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Luta por Terra das Ligas Camponesas

Por:   •  2/7/2017  •  Resenha  •  1.754 Palavras (8 Páginas)  •  503 Visualizações

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A Lei de Terras foi muito importante, pois ela surgiu em um momento crítico da crise da escravidão e realizou a mudança entre as grandes plantações que utilizavam o trabalho escravo para a produção com o trabalho assalariado. Ela transformou a terra em mercadoria, ou seja, podiam ser compradas ou vendidas, o que não acontecia até então, porque elas eram passadas como um objeto hereditário. Segundo a lei aquele que tivesse dinheiro para pagar a Coroa podia privatizar as terras públicas. A partir de 1850 leis foram conquistadas e ajudavam no processo de abolição do trabalho escravo. Ainda nesse ano a Inglaterra impôs a proibição do tráfico de trabalhadores escravos da África para os demais continentes com objetivo comercial. Após isso o Brasil criou leis como a do ventre livre e a do sexagenário. Chegou em um estado onde a abolição da escravidão se tornou algo inevitável, os próprios escravos começaram a fugir organizando-se em quilombos ou migrando para regiões inacessíveis aos nobres que viviam nas cidades. A escravidão acabou legalmente em 1888, no entanto, os antigos escravos não conseguiam ter acesso às terras porque não tinham dinheiro para adquiri-las, contudo eles migraram para cidades portuárias. A Lei de Terras de 1850 fez com a terra se tornasse propriedade privada apenas para os fazendeiros, nascia assim o latifúndio injusto socialmente. Os trabalhadores negros impedidos de trabalhar como camponeses e sem recursos para comprar terra, começaram a ocupar locais de difícil acesso, onde a lei não era válida. A Lei n° 601, de 1850, tornou portanto, a terra que deveria ser um bem de acesso a todos em algo privado, acessível apenas aos ricos.  
        Como citamos anteriormente a Lei de Terras foi algo com características positivas e negativas para os escravos, pois ao mesmo tempo em que os libertou da escravidão deixou eles sem acesso á terra, no entanto não eram apenas eles os afetados com essa situação, os camponeses também tentavam ter acesso à terra. Com o objetivo de conquistar esse direito à terra os camponeses criaram as Ligas Camponesas que eram organizações de camponeses que estavam cansados de tanta injustiça e decidiram lutar por seus direitos. Os camponeses além de serem escravizados pelos príncipes e barões feudais, também eram obrigados a pagar o dízimo da igreja e o imposto pelo uso da terra que aumentava a cada ano como consequência pelo insucesso nas colheitas. Além disso, eles eram usados como meio de transporte pelos nobres semelhante ao boi quando usado para puxar carroça, todas essas injustiças resultaram em uma revolta dos camponeses. No feudalismo, o senhor era dono da vida de seu servo podendo matá-lo sem receber nenhuma punição, pois a justiça assegura os privilégios das classes superiores. A desigualdade econômica estava explicita na enorme diferença entre o castelo dos nobres repleto de luxo e uma enorme quantidade de criados e a humilde casa de barro e palha, sem luz e sem ar dos servos. A tradução da bíblia foi algo muito importante no processo revolucionário, pois o homem do povo, guiado por sua fé passou a compreender o que ali estava escrito. Após a tradução o camponês pode ver que Cristo era um homem simples e humilde que andava com sandálias ou até mesmo a pé e que vivia no campo, descobriu que Deus disse a Adão e Eva que a terra era dele e deveria ser distribuída entre todos aqueles que quisessem ser seus inquilinos. Com todo esse conhecimento em mãos o camponês se depara com a contradição entre os que pregavam e se diziam representantes da palavra de Deus, mas viviam em luxuosos palácios cheios de escravos. A tradução da bíblia foi um dos fatores determinantes para a revolução, após esse acontecimento os camponeses se negaram a pagar o aumento do imposto aos nobres e o dízimo á igreja. Logo em resposta “os infratores da lei” começaram a ser punidos sem piedade, sentenciados, queimados vivos, escorraçados e excomungados. No Brasil, há muitos anos as organizações camponesas tentaram constituir sindicatos, entretanto não conseguiram registro nem carta patente ocasionando o fim dos sindicatos agrícolas antes mesmo deles começarem. Em 1955, surge a Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco, popularmente chamada de “Liga Camponesa da Galiléia” uma iniciativa tomada pelos camponeses do Engenho da Galiléia. A Liga era liderada pelo ex-administrador da Galiléia José Francisco de Souza, conhecido por todos como o velho Zezé. Com a Liga formada começaram as intimidações por meio da Delegacia de Polícia, do promotor e do Juiz. A fim de lutarem por seus direitos os camponeses buscaram pela ajuda de um advogado e encontram Francisco Julião, ele era um advogado já simpatizado com a causa e aceitou dar auxilio a Liga Camponesa da Galiléia. Após dez anos mantendo contatos isolados, Julião se reúne pela primeira vez com os camponeses e chega conclusão de que a liberdade deles estava em suas próprias mãos. Logo após essa reunião começa a luta em três áreas: no campo, na Justiça e na Assembleia. A batalha judiciária entre os camponeses da Galiléia e os latifundiários durou dez anos. Os camponeses venceram essa batalha, porém não conseguiram as terras, pois o mesmo governo que lhe deu a vitória entregou as terras a uma companhia de revenda e colonização criada para combater as Ligas. Sendo assim a batalha é reiniciada, enquanto isso os camponeses vão sendo mortos e cassados, a imprensa passa a divulgar coisas para denegrir a imagem dos camponeses. Em meio a todos esses ataques dos latifundiários com o auxílio da polícia muitos camponeses ficam com medo e desistem da luta, muitas vezes fugindo para um local onde não sejam reconhecidos. Podemos melhor compreender o sofrimento dos camponeses assistindo ao filme “Cabra Marcado para Morrer”, que começa falando sobre a vida de João Pedro Teixeira que foi um líder camponês assassinado por um latifundiário. Após a morte de João Pedro sua mulher Elizabete Teixeira começa a fazer protestos em memória dele, mais tarde ela pede a investigação de seus assassinos. Ela começa a protestar também sobre a violência no campo e a situação no campesinato em todo sertão, com as manifestações ganhando cada vez mais força, o governo começou a intervir indo atrás das pessoas. Militares batem na porta da casa do pai de Elizabete convidando a moça para depor, sabendo que seria torturada e assassinada ela decide fugir deixando seus filhos com a família. Com medo de ser morta ela muda sua identidade dizendo outro nome para as novas pessoas a sua volta, assim evitando falar de seu passado.

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