A CÁRIE DENTÁRIA CORRETO
Por: Luiz Felicio Fiorotti • 8/3/2019 • Trabalho acadêmico • 1.545 Palavras (7 Páginas) • 511 Visualizações
INTRODUÇÃO
A cárie dentária é a doença de maior prevalência na cavidade oral, sendo a mais estudada em todo o mundo pelos pesquisadores (ALMEIDA et al., 2012). Esta resulta da interação de bactérias específicas com os constituintes da dieta dentro do biofilme dental (BOWEN, 2002). A lesão de cárie é observada apenas quando há um desequilíbrio no meio favorecendo a acidificação do biofilme dentário em decorrência do metabolismo dos carboidratos da dieta por microrganismos residentes (CRUZ, 2017).
As lesões de cáries se desenvolvem em superfícies dentárias em que os biofilmes são formados, permitindo-se acumular e reter por longos períodos de tempo (FEJERSKOV, 2004). Embora necessário para a progressão da lesão da cárie, a acumulação de biofilme por si só não é suficiente. Os açúcares são o fator fundamental, negativo, responsável pela progressão da lesão da cárie (SHEIHAM; JAMES, 2015).
O conceito e o entendimento da etiologia e da patogênese da cárie dentária desenvolveram-se durante o século passado e ainda predominam. Entretanto, não houve aparente análise do crescimento científico exponencial ocorrido durante as últimas décadas, indicando a necessidade de reconsiderações (FEJERSKOV, 1997). Um estudo realizado em 2017 mostrou que mais da metade dos registros encontrados na internet sobre a doença cárie, diz que é uma doença transmissível, desses, grande parte afirma que a doença pode ser transmitida de mãe para filho e através do beijo. Destacando assim, a importância da publicação de trabalhos que expõe o verdadeiro conceito de cárie (CRUZ, 2017).
EPIDEMIOLOGIA E POLARIZAÇÃO DA CÁRIE
A cárie dental é um importante problema de saúde pública. Os dados evidenciados pela literatura internacional e nacional mostram uma expressiva redução dos índices de cárie (NARVAI et al, 2006).
Segundo o Ministério da Saúde do Brasil aos cinco anos, idade índice para levantamentos epidemiológicos, 46,6% das crianças brasileiras, quase a metade desta população, estão livres de cárie na dentição decídua. Aos doze anos, outra idade índice, 43,5% apresentam a mesma condição na dentição permanente. Nas idades de 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos, os percentuais foram 23,9%, 0,9% e 0,2%, respectivamente (SB BRASIL, 2010). Entretanto, esse declínio também veio acompanhada pelo fenômeno de “polarização” que consiste no fato de haver ausência da doença em grande parte de indivíduos, e em outro lado, um grande número de casos concentrados num pequeno grupo de pessoas, fato fortemente relacionado à condição socioeconômica (NARVAI et al, 2006).
Em 1997 e novamente em 2014, os Institutos Nacionais de Saúde reuniram-se em uma Conferência sobre cárie precoce infantil (ECC). Durante o intervalo, houve grandes passos tremendo na compreensão da patogênese de ECC. A ECC agora é aceita como uma doença crônica evitável que tem várias implicações na qualidade de vida, impacto social e implicações econômicas. A informação sobre incidência e prevalência nacional de cárie dentária é obtida usando dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (NHANES). Esta pesquisa é administrada pelo CDC com cerca de 5000 adultos e crianças a cada ano. A entrevista inclui questões psicológicas, médicas e dentárias juntamente com um exame físico e oral. Os resultados da pesquisa NHANES de 2011 a 2012 mostram um declínio na ocorrência de cárie em crianças de 2 a 5 anos de pesquisas anteriores da NHANES. Os dados da NHANES de 2001 e 2002 demonstraram que 15% das crianças de 2 a 5 anos apresentaram cárie ativa, com 25% apresentando experiência de cárie com procedimento restaurador. Na NHANES de 2003/2004, esses números aumentaram para 24% de cáries ativas, com 30% de dentes ativos e/ou restaurados. No entanto, até 2011/2012, a porcentagem de cárie ativa diminuiu muito para menos de 10%, enquanto que as experiências de cárie/restauração aumentaram para 30% das crianças pesquisadas. Os resultados indicaram que mais crianças tiveram procedimentos restauradores. No entanto, permanecendo inalterados desde 1991, os dados indicaram que quase 50% das cáries em crianças pequenas ocorrem em dentes anteriores superiores.
VISÃO GERAL SOBRE O PROCESSO DA DOENÇA CÁRIE
A cárie dentária é uma doença complexa, crônica, progressiva e multifatorial, intermediada por fatores patogênicos que podem levar a danos dentários (exposição freqüente a carboidratos dietéticos, boca seca e um biofilme produtor de ácido capaz de fermentar carboidratos e produzir uma diminuição do pH) e fatores protetores (flúor, selantes, fluxo salivar normal e capacidade de armazenamento e produtos como agentes antibacterianos) que podem proteger os dentes de danos. As bactérias produtoras de ácido expostas a carboidratos fermentáveis da dieta produzem ácidos orgânicos de pequenas cadeias que são pequenos o suficiente para difundir-se na sub-superfície do dente causando a dissolução do mineral dentário, processo este denominado de desmineralização.
A saliva saudável pode ajudar a neutralizar esses ácidos bacterianos e fornecer cálcio e fosfato, os quais se difundem de volta para a sub-superfície do dente, promovendo a sua remineralização. O equilíbrio (ou desequilíbrio) entre esses fatores patogênicos e protetores determina se haverá uma desmineralização ou remineralização da estrutura dental. A desmineralização ao longo do tempo provavelmente resultará em danos prejudiciais ao dente. Esse processo ocorre a nível molecular, onde o cálcio e o fosfato são perdidos da subsuperfície, e por isso, não são detectáveis a olho nu nos estágios iniciais de desmineralização. No entanto, se a desmineralização progredi, eventualmente causará mudanças na superfície dental que podem ser detectadas visualmente.
DIAGNÓSTICO DA CÁRIE
O sucesso do tratamento depende da exatidão do diagnóstico inicial. Atualmente existem vários exames e métodos de diagnóstico que permitem a personalização do tratamento, favorecendo o prognóstico da doença, podendo prevenir futuras lesões. O diagnóstico tradicional da cárie envolve o reconhecimento da lesão por radiografia e exame clínico. (CASTRO, 2016)
O método radiográfico é um excelente exame complementar para auxiliar o diagnóstico. Nunes et al. (2016) realizaram um estudo para avaliar o diagnóstico e concordância entre o exame clínico e radiográfico no diagnóstico de lesão de cáries interproximais. Foi possível observar que a porcentagem de acerto no exame clínico foi de 28,46% e no exame radiográfico foi de 100%. Mostrando a importância do exame radiográfico para colaborar com o processo diagnóstico. É recomendável a associação dos dois métodos para um diagnóstico mais preciso.
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