A Hidrologia Aplicada
Por: diver75 • 12/5/2020 • Trabalho acadêmico • 3.631 Palavras (15 Páginas) • 222 Visualizações
1 UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL - CAMPUS PEDRA PRANCA[pic 1]
CURSO: ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: HIDROLOGIA APLICADA
PROFESSOR: JOSÉ GABRIEL
APOSTILA 1
1. APRESENTAÇÃO
Inicialmente, uma advertência. Deve-se reconhecer que há uma ampla variedade de textos que cuidam do tema água em seus mais diferentes aspectos e sob distintas óticas, seja em língua portuguesa ou estrangeira. Portanto, não se pretende aqui inaugurar uma nova abordagem ou trazer acréscimos ao que já foi tratado por diversos autores em obras consagradas. Antes disso, tão somente empenha-se em um esforço de tornar disponível aos estudantes um texto guia a ser utilizado em disciplinas acadêmicas ligadas à produção de alimentos, seja na agricultura ou no florescente campo da aqüicultura.
Justifica-se estudar hidrologia pela necessidade de prever a disponibilidade de água em um certo local para realização de eventuais provisões. Essas “provisões” podem ser de armazenagem de água, captações de outros locais ou mesmo drenagem ou controle dos excessos hídricos. Os destinos para tais provisões são variados, já que os déficits/excessos hídricos condicionam inúmeras atividades humanas. Embora na agricultura a importância da água seja evidente, para essa atividade deve-se destacar que os estudos hidrológicos se aplicam sobretudo na avaliação espacial e temporal das disponibilidades hídricas, para a qual são necessários métodos de obtenção e análise de registros de chuvas e vazões, principalmente. Nessa avaliação das disponibilidades baseiam-se praticamente todos os projetos agrícolas, tanto na seleção dos locais mais adequados para instalação dos empreendimentos como no dimensionamento de obras hidráulicas a eles necessárias.
Como o próprio nome hidrologia indica, essa ciência é muito vasta. Embora não seja muito recomendável - pelo risco de se perder a noção do todo -, para finalidades mais específicas ou práticas muitas vezes circunscreve-se o estudo das águas para algum “compartimento”, tal como: infiltração, escoamento superficial, águas subterrâneas, escoamento fluvial, fluxo subterrâneo etc.
No caso específico de uma disciplina curricular, em que o tempo em geral é o fator que limita o aprofundamento de conteúdos, deve-se selecionar temas que possam ser qualificados como pertinentes. Dessa forma, ao longo do texto optou-se por conteúdos que possam atender os seguintes questionamentos:
- Qual a dinâmica do processo hidrológico?
- Em um estudo hidrológico, qual a porção de espaço geográfico a ser considerada?
- É possível inferir-se sobre o comportamento hidrológico a partir das características do meio?
- Há necessidade de previsões do estado futuro das águas? Quais informações são necessárias à realização de previsões?
- De que maneiras podem ser quantificadas as disponibilidades hídricas em um certo local?
- Quais os impactos das atividades humanas às águas? Quais as formas de mitigação de danos?
Deve-se atentar que para estudar os processos hidrológicos é necessário transitar por diversos campos de conhecimento, o que às vezes torna a tarefa um tanto árdua por ensejar conhecimentos de física, matemática, estatística, pedologia, fisiologia vegetal, geologia e tantas outras matérias. Mas os esforços certamente valem a pena, pois permitem uma melhor compreensão do meio que nos cerca e das implicações de nossas atividades sobre os diferentes componentes ambientais. rmados por depósitos de areia e cascalho.
2. INTRODUÇÃO
Costuma-se qualificar a hidrologia como a ciência que se preocupa em estudar, caracterizar e avaliar as águas. Ela trata dos fenômenos relativos à água em todos os seus estados, da sua distribuição e ocorrência na atmosfera, na superfície terrestre e no solo, e do seu relacionamento com as diversas atividades do homem.
De modo mais formal, pode-se utilizar o conceito recomendado pelo United States Federal Council of Science e Technology, Committee for Scientific Hidrology (1962):
“Hidrologia é a ciência que trata da água da terra, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físicas e químicas e suas reações com o ambiente, incluindo suas relações com a vida”.
A partir desse conceito, note-se a amplitude de abrangência da hidrologia, já que ela comporta grande parte do conhecimento humano. Destaque-se que hidrologia caracteriza-se por ser tipicamente interdisciplinar e dessa forma deve ser tratada, do contrário pode-se privilegiar o estudo de determinados aspectos e negligenciar outros, com riscos de se perder a interligação
entre fenômenos. Mesmo assim, para Tucci (1993) a hidrologia pode ser dividida em dois grandes setores:
[pic 2] hidrologia científica, desenvolvida a partir de programas de observação e quantificação sistemática dos diferentes processos que ocorrem no ciclo hidrológico; trata da análise dos processos físicos que ocorrem numa bacia hidrográfica;
[pic 3] hidrologia aplicada, voltada para os diferentes problemas que envolvem a utilização dos recursos hídricos, inclusive da água no solo, da preservação do ambiente e ocupação da bacia.
O desenvolvimento de uma moderna hidrologia busca uma síntese entre as técnicas descritivas e quantitativas dos processos hidrológicos e as questões ligadas ao uso da água pelo homem, nos impactos sobre a bacia e os efeitos globais ocasionados pelas atividades antrópicas. Apesar de haver diversas segmentações, tais como a própria agrohidrologia introduzida aqui, a hidrologia ambiental, drenagem urbana, hidrometeorologia etc., em qualquer uma, a rigor, o que se observa é que se parte de uma descrição-quantificação-análise de certos processos físicos e destina-se a uma aplicação em determinado problema ou setor. Dentro dessa visão, portanto, a agrohidrologia seria aquela aplicada ao ambiente rural. Contudo, esta é uma definição imperfeita, pois o “ambiente rural” é predominante na paisagem e dessa forma constituiria a própria hidrologia na maioria das aplicações (em virtude da escala empregada). Numa definição mais consistente, pode-se dizer que a agrohidrologia preocupa-se mais com as relações solo-água-planta-atmosfera e os efeitos dessas relações ao sistema ambiental, incluindo o homem e suas atividades econômicas.
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