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A Cadeia Produtiva da Carnaúba

Por:   •  2/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  4.197 Palavras (17 Páginas)  •  525 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

Devido às variadas utilidades que possui a palmeira da carnaúba, é possível se aproveitar todas as partes que compõem da planta. Alves e Coelho (2006) afirmam que o naturalista Humboldt, já no século XVIII, chamou-a de “árvore da vida”, “ao registrar sua admiração com as diversas e importantes finalidades da planta”.

Segundo Alves e Coelho (2006), o extrativismo da carnaúba contribuiu para a geração de riquezas e a ocupação de parcela da população rural do Nordeste, principalmente dos vales dos rios Jaguaribe e Acaraú (no estado do Ceará), Parnaíba (no Piauí) e Apodi (no Rio Grande do Norte). O principal produto da carnaubeira, tanto na atualidade como no passado, é a cera, com vasto mercado como produto exportação.

A maior incidência da palmeira ocorre no Nordeste Brasileiro nos vales dos rios da região da caatinga, principalmente do Parnaíba e seus afluentes, do Jaguaribe, do Acarajú, do Apodi e do médio São Francisco. Podendo ser encontrada também nos estados do Pará, Tocantins, Maranhão e Goiás. (MOREIRA; SILVA, 1974 apud ALVES; COELHO, 2006).

O Sindicato das Indústrias Refinadoras de Carnaúba do Estado do Ceará (2006) apresenta, como elos principais da cadeia produtiva da carnaúba:

• O proprietário rural, que nem sempre é o produtor de pó ou cera;

• O rendeiro, que extrai e faz um pré-beneficiamento;

• O industrial da cera, que realiza o beneficiamento final e é o exportador;

• O artesão que trabalha com a palha (SINDICATO DAS INDÚSTRIAS REFINADORAS DE CARNAÚBA DO ESTADO DO CEARÁ, 2006).

Apesar das inovações desenvolvidas nas indústrias de cera de carnaúba o setor continua exportando a cera na forma de commodity, quando deveria exportar derivados da cera, com maior valor agregado, o que indica a necessidade de desenvolvimento tecnológico que contemple novos produtos (ALVES; COELHO, 2006).

Alves e Coelho (2006), explicam que, apesar das inúmeras utilizações de que se tem conhecimento sobre a cera de carnaúba, a indústria brasileira não possui o domínio sobre a tecnologia de transformação. Estima-se que 95% da cera produzida no país, seja exportada na sua forma bruta, sendo refinada e transformada em países importadores.

No entanto, a carnaúba tem diversas utilidades, além da cera. A partir da sua palha, além da cera, é possível produzir artesanatos. A partir do seu fruto, obtém-se óleo combustível, ração animal e pó substituto do café. Do restante da planta, tem-se materiais de construção, cercas e palmitos (SINDICATO DAS INDÚSTRIAS REFINADORAS DE CARNAÚBA DO ESTADO DO CEARÁ, 2006)

2 OBJETIVO

O dossiê tem como objetivo abordar assuntos que tratam sobre a cadeia produtiva da carnaúba, tais como características botânicas, plantio, beneficiamento e fornecedores de equipamentos para o beneficiamento.

3 CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS

Palmeira nativa do Brasil, a carnaubeira (Copernicia prunifera) é uma planta de estipe reto e cilíndrico, com altura de varia de 7 a 10 metros, podendo alcançar os 15 metros, resistente a elevados teores de salinidade. Geralmente encontrada nos pontos mais próximos dos rios, suporta, alagamentos prolongados durante o período das chuvas, preferem solos argilosos (pesados) aluviais (de margens de rios) (FIG 1). (NETO, 2004 apud ALVES; COELHO, 2006).

3.1 Folhas

As folhas da carnaubeira são matérias-primas básicas para produção de cera, uma vez que são externamente revestidas por cobertura cerífera. “Possuem característica biológica de xeromofismo com propriedades especificas da espécie”. O pó extraído desta parte da planta tem grande importância industrial (PACHECO, [200-?]; CARNAÚBA, [200-?]a).

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Figura 1 : Folhas de carnaúba

Fonte: (CARNAÚBA, [200-?]a)

Quando alcança o seu maior estágio de desenvolvimento, estando com abertura completa, é denominada palha e sua estrutura assemelha-se a um leque (PACHECO, [200-?]).

3.2 Frutos

Os frutos da carnaubeira são cachos com centenas de frutos ovóides a globosos, brilhantes, esverdeados quando jovens e roxos quando maduros, conforme figura 2. Frutifica de novembro a março. A carnaúba produz um fruto comestível, que fornece uma fécula do mesmo valor alimentício que a mandioca. Seus frutos comestíveis e abundantes, quando verdes, constituem boa ração para o gado. Quando seco fornece um óleo fino. Torrados e moídos dão uma bebida semelhante ao café (CARNAÚBA..., 2012; CORTE; FRIAS; CAVALCANTE, 2009).

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Figura 2: Fruto da carnaubeira

Fonte: (CARNAÚBA, [200-?]b)

3.3 Tronco e raiz

Alves et. al. (1987 apud PACHECO, [200-?]) descrevem que o estipe (tronco) tem formato, “com diâmetro aproximado de 25 cm, sem ramificações, marcado por cicatrizes foliares

transversais, deixadas pelas folhas que caem. Os pecíolos permanecem ligados ao estipe através da bainha, ocorrendo a desagregação após a morte e queda do limbo (folha)”.

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Figura 3 - Carnaúbas na caatinga

Fonte: (CARNAÚBA, 2013)

O tronco – graças à resistência ao cupim e a outros insetos e à sua durabilidade quando mantido seco ou imerso em água salgada – é bastante utilizado, desde o período colonial, como madeira para a construção civil e marcenaria. O tronco apresenta resistência e durabilidade, sendo utilizado como material para construção de edificações, como currais e estrutura de cobertura de casas - linhas, caibros e ripas. Pode ser usado, ainda, “como poste de eletricidade e na marcenaria, transformadas em artefatos torneados como objetos de uso doméstico ou ornamental. Com o desgaste do tempo, torna-se um excelente adubo orgânico que pode ser utilizado na produção de hortaliças” (OLIVEIRA, 2010; PACHECO, [200-?]).

As raízes são tradicionalmente utilizadas no tratamento de algumas doenças. Possui propriedades diuréticas e usadas como chá é indicada para o tratamento do reumatismo e da sífilis (CARNAÚBA..., 2012).

4 CULTIVO

4.1 Plantio

O plantio da carnaúba é simples e pode ser feito consorciado com feijão, milho e mandioca, ajudando o pequeno agricultor a obter mais ganhos de sua área plantada (OLIVEIRA, 2010)

Recomenda-se que o plantio seja diretamente no solo, em covas medindo aproximadamente 20 cm de profundidade, com um espaçamento de 3m x 3m, 3,5m x 3,5m ou 4m x 3m, em áreas nativas ou, ainda, em concomitância culturas tradicionais como milho e feijão. Aconselha-se o uso da própria bagana como cobertura morta, a fim de reter a umidade (CÂMARA SETORIAL DA CARNAÚBA, 2009).

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