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CADEIA PRODUTIVA DO SURF NO RIO DE JANEIRO

Por:   •  11/12/2018  •  Resenha  •  6.033 Palavras (25 Páginas)  •  225 Visualizações

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CADEIA PRODUTIVA DO SURF NO RIO DE JANEIRO

 

Resumo:

O surf chegou ao Brasil em 1938 fazendo surgir os primeiros surfistas nacionais. Na década de 70 o exporte passou a ter uma estrutura social e de mercado, especificamente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, onde se estabeleceram produtores de pranchas a importadores de materiais e matéria-prima, campeonatos e eventos esportivos ligados, além das grandes marcas e lojas especializadas no ramo, dando início a uma crescente cadeia produtiva. O objetivo deste artigo é analisar a cadeia produtiva do surf no estado do Rio de Janeiro de forma a entender suas relações complexas e explorar tais conexões com a finalidade de estabelecer futuras possibilidades.

Palavras-chave: Surf, mercado, cadeia produtiva, economia.


1. Introdução

O surf teve origem na Polinésia e fazia parte da cultura dos nativos da região que o consideravam um ato de coragem e bravura, sendo praticado somente pelos lideres tribais. Os primeiros registros do esporte são de 1778 quando o Capitão James Cook, membro da marinha inglesa, aportou no Hawaii e ficou impressionado com a habilidade dos nativos em deslizar sobre as ondas em um pedaço de madeira. (FORNECK, 2008).

Nas Olimpíadas de 1912, em Estocolmo, na Suécia, o mundo passa a conhecer o até então desconhecido arquipélago do Hawaii, através de Duke Paoa Kahanamoku, membro da equipe americana de natação e praticante de surf e que naqueles jogos bateu o recorde mundial dos 100 metros estilo livre e foi prata no revezamento 4x200 metros. A partir deste momento Duke utilizou sua fama para disseminar o surf pelo mundo realizando apresentações em diversos países. [1]

Na década de 1940, o californiano Robert Simmons revolucionou completamente o surf com uma inovação nas pranchas. Até então as pranchas eram fabricadas em madeira, mas Robert inventou a prancha de fibra de vidro, mais leve e menor, que possibilitava um surf mais ágil. Já na década de 60 o esporte se populariza e ganha força na Califórnia, chegando a 350.000 surfistas e possuindo diversas fábricas de pranchas e lojas especializadas, as surfs shops. (FORNECK, 2008).

O surf chegou ao Brasil em 1938, na cidade de Santos, litoral paulista, quando Osmar Gonçalves e João Roberto Suplicy trouxeram para o país o projeto de confecção de pranchas de madeira, surgindo a partir desta ação os primeiros surfistas nacionais (ALCANTARA et al, 2012).

Em 1964 o californiano Peter Troy que fazia uma viagem pelo mundo em busca de novas ondas chegou ao Brasil, mas especificamente à cidade do Rio de Janeiro e apresentou ao país o que era o surf moderno, tanto em sua prática dentro da água como também na fabricação de equipamentos. Com reflexo de suas visitas em 1965 foi fundada a primeira fábrica de pranchas do Brasil, a São Conrado Surfboards. [2] Neste mesmo ano fundou-se a primeira entidade de surf no país, a Federação Carioca, que organizou o primeiro campeonato no mês de outubro daquele ano, porém, o surf só foi reconhecido como esporte pelo Conselho Nacional de Desportos em 1988 (DUARTE, 2004).

Foi na década de 70 que o esporte realmente passou a ter uma estrutura social e de mercado, especificamente nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, onde de pranchas, importadores de materiais e matéria-prima, campeonatos e eventos esportivos ligados ao surf, além das grandes marcas e lojas especializadas no ramo, dando início a crescente cadeia produtiva do surf. (FORNECK, 2008).

O surf como estrutura social e de mercado no Brasil surgiu na década de 70, estruturou-se e foi aceito pela sociedade brasileira na década de 1980 devido ao sucesso econômico da surfwear, incorporou-se social e economicamente na década de 1990 e, agora se massifica como um estilo de vida, usado e apreciado não só por surfistas, mas por simpatizantes e pessoas que consideram seus produtos bons, bonitos, e confortáveis.

De acordo com a revista americana Surfer, em 2010, o Brasil ocupava a posição de terceiro país em número de praticantes neste esporte, com mais de cinco milhões de adeptos, perdendo por pouco para a Austrália e os EUA, transmitindo uma imagem de saúde, diversão e preservação do meio ambiente. [3]

Em 2006 exitiam 2,4 milhões de praticantes de surf no país, entre os 17 milhões distribuídos em 70 países contabilizados pela International Surfing International Organization (BITENCOURT et al, 2006).

O mercado de surfwear cresce em média 10% a.a.[4], desde 2000, e movimenta cerca de R$ 5 bilhões no Brasil todos os anos somente com o mercado de confecção de equipamentos para a prática. Para a Federação Gaúcha de Surf (FGSurf) os recursos que circulam por causa do esporte são ainda maiores, se forem considerados o turismo, o setor de hotelaria, alimentação e transporte. [5] E, ainda, o Brasil possui amplas condições de desenvolver ainda mais o surf e sua cadeia de surfwear. Além do clima, o país apresenta uma população predominantemente jovem, sendo que, do total de seus aproximadamente 203 milhões de habitantes[6], 70% vive a menos de 100 km do litoral. [7] 

Além de ditar tendências tecnológicas e sociais esta forte indústria conta com um mercado consumidor igualmente forte, devido ao grande desenvolvimento e crescimento do esporte pelo país, acompanhado pela profissionalização dos atletas e das empresas que compõem esse mercado. O grande “boom” ocorreu na década de 90 quando surgiram as primeiras lojas de varejos e os primeiros sites em mídias não segmentadas contribuindo para maior visibilidade de mercado. (MURARA e FERRO, 2010).

Este mercado vem impulsionando empresas estrangeiras para obter licenciamento de suas atividades no Brasil, favorecendo as atividades comerciais e fazendo com que hoje seja possível encontrar em lojas desde relógio e chinelos até aparelhos de som para carros licenciados por marcas de surfwear.

Segundo Rogério Boccuzzi, diretor de marketing da marca Quiksilver, em entrevista ao curso “Surf: Administração, Marketing e Gestão de Negócios” promovido pelo Ibrasurf, as ações de co-branding adotadas pelas marcas vem trazendo resultados expressivos e retratam bem essa intenção.

Em parceria com a Quiksilver a Peugeot lançou um modelo de carro associado à marca. Houve um recorde de vendas do veículo em um curto período de tempo, em que foram comercializadas 2500 unidades do modelo.[8]

Estratégia semelhante foi adotada pela Chevrolet, em 2011, ao lançar uma linha especial do carro Agile com o nome de Rico de Souza, o Agile Rico.[9]

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