Terapia ocupacional
Por: Mariana Batistamarian • 21/9/2016 • Trabalho acadêmico • 567 Palavras (3 Páginas) • 613 Visualizações
Aberturas para a Terapia Ocupacional adequada às ciências essenciais e alternativas no tratamento de pacientes com desordem alimentar
O transtorno alimentar foi motivo de despertar social no Brasil para um comportamento endêmico, derivado da susceptibilidade à supremacia universal da tendência europeia, em meados dos anos 80. Como admiradores ávidos, desprovidos da infraestrutura, renda, genótipo e fenótipo de uma cultura tão diferente, os brasileiros (aqui tratados especificamente) tornaram-se reféns de uma ditadura de “aparência ideal”, que foi erroneamente associada a status e, mais tarde, a uma “melhor forma de viver”. Esses modelos foram disseminados mundialmente por revistas, televisão e rádio por decisivos anos. O interesse científico - alimentado pela mobilização midiática do problema, que noticiava uma sociedade inserida numa cultura essencialmente imagética e corpórea-, aliado à curiosidade comum fomentada, focalizou o problema como alvo de pesquisa e discussão. A partir daí, movimentos, tratamentos, psiquiatrias e psicologias tentaram compreender um contexto tido como “descoberto” – pois não era novo; estabelecendo, concomitantemente, uma mobilização emotiva de cunho social que tinha como objetivo inicial relatar e descrever o problema. No decorrer dos anos, esse assunto se tornou um gancho para novas teorias e tratamentos de cura, novas políticas sociais e fiscalizações, modificações de “modelos” já institucionalizados e até mesmo criação de nichos de mercado.
Posteriormente, após o “frenesi” dos anos 90, que promoveu o fato com uma visão condescendente às consequências da pós-modernidade, utilizando óbitos e necessidades eminentes de cura como motivo para promoção de novas políticas públicas, os casos saíram dos jornais e revistas e foram parar nas estatísticas, revelando reais demandas de atenção a problemas psíquicos na área da saúde. Assim surgiram os tratamentos interdisciplinares, que levam em conta o histórico familiar, o histórico social, o contexto individual e as limitações físicas que tornavam (e tornam) o indivíduo com transtorno alimentar limitado dentro da convivência e ocupação dos papéis sociais que se propôs a assumir.
Por algumas décadas contribuímos para a geração de um comportamento talvez ainda preponderante, embora ainda disfarçado em dissidentes discursos midiáticos. Esses traços ainda são observados na atualidade: o invés de usarem a “aparência” como fator principal, as preconizações voltaram-se para a “manutenção da saúde”, passando a incorporar a busca por índices fisiológicos ideais, medicamente aceitos, ao conceito de equilíbrio corporal e de vida. Portanto, esta aparência ideal nunca foi descartada, mas foi preciso readequá-la em uma nova configuração. A imagem passou a ser motivo de “satisfação individual”, e não condição para aceitação social.
Com a modificada, porém contínua abertura de mercado a um assunto de polêmica vigente-resultado da consequência das complicações psíquicas da saúde de um povo que foi refém de um contexto e de uma história mundial que não teve condições de acompanhar- a área da saúde recebeu mais um incentivo para reorganizar-se integralmente. As novidades, tendências e descobertas científicas aconteciam em um ritmo acelerante. Qualquer informação midiática poderia ser considerada por uma população em contato com uma nova realidade – mesmo que só polêmica e não justificada. Talvez por isso seja possível afirmar que houve a necessidade emergencial de um diálogo entre Medicina, Nutrição, Psicologia e Terapia Ocupacional. E, talvez, este tenha sido um passo significativo, na década de noventa, para o desenvolvimento empírico de um novo modelo de tratamento na área de saúde dentro da sociedade contemporânea.
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