A INTERVENÇÕES NUTRICIONAIS NO DIABETES TIPO 2 NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: REVISÃO DE LITERATURA
Por: Gabriela Rafaeli • 16/12/2017 • Trabalho acadêmico • 1.424 Palavras (6 Páginas) • 439 Visualizações
INTERVENÇÕES NUTRICIONAIS NO DIABETES TIPO 2 NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: REVISÃO DE LITERATURA
RESUMO
O diabetes tipo 2 é mais prevalente no adulto, porém nos últimos anos tem se verificado um aumento da prevalência em crianças e adolescentes. A obesidade infantil no Brasil atinge 14,3% do total da população de crianças de cinco a nove anos, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008-2009. Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 são a obesidade, a inatividade física e uma alimentação não adequada, dentre outros fatores de risco. Foi realizada uma busca nas bases de dados Lilacs e Pubmed, resultando um total de 262 artigos publicados no período de 20 anos (1996 a julho de 2016) referentes ao tema proposto. Destes foram selecionados 11 artigos que atendem o tema proposto para a realização do trabalho. Outros 2 artigos de relevância para a pesquisa foram adicionados sem a busca com os descritores, totalizando 13 artigos. No presente trabalho, serão discutidos os achados sobre ingestão alimentar, gordura corporal, índice de massa corporal, sensibilidade a insulina e prática de atividade física em jovens com diabetes tipo 2 ou com fatores de risco para esta doença.
Descritores: Diabetes tipo 2; Infância; Adolescência; Nutrição; Consumo alimentar. Type 2 Diabetes; Childhood; Adolescence; Nutrition; Food Consumption.
1. INTRODUÇÃO
O estilo de vida vem sofrendo alterações, tais como mudanças comportamentais que refletem no controle de ingestão alimentar e prática de exercícios físicos (LYRA et al., 2006). Os padrões alimentares estão se modificando rapidamente na grande maioria dos países, tendo como principais características a ascensão do consumo de produtos industrializados e consequentemente substituição da alimentação equilibrada a base de preparações culinárias com alimentos in natura ou minimamente processados, como, por exemplo: arroz, feijão, frutas e legumes. No Brasil, essas transformações determinam, entre outras consequências, o desequilíbrio na oferta de nutrientes e a ingestão excessiva de calorias aumentando consideravelmente a frequência de doenças crônicas como a obesidade e o diabetes na população (BRASIL, 2014).
A obesidade é um importante problema de saúde pública, e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é uma epidemia global (WHO, 2003). Em nosso país está aliada à expansão da globalização e ao progresso do mesmo, sendo que nos últimos anos os casos de desnutrição foram substituídos pelo excesso de peso da população, caracterizando a transição nutricional (VITOLO, 2015; POPKIN, 2001). A obesidade é resultante da ação de fatores ambientais, tais como hábitos alimentares, atividade física e condição psicológica em indivíduos predispostos geneticamente a apresentar excesso de tecido adiposo (DIAMOND, 1998), na infância e adolescência, seu diagnóstico vai depender do peso, estatura e da composição corporal (VITOLO, 2015).
O conceito de transição nutricional corresponde às alterações dos padrões nutricionais, modificando a dieta das pessoas e se correlacionando com mudanças sociais, econômicas e demográficas relacionadas à saúde (POPKIN, 1993). Essas transformações alimentares refletem no perfil nutricional da população, tais como alterações de peso e de composição corporal dos indivíduos, tendo como característica aumento da ingestão de gorduras, açúcares, alimentos refinados e a
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diminuição da ingestão de carboidratos complexos e fibras podendo também estar associadas com o aumento do sedentarismo (POPKIN, 1994).
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada em 2008-2009, a prevalência de excesso de peso classificada pelo índice de massa corporal (IMC)-(IMC/idade ≥1 escore Z) e obesidade (IMC/idade ≥2 escore Z) em crianças de cinco a nove anos foi de 33,5% e 14,3%, respectivamente. A obesidade correspondeu a cerca de um terço do total de casos de excesso de peso no sexo feminino e quase metade no masculino. A prevalência do excesso de peso oscilou de 25 a 30% nas regiões norte e nordeste e de 32 a 40% nas regiões sudeste, sul e centro-oeste (BRASIL, 2010).
O DM é um grupo de doenças caracterizado por concentrações sanguíneas elevadas de glicose resultantes de defeitos na secreção de insulina, na sua ação ou em ambos. A insulina é um hormônio produzido pelas células beta do pâncreas necessário para o uso ou armazenamento dos combustíveis do corpo (carboidratos, proteínas e gorduras). Sendo assim, com a deficiência de insulina, a hiperglicemia ocorre (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012).
A evolução do diabetes (DM) tipo 2 e dos estados de hiperglicemia é frequentemente acompanhada por um conjunto de anormalidades metabólicas e hemodinâmicas, denominadas, em conjunto, síndrome metabólica. A obesidade e a má alimentação são fatores de risco potenciais para o desenvolvimento de DM tipo 2, e, além destes, a história familiar de DM, hipertensão, baixos níveis de colesterol HDL e elevados níveis de triglicerídeos (TADDEI, 2011).
No DM tipo 1 ocorre a deficiência de secreção de insulina (TADDEI, 2011). O DM tipo 2 é a forma mais prevalente, verificada em 90 a 95% dos casos, caracterizando-se por defeitos na ação e secreção da insulina e na regulação da produção hepática de glicose. A resistência à insulina (RI) e o defeito na função das células beta estão presentes precocemente na fase pré-clínica da doença que é causada por uma interação de fatores genéticos associados ao DM tipo 2 e fatores ambientais como alimentação rica em gorduras e açúcares refinados, sedentarismo
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e envelhecimento (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016a). Define-se RI como uma perturbação das vias de sinalização mediadas pela insulina em que as concentrações adequadas do hormônio produzem uma resposta
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