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Os impactos da produção de alimentos e dos resíduos sólidos

Por:   •  4/4/2017  •  Seminário  •  2.300 Palavras (10 Páginas)  •  348 Visualizações

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Universidade Federal de Campina Grande – UFCG

Centro de Tecnologia de Recursos Naturais - CTRN

Departamento de Engenharia Agrícola

Curso de Graduação de Engenharia de Alimentos

Disciplina: 1502216 - Ciências do Ambiente             Período: 2013.1

Professor: Mozaniel Gomes

Aluna: Ana Elisa de Sena Assis          Matrícula: 113112085

Recursos hídricos: Os impactos da produção de alimentos e dos resíduos sólidos

Campina Grande / PB

Agosto/2013

        Como se sabe, a água é um recurso natural e constitui um componente bioquímico indispensável para os seres vivos, incluindo a raça humana. Além disso, ela é o ambiente de vida para várias espécies de animais e vegetais.

        Possuiu a importância fundamental para toda e qualquer atividade humana. Na agricultura e pecuária são usados, aproximadamente, 70% dos recursos hídricos globais, podendo representar até 90% da composição dos vegetais, onde a disponibilidade inadequada desses recursos em períodos de crescimento das plantas pode comprometer uma lavoura inteira e gerar crise aguda de fome em larga escala. Na pecuária, é importante tanto para os animais quanto para a produção de ração, a qual incorpora água não só para ser produzida como também solicita determinado teor de umidade para configurar – se eficazmente enquanto forragem. O consumo agrícola e pecuário dos recursos hídricos se manterá tendencialmente maior em termos de capital hidrológico global, pois o crescimento das áreas de lavoura irrigada e das pastagens conquistadas ao meio natural será responsáveis pela maior parcela de acréscimo da utilização dos recursos hídricos nos próximos 25 anos. Um dos motivos disso é a expansão demográfica que exerce uma pressão crescente no sentido de ampliação das áreas voltadas para a produção de alimentos, por isso que a irrigação irá crescer em todo o mundo, cuja difusão é acompanhada pela requisição de vastos volumes de água e paralelamente a isso, se alastram os desmatamentos afetando regiões florestadas e abrindo espaço para o surgimento de campos artificiais voltados para a produção de carne bovina e de culturas comerciais da soja.

        O mundo cresce à razão de 90 milhões de pessoas, o equivalente a um novo país do México, o que evidencia um aceleração sem precedente do crescimento demográficos.

        Apesar das reservas hídricas mundiais serem inalteráveis, visto terem se mantido estáveis ao longo de dezenas de milhões de anos (Vide REBOUÇAS, 1999, p. 6/8), o consumo de água tem crescido exponencialmente e de forma descontrolada. Não existindo qualquer possibilidade de ampliar o estoque natural das águas doces, a necessidade de se repensar a utilização dos recursos hídricos torna-se evidente, sendo utilizado também para alimentos, que absorve uma fração significativa do consumo mundial da água. A pauta alimentar é um dado cultural que ao firmar-se em determinados gostos e sabores, influencia diretamente o perfil de utilização dos recursos hídricos. Um exemplo disso é que, enquanto que nos Estados Unidos a produção da dieta californiana típica reclama 2.200 m³/per capita/ano (dos quais 64% são encaminhados para a produção de carne), na Tunísia, no Norte da África, apenas metade deste volume, ou seja, 1.100m³/per capita/ano (dos quais 27% estão voltados para a produção de carne), são suficientes para alimentar satisfatoriamente os habitantes deste país (Vide FAO, 1996).

        Além da cultura, existem também os aspectos históricos que exercem um papel importante na culinária das pessoas. Isso explica o porque da Somália, uma ex - possessão italiana que jamais se destacou na produção de trigo, ser um país vorazmente consumidor de espaguete e o porque de o Brasil, uma ex – colônia portuguesa, importar sofregamente azeite de oliva e milhares de toneladas de azeitonas sem na contrapartida posicionar – se como um produtor de oliveira. Essa questão conquista caráter mais acirrado quando passamos a perceber a articulação entre a questão alimentar e a influencia colonialista. Isto porque em muitos contextos, a pauta alimentar reproduz os padrões impostos pelo colonialismo cultural, articulando inserções sociais e políticas. É por essa razão que o meio urbano de muitas nações do terceiro mundo caracteriza – se por uma pauta alimentar absolutamente diversa do camponês do interior, que ainda atém – se aos padrões culinários tradicionais, enraizados na realidade local e que são no geral, ambientalmente mais sadios e eficazes. A uniformização do padrão alimentar contou com a estratégia do auxílio alimentar encaminhado para os países do terceiro mundo. Basicamente de origem norte-americana, a doação de alimentos, na realidade um procedimento preocupado em reforçar a demanda por produtos importados, terminou alterando a pauta nutricional tradicional das nações agraciadas com este auxílio.

        Através da oferta de alimentos gratuitos ou oferecidos politicamente a baixo custo, essa estratégia implantou novos hábitos alimentares nos países pobres, criando mercados consumidores antes inexistentes.

