A Segurança Comportamental

A AUTO DA COMPADECIDA

Ao abrir o pano, entram todos os atores, um alegre toque, anunciando a entrada do grupo. Há de ser uma entrada festiva, na qual os atores  dão grandes voltas e  agradecem os aplausos, erguendo os braços, como no circo. O Palhaço anuncia o espetáculo.

PALHAÇO: Auto da Compadecida! O julgamento de alguns canalhas,para exercício da moralidade!

Auto da Compadecida! (Cantando.) Tombei, tombei, mandei tombar!

TODOS: Perna fina no meio do mar.

PALHAÇO: 0i, eu vou ali e volto já.

TODOS : (saindo) Oi, cabeça de bode não tem que chupar

PALHAÇO:distinto público imagine à sua direita uma igreja, da qual o centro do palco será o pátio. A saída para a rua é à sua esquerda. O resto é com os atores. (Aqui pode -se tocar uma música alegre e o Palhaço sai dançando. Uma pequena pausa e entra a coroné Tonhinha.

Coroné Tonhinha: Eu sou a Tonhinha,viúva do coroné Antonio Moraes,o homem mais poderoso da cidade de Taperoá,por isso me chamam de coroné Tonhimha.Com punho de ferro eu cuido do patrimônio deixado pelo meu marido,a fabrica de foguetes Estalo do Chicote.Roda por ai entre os cabras que eu sou mué ruim e cavalo do cão,mas não...eu gosto é das coisas certas,cuido e multiplico o que Deus me deu(fazendo gesto de dinheiro)....E ai desses cabras se num obedecer que o chicote estala no coro...

(sai gritando)

E bora trabaia seus cabra safados da peste...bora...bora...

(Entra João Grilo e Chicó)

Chicó: Anda João Grilo,a gente dormiu demais homi,estamos atrasados.

Imagina se a coroné Tonhinha aparece aqui agora,livra me Nossa Senhora que vai esticar nosso coro na sala dela....

João Grilo: Não se aperrei Chicó,devagar homi que eu não tó me aguentando,meu padim Ciço.

E que nada chico,aquele cavalo do cão está longe,deve estar lá comendo pão cum carne seca equanto a gente está aqui sofreeeendo,ce não conhece essa gente não?

(ambos começam a trabalhar)

(entra Coroné Antonhinha)

Coroné Antonhinha: Mass que gasguita é essa seus cabra da peste!!

Bora trabalhar e para de cantoria...(estala o chicote)

(sai)

João Grilo: (fazendo o sinal da cruz rápido): Crendeospai,é só falar no cão que ele aparece(faz o sinal da cruz novamente)

(volta a trabalhar)

(entra Dorinha falando no telefone)

Dorinha: Mas marido,eu estava na igreja vici(pausa,João Grilo e Chicó começas a andar atras de Dorinha)

Oxii eu só fui dar uma voltinha pra refrescarrr.(pausa)

Riquinhooo..vamos resolver esse assunto entre nós(gemendo)

Se você desligar esse telefone eu me atiro na cacimba...(pausa)

voce vai morrer de remorso de suas acusações...e não vou te perdoar nem ca molesta do cachorro doido...(pausa)

mas não?(afasta o celular do rosto e grita)

Adeus Euricooooo,meu único amorrrrrrr....aaaaiiiiiii(desliga o telefone)

Agora vai sofrer seu cabra da peste.(enpina o nariz e sai andando e João Grilo e Chicó atras )

Dorinha:  (vira para trás) Por acaso Vocês estão me seguindo é?

João Grilo: fomos atraídos pela sua formosura Dona Dorinha.

Dorinha: (coloca a perna em cima da cadeira) eu sei que eu sou uma mulher formosa.

João Grilo: E é por tanta formosura e sabendo que a senhora é uma santa,é que queria pedir uma coisa pra senhora.

Dorinha:Pois diga...

João Grilo: a senhora poderia arrumar uns par de luvas pra gente,as mãos tá que na carne dona Dorinha,tende misericórdia.

Dorinha: (olha de cima para baixo) E por acaso lagarto tem couro fino?

Chico : Oxii Dona Dorinha...

(Dorinha sai andando e de repente vira pra trás)

Dorinha: E ó,quem tem misericórdia é Deus viu,mas como eu sou uma santa eu vou ver o que posso fazer,mas vou descontar cada vintém.

*Severino passa despercebido de um lado para o outro

(sai)

João Grilo: essa dai é igual a irmã,o cavalo do cão ,ooo bicho ruim!!(faz o sinal da cruz)

(todos voltam a trabalhar,entra o palhaço)

Palhaço: Tombei, tombei, mandei tombar!

TODOS: Perna fina no meio do mar.

Palhaço: o tempo passou e na Estalo de Chicote nada mudou

era empregado com trabalho penoso e a burguesia sempre mais fortunoso,

e a segurança era sempre uma boa lambança...

ei vida....

0i, eu vou ali e volto já.

TODOS :  Oi, cabeça de bode não tem que chupar

(sai Palhaço)

Entra Severino e desfila mirando cada personagem e sai)

(sai todos,entra Dorinha e se senta maquiando, de repente entra João Grilo e Chicó correndo e assustados)

João Grilo: Dona Dorinha...é fogo...é fogo...(afobado)

Chicó: Minha Nossa Sinhora,é tanto fogo igual ao que eu ajudei apagar lá pras bandas do Ceara,era tanto,mas tanto fogo que quase queimou todas as cidades do nordeste,as labareda quase chegava no céu de tão altas,foi quase toda a agua do rio São Francisco pra apagar e quase não dava...

João Grilo: (olha desconfiado para Chicó) E como foi que você carregou tanta agua assim sozinho Chicó?

Chicó: A não sei João Grilo,só sei que foi assim...

Dorinha: Mas vice homi,deve de sersó um foguinho,vá e pegue agua na cacimba e apague logo...vaci,vaci logo...

(Joao Grilo e Chicó saem e em seguida sai Dorinha)

Passa Severino apontando a arma para o publico e sai.

(entra Palhaço)

Palhaço: Tombei,  tombei, mandei tombar!

TODOS: Perna fina no meio do mar.

Com tanta falta de atenção com a segurança dos cabras da Estalo do Chicote ,que a coisa já está prestes a explodir e eis que não vai sobrar ninguém...

0i, eu vou ali e volto já.

TODOS :  Oi, cabeça de bode não tem que chupar

(sai Palhaço)

(Entra Dorinha e atende o telefone)

Dorinha:é ela!(pausa)

Pois eu quero que Eurico se dane!(pausa)

Avi Maria,o que aconteceu com Candinha?(desespero)(pausa)

(entra Chicó e João Grilo e ficam atrás de Dorinha)

Acodi,minha cachorrinha tá doente(andando de uma lado pro outro e João Grilo e Chicó acompanhando atras)

Valei mi meu São,meu São...(vira pra João Grilo e Chicó)

Ai meu Deus,que santo que protege os cachorros?

João Grilo: eu tenho pra mim que é o São Francisco que falava com os bichos...