escrevam, que a televisão mostre as imagens da cidade tomadas depois de termos recuperado a visão, convençam-se as pessoas a falar dos males de toda a espécie que tiveram de suportar, falem dos mortos, dos desaparecidos, das ruínas, dos incêndios, do lixo, da podridão, e depois, quando tivermos arrancado os farrapos de falsa normalidade com que temos andado a querer tapar a chaga, diremos que a cegueira desses dias regressou sob uma nova forma, chamaremos a atenção da gente para o paralelo entre a brancura da cegueira de há quatro anos e o voto branco de agora” .

(Ensaio sobre a Lucidez)

A acusação à mulher do médico.

Com a distribuição dos panfletos, uma carta é endereçada ao presidente da república, ao primeiro ministro e ao ministro do interior, informando que durante cegueira branca de quatro anos, uma mulher não cegou, ela orientou e cuidou de um grupo de seis pessoas, até matando um homem para defender este grupo, a carta insinuava que já que a mulher não havia cegado e matado uma pessoa, ela poderia ser a mandante do voto em branco. Esta mulher é a mulher do médico. Tanto o presidente da república como o primeiro ministro não dão importância a carta, preferindo deixá-la em sigilo, mas ao perceber que o ministro do interior também tem uma cópia da carta e pretende investigá-la, eles deixam o caso em suas mãos.

A investigação

A investigação do caso da carta fica a cargo do comissário de polícia, do investigador de polícia e do agente de segunda classe, que entra na cidade às escondidas. Sua primeira obrigação é investigar a pessoa que enviou a carta, esta pessoa é o primeiro cego, que depois fica conhecido como o tipo da carta. Na entrevista os policiais descobrem que o tipo da carta se separou da mulher por não aguentar saber que ela foi violentada por outros homens pela comida que ele comia, e ele acha realmente que a mulher do médico é a responsável pelo voto em branco.

Depois de interrogar todos os suspeitos (o comissário, o médico e sua esposa; o investigador,o velho da venda preta e a rapariga dos óculos escuros; e o agente, a ex-mulher do tipo da carta) o comissário se convence que a mulher do médico é inocente. Ele relata ao ministro do interior sua descoberta, e o ministro diz que a mulher é culpada, pois busca um bode expiatório para o voto em branco. O ministro consegue com o comissário uma foto do grupo, que fica com o homem de gravata azul com pintas brancas.

A denúncia e a traição

A mulher do médico é denunciada pelos jornais com os seguintes títulos:

“Descoberto Finalmente O Rosto Da Conspiração, Esta Mulher Não Cegou Há Quatro Anos, Resolvido O Enigma Do Voto Em Branco, A Investigação Policial Dá Os Primeiros Frutos”.

(...)

“Assassina, Esta Mulher Matou, Outro Crime Da Mulher Suspeita Um Assassinato Há Quatro Anos”.

(Ensaio sobre a Lucidez)

Buscando ficar em paz com sua consciência e proteger a mulher do médico, o comissário procura um jornal que é independente do Governo e publica a verdadeira história da mulher do médico e todos os detalhes da investigação do comissário com o título, “Que Mais Nos Falta Saber”.

Com esta traição ao Governo, o ministro do interior ordena que o homem de gravata azul de pintas brancas mate o comissário. Acusado pelo primeiro ministro da morte do comissário, o ministro do interior é demitido e o primeiro ministro assume o ministério do interior.

O médico é levado para interrogatório. Estando sozinha em casa, a mulher do médico é morta pelo homem da gravata azul com pintas brancas, que também mata Constante, o cão das lágrimas, que uivava por perder sua dona. As únicas testemunhas do crime são dois cegos que estavam passando pela rua, seguindo o seguinte diálogo:

“Então o cego perguntou, Ouviste alguma coisa, Três tiros, respondeu o outro, Mas havia um cão aos uivos, Já se calou, deve ter sido o terceiro tiro, Ainda bem, detesto ouvir os cães a uivar”.

(Ensaio sobre a lucidez)

Conclusão

José Saramago mostra em Ensaio sobre a Lucidez seu pensamento Marxista, criticando o sistema capitalista que visa o poder. Os “brancosos” querem limpar a capital de políticos corruptos. Afigura do primeiro ministro que visa o unificar o ministério do interior, da defesa e da justiça, tendo ele como centro de poder é totalitária. O mesmo se pode dizer do presidente da república, que várias vezes, no romance, reclama de seu poder limitado pelo parlamentarismo.

Porém, é explícito atitudes humanistas, representados nos personagens, do presidente da câmara dos deputados,nos ministros da justiça e cultura e, principalmente, na do comissário,que arrisca a carreira e a vida na possibilidade de ajudar a mulher do médico.

A respeito da morte da mulher do médico e de Constante,o cão das lágrimas, Saramago faz um apelo à população. Ele diz o seguinte:

“No fundo, o uivo é a presença do cidadão na vida da sociedade, na vida do país, fora dessa rotina cinzenta em que, mais ou menos, estamos. Quando eu digo “uivemos”, estou a pretender dizer ”digamos,reclamemos, protestemos”. Uivar é dar demonstração de compreensão dos fatos. Enunciar-se é dar demonstração de lucidez.”

(Saramago)

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