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Meios de disseminação de pragas agrícolas

Por:   •  27/3/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.365 Palavras (6 Páginas)  •  236 Visualizações

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Meios de disseminação de pragas agrícolas

As espécies de organismos vivos são entidades morfológica e fisiologicamente variáveis ao longo do tempo, conforme estabelecido em 1859 no livro “Origem das Espécies” pelo naturalista britânico Charles Darwin.  A variação da distribuição espacial das espécies é um componente do processo de evolução. As transformações geológicas ocorrentes na Terra podem propiciar o aparecimento de novas oportunidades para que os seres vivos colonizem novas regiões.

Se a variação da distribuição das espécies está sujeita a alterações ambientais, ela também pode ser resultado de uma aptidão natural da espécie em dispersar-se a partir de uma distribuição natural. Elementos da natureza podem colaborar com esta dispersão, bem como as características intrínsecas das espécies, como a capacidade de voar a longas distâncias.

A Biogeografia é a ciência que estuda os padrões de distribuição geográfica das espécies. Nos estudos biogeográficos são levadas em consideração similaridades entre fauna e flora numa escala geográfica grande.

Com o advento da agricultura, organismos como insetos, ácaros, bactérias, vírus e fungos tiveram oportunidades de se estabelecer em novos locais. As atividades agrícolas, de certa forma, criaram condições propícias para a ocorrência de pragas em áreas onde elas naturalmente não ocorreriam. Esse fenômeno de expansão geográfica das pragas agrícolas pode ser explicado por duas forças de origem antrópica: a expansão das fronteiras agrícolas (que cria novos ambientes favoráveis às pragas) e a movimentação de material vegetal pelo mundo (que aumenta a probabilidade de entrada de uma nova praga em um novo local).

Embora seja facilmente observável que as ações humanas têm levado à dispersão de pragas agrícolas no mundo, podemos afirmar que a dispersão também está associada com mecanismos naturais. Uma junção entre a modificação do ambiente por ação humana e a oportunidade da praga dispersar essas áreas modificadas torna complexa qualquer tentativa de classificação dos meios possíveis para a introdução de pragas.

Se considerarmos a extensão territorial de um país como uma área sob risco de introdução de uma praga, a classificação proposta oferece um delineamento para um estudo das possibilidades dessa praga entrar na área sob perigo. Uma entrada de pragas pela via natural é causada basicamente por elemento da natureza ou capacidade de movimentação da praga. O homem, conforme já exposto anteriormente, ao modificar o ambiente poderá propiciar um aumento dos mecanismos naturais de dispersão das pragas.

Entre os mecanismos naturais, a entrada de uma praga por dispersão ativa ocorre quando a praga é dotada de capacidade de mover-se de forma ativa em direção ao seu hospedeiro. No caso do transporte passivo por agente biótico, a praga apresenta-se intimamente relacionada com algum agente que se disperse de forma ativa, ou seja, dispersado passivamente por meio de um agente abiótico.

Disseminação de organismos

Vírus, Bactérias e Fitoplasmas

Os principais vetores de vírus e bactérias são insetos, mas vírus também podem ser transmitidos por ácaros, nematoides, protozoários e fungos. O tipo de relacionamento entre o fitopatógeno e o vetor é fundamental para o alcance espaço-temporal da disseminação destes organismos.  

No caso de insetos e vírus, o relacionamento tem sido classificado em circulativo e não-circulativo. O tipo circulativo ocorre quando o vírus circula pela hemolinfa, intestino e glândulas salivares do vetor e o tempo de aquisição e inoculação dura de horas a dias, o tempo de retenção é indefinido e há um período latente de horas a dias após a aquisição, necessário para a eficiente inoculação do vírus. O tipo não-circulativo, é dividido ainda em não-persistente, quando o vírus é adquirido em uma planta infectada dentro de um intervalo de tempo de segundos e precisa ser imediatamente inoculado em um novo hospedeiro, pois permanece infectivo por apenas alguns minutos no vetor. Já o tipo de não-circulativo semi-persistente, o período de aquisição e inoculação varia de minutos a horas, porém o vírus não circula pela hemolinfa, intestino e glândulas salivares do inseto.

Duas doenças causadas por procariontes de importância quarentenária para o Brasil tiveram introduções por vetores relatadas em outros países. O HLB, relatado no Brasil em 2004, é considerada a doença mais destrutiva dos citros e, por enquanto, está restrito aos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná no Brasil, sendo classificado como praga quarentenária presente (Brasil, 2013). É causado por bactérias limitadas ao floema [Candidatus Liberibacter spp. (Rhizobiales: Phyllobacteriaceae)]. As duas principais formas de disseminação da doença são através de inseto vetor e por material vegetativo contaminado (borbulhas e mudas). O psilídeo-dos-citros63, Diaphorina citri (Kuwayama) (Hemiptera: Liviidae), é o transmissor das bactérias e está presente em todas as regiões do Brasil desde 1942 (Girardi, 2013).

No início dos anos 1980 o fitoplasma foi relatado na península de Yucatan, no México. Neste caso, a principal hipótese foi a introdução do vetor infectivo pelo homem, visto que o período correspondeu ao desenvolvimento de resorts em Cancun com importações não-controladas de material da Flórida (palmeiras e gramados para campos de golfe – propícios para o desenvolvimento de cigarrinhas). A posterior disseminação para Honduras e Guatemala no início dos anos 1990 pode também ter ocorrido por processo semelhante ao do México ou pelo transporte de vetor infectivo por ventos de ciclones (Dollet et al., 2009).

A introdução através de material de propagação vegetativa como bulbos, tubérculos, toletes e estacas e através de mudas é considerada de alto risco para vírus, viroides e fitoplasmas, pois possibilita a transmissão de todas as espécies destes organismos.

Em casos de doenças bacterianas não transmitidas por vetor, o transporte de plantas é a principal forma de introdução. Doenças como o cancro-cítrico, causada por Xanthomonas axonopodis pv. citri (Hasse) Vauterin, Hoste, Kersters & Swings (Xanthomonadales: Xanthomonadaceae), detectada na região de Presidente Prudente, Estado de São Paulo, 24 anos após o seu primeiro registro na Argentina e Ralstonia solanacearum raça 2 (Smith) Yabbuchi (Burkholderiales: Ralstoniaceae), causadora do moko-da-bananeira, detectada no Amapá apenas um ano após seu registro na Venezuela (Lopes-da-Silva et al., 2014)

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