Barroco Brasileiro

Introdução

O Barroco, ou Seiscentismo, é formado pelas primeiras manifestações literárias legitimamente brasileiras ocorridas no Brasil Colônia, sendo diretamente influenciadas pelo barroco europeu. Mas diferentemente da realidade portuguesa de luxo e pompa da aristocracia, o Brasil vivia uma realidade de violência, onde se tinha a escravização de negros e índios. Na arte nota-se o contraste entre teocentrismo e antropocentrismo, fé e razão, claro e escuro. Foi fortemente representado no Brasil entre os anos de 1720 e 1750. Além da literatura, o movimento estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura da época.

Contexto histórico e características

Após o Concílio de Trento, realizado entre os anos de 1545 e 1563 o Catolicismo começou a perder poder e espaço na Europa. Da mesma forma, os católicos continuavam tendo influencia, tanto no cenário político, quanto no religioso e econômico.

O Renascimento continuou a s desenvolver nos Estados protestantes, que tinham liberdade de expressão. Porém nos Estados onde a Igreja Católica Apostólica Romana tinha poder, sobretudo na Península Ibérica, desenvolveu-se o movimento chamado Contrarreforma, que tinha como objetivo reprimir todas as manifestações que iam contra aos dogmas da Igreja. Nesse período, a Companhia de Jesus passa a dominar o ensino, com a evangelização, exercendo papel importantíssimo na difusão do pensamento aprovado pelo Concílio de Trento.

O Tribunal da Inquisição se estabeleceu em Portugal para julgar casos de heresia, ameaçando cada vez mais a liberdade de expressão. O complexo contexto em que o continente se apresentava fez com que o homem tentasse conciliar os valores humanos despertados no Renascimento com as ideias de submissão e perante Deus e a Igreja no Barroco. Ao antropocentrismo renascentista opôs-se o teocentrismo, inspirado nas tradições medievais.

Com essa contradição, surgiu um movimento artístico que expressava também atitudes contraditórias do artista em face do mundo, da vida, dos sentimentos e de si mesmo; esse movimento recebeu o nome de Barroco.

No Brasil o barroco surge em 1601, no contexto histórico da Primeira invasão holandesa, que ocorreu na Bahia, em 1624, e a Segunda, em Pernambuco, em 1630, que perdurou até 1654. As invasões aconteceram na região que concentrava a produção açucareira. Salvador é a capital brasileira. Neste contexto aparecem grandes nomes, como Gregório de Matos e Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho.

O ouro financia o desenvolvimento urbano de diferentes regiões do país. Especialmente, a arquitetura religiosa alcança uma magnificência até então nunca vista. O barroco atinge seu ápice neste período, apresentando sensíveis variações regionais: mais intrincado e severo na Bahia, mais suave e intimista em Minas Gerais.

Quando o ouro começou a escassear, por volta de 1760, o barroco entrou igualmente em declínio.

Temas frequentes na Literatura Barroca

A literatura barroca é fruto do conflito característico de sua época. O homem era pressionado pela Igreja, religião e pela ciência, racionalidade. Sempre há a presente contradição: Igreja x pensamento renascentista (racionalidade); salvação x pecado; céu x inferno; espírito x carne; fé x razão.

Atormentado por este conflito, o homem produz textos literários com características bastante nítidas. São elas:

• Uso de contrastes: as ideias opostas seduzem o barroco; os textos mostram choques entre amor e dor, vida e morte, religiosidade e erotismo, juventude e velhice, etc.

• Pessimismo: conflito entre o eu e o mundo. A vida terrena é vista como triste cheia de sofrimento, enquanto que a vida celestial é luminosa e tranquila.

• Presença de impressões sensoriais: usando seus sentidos, o homem busca captar todo o sentido da miséria humana, ressaltando seus aspectos dolorosos e cruéis.

• Preocupação com a transitoriedade da vida: por ser curta, a vida não permite que o homem a viva intensamente, como seria seu desejo.

• Intensidade: desejo de expressar as emoções fortes do amor, do desejo e da dor em profundidade, na tentativa de encontrar o sentido da existência humana.

• Linguagem complicada, excessivamente trabalhada, através de: expressões eruditas; sintaxe rebuscada, com uso frequente da ordem inversa; repetições; paralelismo; uso abusivo de figuras de linguagem, principalmente antíteses, hipérboles, paradoxos, e metáforas; uso freqüente de frases interrogativas (cultismo)

• Tentativa de conciliação entre a religiosidade e o racionalismo: há uma constante oscilação entre os dois opostos. Duas correntes se distinguem na literatura barroca: o cultismo e o conceptismo.

A arte religiosa

A ideologia do Barroco é fornecida pela Contrarreforma. Em nenhuma outra época se produziu tanta quantidade de igrejas, capelas, estátuas de santos e monumentos sepulcrais. As obras de arte deviam falar aos fiéis com a maior eficácia possível, mas em momento algum descer até eles. A arte barroca tinha que convencer, conquistar e impor admiração.

O tema da passagem do tempo

O homem barroco assume consciência integral no que se refere à fugacidade da vida humana (efemeridade): o tempo, veloz e avassalador, tudo destrói em sua passagem. Por outro lado, diante das coisas transitórias (instabilidade), surge a contradição: vivê-las, antes que terminem, ou renunciar ao passageiro e entregar-se à eternidade?

Forma tumultuosa

O estilo barroco apresenta forma conturbada, decorrente da tensão causada pela oposição entre os princípios renascentistas e a ética cristã. Daí a frequente utilização de antíteses, paradoxos e inversões, estabelecendo uma forma contraditória, dilemática. Além disso, a utilização de interrogações revela as incertezas do homem barroco frente ao seu período e a inversão de frases a sua tentativa na conciliação dos elementos opostos.

Cultismo e conceptismo

O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole.

Já o conceptismo, que ocorre principalmente