A ANÁLISE MULTITEMPORAL DE USO E OCUPAÇÃO
Por: Rafaela Sousa • 28/6/2022 • Artigo • 3.933 Palavras (16 Páginas) • 105 Visualizações
ANÁLISE MULTITEMPORAL DE COBERTURA E USO DO SOLO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAETÉ, PARÁ
MULTITEMPORAL ANALYSIS OF THE LAND COVER AND LAND USE IN THE CAETÉ RIVER HYDROGRAPHIC BASIN, PARÁ
Rafaela Epitácio de Sousa
Bacharelanda em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis pela UFRA
souzaepitacio@hotmail.com
Suzanne de Oliveira Melo
Bacharelanda em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis pela UFRA
suoliveirame@gmail.com
Sanae Nogueira Hayashi
Docente da UFRA
sanae.hayashi@ufra.edu.br
Resumo
As bacias hidrográficas possuem papel primordial no desenvolvimento de uma sociedade, pois os seres vivos utilizam de seus diversos benefícios para sua subsistência, porém as atividades antrópicas podem provocar alterações negativas, comprometendo a conservação da bacia e dos serviços ambientais oferecidos por ela. A micro bacia do rio Caeté possui cerca de 149 quilômetros de extensão e passa por municípios, vilas, comunidades ribeirinhas e algumas indústrias. Assim, este trabalho tem como objetivo, identificar as alterações da cobertura da terra entre 1985 e 2019, na bacia de Rio Caeté. Para a delimitação da bacia foi utilizado um Modelo digital de Elevação e para o mapa de cobertura e uso da terra, foram utilizadas imagens do Mapbiomas dos anos estudados. Os resultados indicaram que há uma intensa substituição de mata nativa por pastagem, durante a variação ocorrida nos anos em estudo, a classe teve um aumento de 15,32% expandido entorno de 597,35 km2 de área da bacia. Comportamento semelhante foi observado na classe de infraestrutura urbana, onde as áreas com expansão urbana obtiveram um crescimento de 72,05%. A partir da metodologia empregada nesse trabalho tornou possível identificar uma tendência de transformação desordenada na ocupação do solo.
Palavras-Chave: Mapbiomas; Topodata; Geoprocessamento.
Abstract
O Hydrographic basins play a fundamental role in the development of a society, as living beings use their diverse benefits for their subsistence, but human activities can cause negative changes, compromising the conservation of the basin and the environmental services offered by it. The micro basin of the Caeté River is about 149 kilometers long and passes through municipalities, towns, riverside communities and some industries. Thus, this work aims to identify changes in land cover between 1985 and 2019, in the Rio Caeté basin. For the delimitation of the basin, a digital Elevation Model was used and for the map of land cover and use, images of Mapbiomas from the years studied were used. The results indicated that there is an intense substitution of native forest for pasture, during the variation occurred in the years under study, the class had an increase of 15.32% expanded around 597.35 km2 of basin area. Similar behavior was observed in the urban infrastructure class, where the areas with urban expansion achieved a growth of 72.05%. From the methodology used in this work, it became possible to identify a disorderly transformation trend in land occupation.
Keywords: Mapbiomas; Topodata; Geoprocessing.
1. Introdução
O Brasil é um dos países que possui um dos maiores níveis de água, sendo estimados 12% a disponibilidade de água doce do planeta no território brasileiro, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA, 2020a, 2020c). Hoje, são 12 regiões hidrográficas dentro do país que estabelecem bacias, grupo de bacias e sub-bacias (ANA, 2020b). As bacias hidrográficas possuem papel primordial no desenvolvimento de uma sociedade, tendo como base, que os seres vivos utilizam de seus diversos benefícios para sua subsistência e, fazendo com que muitas cidades sejam geradas próximas ou às margens delas. No entanto, o crescimento desordenado da população sem o planejamento territorial adequado acarretou em uma distribuição desigual da água, onde determinadas regiões são ricamente banhadas pelos recursos hídricos, enquanto outras sofrem com sua escassez (FAY; SILVA, 2006).
O solo é responsável por movimentar a água através da infiltração, percolação e escoamento. As diversas formas de manejo do solo, ocupação por indústrias às margens dos rios, falta de saneamento básico nas cidades próximas, fossas negras, descarte irregular de lixo, entre outras atividades antrópicas, influenciam diretamente no comportamento da água e podem provocar alterações negativas no seu ciclo, comprometendo a conservação da bacia e dos serviços ambientais oferecidos por ela (GOMES et al., 2012). O gerenciamento do uso e ocupação do solo, no que concerne o entorno dessas bacias, é imprescindível para a qualidade do corpo hídrico e para o seu desenvolvimento sustentável ao longo dos anos (BORGES, 2002).
O desgaste de resíduos irregular nos rios é recorrente e perdura ao longo das últimas décadas na maioria dos municípios do país, mesmo com a criação de leis e projetos que amparem o uso correto desses serviços ambientais, como a Lei das Águas do Brasil, lei nº 9.433 de 1997, o Plano Nacional de Recursos Hídricos, o Comitê de Bacias Hidrográficas, dentre outros projetos implantados pela ANA, onde são determinados os objetivos e as diretrizes para a correta gestão dessas bacias.
Tais danos, causados a partir da falta de consciência ambiental, trazem impactos negativos como: aumento na eutrofização pela baixa oxigenação da água, diminuição da vida aquática e sua biodiversidade, assoreamento do rio, contaminação das águas por efluentes industriais e domésticos, agrotóxicos, podendo chegar até as águas utilizadas para abastecimento humano, aumentando, assim, riscos à saúde pública (FAY; SILVA, 2006) (BUCCI; OLIVEIRA, 2014). Com consequências, esses impactos podem promover alguns surtos epidêmicos como doenças relacionadas ao trato intestinal e ser responsáveis por produzir vírus e bactérias que podem chegar a níveis mundiais de proliferação (FREITAS et al., 2001).
Estudos voltados ao monitoramento ambiental em suas diversas esferas vêm ganhando destaque após o início da pandemia da COVID-19, onde diante de tanto sofrimento, dor e mortes foi possível observar, mundialmente, o quanto os seres humanos estão impactando maleficamente o meio em que vivem e, que se faz necessário um novo olhar para a preservação ambiental (CARMO et al., 2020).
A micro bacia do rio Caeté possui cerca de 149 quilômetros de extensão (GORAYEB et al., 2009) e passa por municípios, vilas, comunidades ribeirinhas e algumas indústrias. Mesmo que, amparada por leis ambientais, a micro bacia não possui a gestão e o monitoramento ambiental devido, colocando-a a mercê de todos os problemas citados acima e tantos outros provenientes da ausência de fiscalização eficiente e atuante. O mapeamento de uso e ocupação do solo e a avaliação de possíveis impactos ambientais que podem estar sendo ocasionados, tanto ao meio ambiente, quanto a população que vive ao entorno dessas bacias são passos primordiais para que se inicie, juntamente com os órgãos responsáveis, o encaminhamento de uma nova visão ambiental para o corpo hídrico. Assim, ao serem constatados os impactos ambientais negativos, medidas poderão ser tomadas para o melhor gerenciamento do meio ambiente local e, de serviços ambientais, incluindo a saúde pública, tornando o seu desenvolvimento sustentável e equitativo ao longo dos anos.
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