        Ao exemplo de Dakar, cidade senegalesa na qual a baguete fabricada com farinha de tribo tornou-se um verdadeiro ícone culinário, o painço, sorgo e milho, cereais tradicionais da região da Senegâmbia, passaram a representar menos de 10% do consumo local da cidade, e isto em oposição à tendência local de consumo destes alimentos (DELPEUCH, 1990, p. 99). O fortalecimento dos padrões ocidentais de alimentação estão normalmente acompanhados de uma demanda adicional de água. Recorda o ambientalista Lester Brown, “À medida que as pessoas ascendem na cadeia alimentícia e passam a consumir mais carne bovina, suína, aves, ovos e lactínios, consomem mais grãos. Uma dieta americana rica em produtos pecuários requer 800kg de grãos/pessoa/ano, enquanto as dietas na Índia, dominadas por uma alimentação básica de amidos como arroz, caracteristicamente necessitam apenas de 200kg. O consumo quatro vezes maior de grãos por pessoa significa igual crescimento no consumo de água” (BROWN, 2003). Mostra os dados dos impactos provocados pela produção de alimentos nos recursos hídricos, onde: a produção de 1kg de trigo reclama o suprimento de 900L de água; 1kg de milho, 1.400L; 1kg de arroz, 1.910L; 1kg de carne de frango, 3.500L; por fim, 1kg de carne de boi implica no consumo de 100.000L de água. (ARMAND, 1998); para se produzir uma tonelada de grãos são necessárias mil toneladas de água, e para uma tonelada de arroz, duas toneladas de água. (REBOUÇAS, 1999B, p. 49); no Brasil, apenas quanto ao item dessedentação, os rebanhos são responsáveis por 5% de água consumida no país, sendo que deste total, o gado bovino absorve cerca de 93% do total (TUCCI, HESPANHOL e NETTO, 2001, p. 60 e seguintes); além da agricultura e da pecuária, a aquicultura também tem se destacado como atividade consumidora de água. Atualmente, um em cada três peixes degustados pela população mundial é proveniente de fazendas de psicultura. Especialmente na China, país que responde por cerca de 90% da aquicultura mundial, o crescimento da aquicultura tem promovido a desaparição de pântanos e mangues para ceder lugar as fazendas de criação de peixes e camarões (Revista National Geographic, Exemplar de Setembro 2002); a produção de carne, ao relacionar – se diretamente com a criação de animais, significa também produzir dejetos. O esterco é um produto orgânico altamente poluente, podendo gerar a morte dos rios em razão da Demanda Bioquímica de Oxigênio. Neste particular, extensões inteiras do nosso planeta estão tornando – se inabitáveis devido às gigantescas montanhas de estrume atiradas no meio ambiente. Os restos orgânicos dos rebanhos contribuem para com o aquecimento global, dado que emitem metano, um dos principais Gases do Efeito Estufa; um aspecto nutricional do consumo de água na produção de alimentos reside em quesitos como a produção de bebidas e de refrigerantes. Contando com uma legislação corporativa a seu favor, os fabricantes de bebidas podem oferecer, por exemplo, bebidas engarrafadas a um preço mais baixo do que a água mineral ou mesmo do que o leite. Com base nesta lógica perversa, cada mexicano bebe em média uma quantidade três vezes maior de refrigerantes do que de leite, apesar deste ser mais barato e nutritivo (DELPEUCH, 1990, p. 109); outro aspecto, também negligenciado nas discussões de alimentos, é o custo energético que envolve a produção e a distribuição dos alimentos. Este dado importa pelo fato de fração significativa da energia mundial basear-se numa matriz hídrica, pelo que temos  na energia um outro input (entrada) hídrico importante na questão da produção alimentícia. Este percentual energético tem crescido por conta da refrigeração e refeições de consumo rápido, tais como pratos congelados, legumes pré – cozidos, etc.; nesta perspectiva, embora a energia elétrica empregada na agricultura represente apenas 2% do total em um país como a França, a atividade alimentar como um todo, desde a fabricação de adubos até o consumidor final, utiliza 16 e 17% do total da energia consumida no país (DELPUCH, 1990, p. 43). A importância dada pelos ocidentais ao consumo de carne e de vegetais cultivados fora da estação é outra influência palpável na elevação do input energético dos alimentos. De resto, os alimentos “viajam” cada vez mais nos países afluentes: cerca de 2.100km em média nos Estados Unidos (SILVA, 2003); e, exemplificando, poderíamos recordar que os 100.000L de água requisitados para produzir 1kg de carne equivalem a 100 caixas d’água domésticas, o que naturalmente já significaria muita água. Outro dado, mais assombroso ainda, é assinalar que 100.000L de água são suficientes para uma pessoa tomar banho de ducha durante 4 anos e 8 meses e banho de imersão durante 1 anos e 7 meses. Assim, poupamos mais água não comendo ½ kg de carne do que deixando de tomar banho 1 ano inteiro!

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