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AVALIAÇÃO DE NÍVEIS DE TOXICIDADE PARA O PACAMÃ (Lophiosilurus alexandri Steindachner, 1876) FRENTE À EXPOSIÇÃO AGUDA AO NITRITO

Por:   •  25/6/2015  •  Abstract  •  1.982 Palavras (8 Páginas)  •  642 Visualizações

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Resumo

AVALIAÇÃO DE NÍVEIS DE TOXICIDADE PARA O PACAMÃ (Lophiosilurus alexandri Steindachner, 1876) FRENTE À EXPOSIÇÃO AGUDA AO NITRITO

O pacamã Lophiosilurus alexandri é um peixe nativo oriundo da Bacia do Rio São Francisco cuja textura firme da carne e ausência de espinhos intramusculares o tornou alvo da pesca com redução de seus estoques naturais. As técnicas de reprodução e larvicultura voltadas para o repovoamento e aquicultura vêm se tornando uma realidade, contudo o conhecimento sobre as variáveis limnológicas ideais e toleráveis deve ser investigado, sobretudo a presença de produtos tóxicos que podem ser limitantes se não letais mesmo em concentrações muito diluídas a exemplo da amônia. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a tolerância de larvas de pacamã em ambientes ricos em nitrito e em baixa salinidade. Para a realização dos testes de toxicidade, foram utilizados juvenis (1,5±0,2 cm, 0,09±0,03 g), previamente aclimatados às condições médias de pH=8,24; oxigênio dissolvido=6,17 mg.L-1 e temperatura=26,65°C. Depois de estimada a faixa de letalidade ao nitrito, por meio de teste preliminar, os testes definitivos foram realizados para se determinar a concentração letal mediana (CL50-96 h) para o nitrito N-NO2-. D. 10 peixes foram alocados em béqueres contendo 1L de água doce e a 2‰. em concentrações crescentes de nitrito 200, 400, 600, 800, 1200, e 1500 mg/L somadas a condição controle, todas em duplicata. A cada 24 h, 100% dos meios foram renovados e os peixes não foram alimentados por possuírem vitelo. Ao final do teste de toxicidade aguda, as CL´s50 -24h, -48h, -72h e -96h nas temperaturas 26, 29 e 32°C foram respectivamente, 26°C - 511,82; 456,03; 442,34 e 442,35, 29°C - 603,14; 500,58; 454,41 e 442,10, 32°C - 599,89; 497,43; 482,48 e 475,17, empregando-se o “software Trimmed Spearman Karber method”. Podemos concluir que o pacamã apresentou boa tolerância ao nitrito e que o sal na água influencia positivamente na tolerância e sobrevivência desta espécie em ambientes ricos em compostos nitrogenados.

Palavras-chave: qualidade de água, toxicidade, salinidade, mortalidade

INTRODUÇÃO

           O teor nutritivo da carne do pescado e a divulgação das pesquisas que associam o consumo desse alimento com a melhoria da saúde tem gerado uma maior procura por esses produtos (Sartori & Amancio, 2012). O pescado possui uma rica composição de aminoácidos em suas proteínas, contêm todos os aminoácidos essenciais para a alimentação humana e alto valor biológico. A composição lipídica do pescado contrasta com a de carnes oriundas de mamíferos por possuir mais de 40% do total lipídico em ácidos graxos de cadeia longa poli-insaturados, que trazem benefícios à saúde humana além da rica composição de vitaminas e minerais (Crepaldi et al., 2006; Sartori & Amancio, 2012). Por isto, a OMS recomenda um consumo per capita de 12 Kg/hab/ano (BRASIL, 2012).

          A busca pela maximização dos processos nas diversas atividades de Aquacultura sempre visam a obtenção de lucro, desenvolvimento da área e abastecimento da demanda de mercado. Os sistemas de produção intensivos são a alternativa mais utilizada para alcançar esse objetivo. Em consequência, na maioria das vezes é preciso um grande controle e monitoramento dos fatores químicos, físicos, biológicos e nutricionais de modo a proporcionar bem estar da espécie produzida e a rentabilidade desejada pelo produtor.

          No sistema intensivo, o ambiente é amplamente aproveitado utilizando-se o máximo de estocagem animal possível. Por conseguinte, é necessário o fornecimento de alimento para que esses animais se desenvolvam e atinjam o padrão comercial desejado. Na maioria dos sistemas de cultivo de peixes carnívoros, os peixes recebem alimento com alto nível de proteína. Parte da proteína ingerida é assimilada pelo animal e convertida em proteína utilizada no funcionamento de seu organismo. Por sua vez, o nitrogênio proveniente da proteína não aproveitada pode ser eliminado como nitrogênio orgânico (fezes) ou excretado como amônia e/ou ureia (Baldisseroto, 2002).

          No ambiente aquático, a amônia é oxidada por bactérias nitrificantes e transformada em nitrito. Posteriormente, o nitrito também é oxidado e transformado em nitrato (Oliveira et al 2006). A concentração desses compostos inorgânicos nitrogenados no ambiente, acarreta a degradação de ecossistemas aquáticos. Consequentemente, os organismos aquáticos sofrem os efeitos tóxicos desse processo de eutrofização (Smith et al. 1999). No caso de sistemas fechados é importante a existência de filtros biológicos, com bactérias nitrificantes (Baldisseroto, 2002)

           Na aquacultura, a amônia pode acumular-se devido à excreção, mineralização de compostos orgânicos através de bactérias heterotróficas (Kamstra et al 1996) e também pelo uso de águas eutrofizadas (Bianchini et al 1996). As concentrações de amônia não ionizada (NH3) e nitrito (NO2) podem atingir níveis tóxicos para os organismos aquáticos cultivados e necessitam de atenção especial quando são utilizadas altas densidades de estocagem (Tomasso, 1994)

             A proporção de amônia (NH3) e amônio (NH4+) depende principalmente: do pH, da temperatura e da salinidade (Jobling, 1994; Hargreaves, 1998; Rendall & Tsui, 2002). Quanto maior for o pH, maior a proporção de amônia (NH3), (Rendall & Tsui, 2002).

            Na água a amônia entra no organismo como NH3 (Rendall & Tsui, 2002). E o equilíbrio entre as duas formas é importante para entender os efeitos da amônia nos peixes, pois o aumento da amônia em aguas alcalinas é devido à diminuição da concentração de H+, como mostra a reação NH3 + H+↔NH4+ diminuindo o H+, ocorre deslocamento da reação para a esquerda (Baldisseroto, 2002).

             A amônia (NH3) é mais toxica, uma vez que entra no organismo atravessando livremente membranas celulares por difusão (Randall & Ip, 2006). As membranas biológicas são permeáveis à amônia, mas relativamente impermeáveis ao amônio (Rendall & Tsui, 2002). Muitas espécies não toleram altas concentrações de amônia ambiental, mas algumas espécies são amônia-tolerantes e têm uma variedade de estratégias para evitar a toxicidade da amônia (Randall et al. 1999; Ip et al. 2004) Sintomas de intoxicação da amônia como: hiperventilação, natação errática, perda de equilíbrio e morte já foram relatados por alguns autores (Hillaby & Randall, 1979; Knoph, 1996; IP et al. 2001).

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