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O desejo de entender o cosmos

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Por:   •  24/11/2014  •  Tese  •  1.470 Palavras (6 Páginas)  •  470 Visualizações

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Desde que o homem se conhece, sua preocupação com o Universo tem sido fonte de inspiração nas ciências assim como nas artes, na filosofia e na religião. Iniciamos a jornada humana através de um misticismo que se tornou pensamento, vertendo-se primeiramente em religião, depois em filosofia e finalmente em ciência, tendo passado pelas artes. Quando nos tornamos conscientes de nossa existência, a beleza do cosmos abalou profundamente nossa mente. E desde então, a preocupação humana com o problema de nossas origens tem sido fonte de inspiração para a música, arte e religião, haja visto a enorme quantidade de lendas em sociedades mais primitivas e a sua presença em conteúdos mitológicos de várias religiões politeístas, que culminam nas gêneses das religiões monoteístas.

A busca da compreensão do cosmos motivou também gerações de pesquisadores em todas as áreas do conhecimento. O ser humano, tornado consciente, passando a viver o mito do herói e a planejar a compreensão de si mesmo e de seu mundo exterior, almeja poder descrever a criação do mundo, suas leis e conseqüências. A Arte retrata bem estas passagens. É assim que a preocupação humana tomou forma em objetos longínquos, primeiramente, desde os antigos, no macrocosmos. Não havia na época como se preocupar com o microcosmos por falta da técnica adequada. Ao final do século XVIII este caminho começou a ser trilhado e posteriormente pavimentado.

Pode-se dizer que a Mitologia tenha sido o início da ciência, como vemos nos pitagóricos, que foram o elo de ligação entre o Orfismo e uma proto-ciência. O Orfismo, por sua vez, foi um movimento de reforma dos mitos dionisíacos. Pitágoras fez portanto uma ligação entre o místico e o racional, uma dicotomia que sempre permeou a história do pensamento humano, não tendo, todavia, uma união harmônica no Ocidente depois dos gregos antigos. Na Grécia Antiga, os mitos anteriores acerca de deuses e ritos menos civilizados foram transformados nos mitos acerca dos deuses Olímpicos por Homero, já que um povo guerreiro, de grandes heróis, necessitava de deuses condizentes com tal descrição.

Interessa-nos aqui a questão da criação. Em muitas civilizações a criação do universo tem caráter similar, com uma criação que inclui aquela do próprio tempo, o que de fato é correto na concepção da relatividade geral. A criação entre os gregos apresenta um aspecto geral bastante parecido com a criação judaica, em algumas de suas vertentes. Para os gregos, Caos juntou-se com a Noite (Nyx) com quem teve um filho, Érebo (Escuridão). Este casou-se com a própria mãe, gerando Éter (Luz) e Hemera (Dia) que por sua vez, com a ajuda do filho Eros, gerou o Mar (Pontus) e a Terra (Gaia). Gaia gerou o Céu (Urano). Gaia e Urano geraram os doze Titãs, entre os quais Cronos e Rhea, pais de Zeus. Cronos trouxe o tempo. Comia seus filhos, em uma personificação daquele que cria para destruir. Rhea salva Zeus, que quando crescido rebela-se, salvando os irmãos do interior paterno, e gerando assim a homens e deuses.

Esta brevíssima história, que em suas versões originais foram ricas de detalhes até mesmo sobre o interior humano, mostra a preocupação do homem com a criação do mundo e seu destino. Os deuses olímpicos preocuparam-se com os homens e suas lutas como se fossem questões deles mesmos. Foram deuses humanizados, tanto no melhor quanto no pior sentido, tal como na história bíblica de Jó. Os deuses Olímpicos nos trouxeram a preocupação com as Ciências, com as Artes e com a Medicina. Palas Atena foi a mais sábia das deusas, e Febo Apolo foi o pai de Asclépio, o fundador da Medicina. Seus filhos Macáone e Podalírio foram médicos.

A cosmologia foi uma importante peça na estrutura do pensamento humano, já que dá um caráter divino às atribuições humanas, fazendo dos céus um habitat dos deuses paralelo à Terra. Toda civilização tem alguma resposta para a pergunta sobre a estrutura do Universo e, começando da civilização helênica, o homem foi se aproximando de uma resposta a partir da observação dos céus, uma resposta que andava na direção do racional.

A ciência grega era no entanto uma proto-ciência. Conhecia-se muito, mas apesar disto, os conceitos estavam, dentro do aspecto da ciência moderna, equivocados. Foram no entanto essenciais para a posterior evolução do pensamento humano. Em particular, o conhecimento dos céus, primeiramente através da antiga crença astrológica, posteriormente através da observação direta dos céus, foi bastante grande, tendo evoluído para o Universo Ptolomaico.

Assim, já mais de 1.000 anos antes da era cristã havia observações precisas do movimento do Sol, através da variação do tamanho da sombra de uma vara vertical, durante o dia e de um dia para outro. Combinando-se com relógios d'água, havia uma marcação do tempo.

Os movimentos das estrelas são mais regulares, porém sua observação é mais difícil, pois é necessário que se reconheçam estrelas facilmente distinguíveis de noite para noite. São todavia excelentes para marcações de tempo com prazo mais longo. A maioria das constelações reconhecidas pelos antigos foram colocadas em correspondência a figuras mitológicas, de onde temos uma pré-proto-ciência, a Astrologia, que mistura observações precisas com elementos mitológicos.

Para que as observações feitas aqui na Terra, que hoje sabemos estar em movimento, fizessem sentido, caracterizou-se o movimento dos céus através de duas grandes esferas, que em uma

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