Resenha artigo Agroecologia - Primavesi

Resenha da autora Ana Maria Baronesa Primavesi

        Pretende-se nesta resenha abordar questões relevantes relativas a trajetória da Engenheira Agrônoma Ana Maria Baronesa Primavesi, desde sua origem, região onde desenvolveu seu trabalho, as principais influências de sua obra..

        A autora nasceu na Áustria no ano de 1920, Sua família praticava agricultura e pecuária de maneira tradicional, pois ainda não existiam as tecnologias da Revolução Verde. Em 1942 graduou-se em Agronomia na Universidade de Viena, onde fez seu doutorado em Ciências do Solo, e conheceu o seu marido e colega Arthur Primavesi. O casal e três filhos mudaram-se para o Brasil em 1948, ao final da guerra, para morar no Sul do Brasil.

        Suas influências para o estudo dos solos  para preservação do planeta, foram o farmacêutico, F. Görbing e o Professor F. Sekera, o primeiro tido como vidente pelo seu conhecimento sobre as condições nutricionais dos solos e das plantas, e sua relação com a produtividade, e o segundo que estudou a composição dos solos em laboratório.

        Foi professora da Universidade Federal de Santa Maria, mas também trabalhava como agricultora, fazendo experimentações em seu sítio no estado de São Paulo. Deu mais de 500 palestras e cursos em universidades, institutos e congressos. Foi co-fundadora da a AAO (Associação de Agricultura Orgânica)e do MAELA (Movimiento Agroecológico Latinoamericano). Hoje ainda é ativa, compartilhando seus conhecimentos em plataformas virtuais. O prêmio do MAELA, que é concedido a cada dois anos tem seu nome – "Ana Primavesi Award". Também ganhou o principal prêmio da agricultura mundial em 2012, da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM), o One World Award.

        Sua contribuição acadêmica compõe aproximadamente 94 artigos científicos e 11 livros. A partir de sua vivência como agricultora, nos primeiros anos após sua chegada no Brasil, Ana Primavesi publicou diversas cartilhas relacionadas ao controle de erosão, que ficaram muito populares. Em 1955, Primavesi recebeu a difícil tarefa de cultivar trigo de qualidade em solo ácido e pobre, e após três anos aplicando processos inovadores e princípios biológicos, para recomposição da matéria orgânica do solo, e incrementação de fertilidade a partir de plantas de cobertura, conseguiu-se a primeira colheita.

        No volume 1 do livro A moderna agricultura intensiva, publicado em 1964, o casal de pesquisadores resgatam um elemento esquecido no momento, a importância da adubação orgânica e mineral, uma vez que nesse momento, a adubação mineral estava a todo vapor, de maneira somente a nutrir o solo devido a Revolução Verde. O contraponto se dá pela necessidade de adubação de solo para equilibrá-lo e não somente para o aporte de nutrientes. A importância da biocenose, que simplificadamente é o conjunto de seres vivos do solo, também é abordada neste livro.

        Sua obra mais influente foi o livro intitulado Manejo Ecológico dos Solos, lançado nos anos 80, que revolucionou a agricultura orgânica dos trópicos da América Latina. Nesta obra foram apresentados conteúdos, enfoques e orientações inéditas para o manejo dos solos das regiões tropicais e subtropicais, seguindo princípios da ecologia. Ampliando o entendimento do equilíbrio do solo, para os aspectos, físicos, biológicos, químicos... em contraposição a concepção baseada somente nos aspectos químicos, mecanização intensiva e fertilizantes sintéticos altamente solúveis, que eram os  vigentes na época.