CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAIS
Por: Paulo Filho • 14/1/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 4.266 Palavras (18 Páginas) • 513 Visualizações
CAPTAÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS E DISTRIBUIÇÃO POR GRAVIDADE EM FUTUROS PROJETOS DE EDIFICAÇÕES RESIDÊNCIAIS
1. INTRODUÇÃO
A sociedade se encontra diante da problemática da demanda por produtos e serviços bem como a escassez e finitude dos recursos naturais. Isso aumenta a preocupação ambiental e a busca pela inovação de técnicas construtivas sustentáveis tais como reciclar materiais, reutilizar parte dos resíduos sólidos das construções, optar por fontes de energia renováveis e reaproveitar os recursos hídricos.
O aproveitamento da água da chuva é uma prática difundida em várias partes do mundo. Em algumas regiões, a água da chuva é praticamente a única forma de se ter acesso à água. Em outras, esta prática é usada como forma de preservar os mananciais superficiais e as águas subterrâneas. Os sistemas de aproveitamento de água de chuva em edificações consistem na captação, armazenamento e posterior utilização da água precipitada sobre superfícies impermeáveis de uma edificação, tais como: telhados, lajes e pisos. Assim como os sistemas prediais de reutilização de água, a sua aplicação é restrita a atividades que não necessitem da utilização de água potável.
Atualmente o interesse pelo aproveitamento da água de chuva é crescente. Segundo Gouvello (2004), na França, entre os anos de 2000 e 2003 houve um aumento em torno de 450% na elaboração de projetos e execução de sistemas de aproveitamento de água de chuva. Esse fenômeno tem contribuído para a realização de estudos mais criteriosos que estão ajudando a definir regulamentações e aspectos técnicos mais precisos sobre os sistemas prediais de aproveitamento de água de chuva.
Radamés Manosso (2010) acredita que com o tempo, é provável que o poder público incentive essa nova proposta, criando mecanismos para estimular a captação de água de chuva na área urbana, buscando evitar parte dos alagamentos.
O objetivo deste artigo é estudar a possibilidade de implantação de sistemas de captação/distribuição de águas pluviais que opere por gravidade, a serem aplicado em futuras edificações residenciais. Levando em conta os benefícios socioambientais e econômicos em longo prazo, estudando a possibilidade de implantação de um sistema que substitua os típicos sistemas de recalque e torne mais barato o custo de implantação.
A justificativa desta pesquisa está em gerar um conhecimento que prestará contribuições para a concepção de projetos de engenharia que beneficiem parte da população de baixa renda através da economia na conta de água, sem acréscimos no consumo de energia elétrica; reduzam os custos com água potável (englobando captação, tratamento e bombeamento) e preservem os recursos hídricos.
2. APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS
O aproveitamento da água da chuva é uma prática difundida em várias partes do mundo. Em algumas regiões, a água da chuva é praticamente a única forma de se ter acesso à água. Em outras, esta prática é usada como forma de preservar os mananciais superficiais e as águas subterrâneas. Uma das referências mais remotas que se tem com relação ao uso da água da chuva, se encontra em uma das inscrições mais antigas do mundo, conhecida como Pedra Moabita. Encontrada no Oriente médio e datada de 850 a.C, é nela que o rei Mescha dos Moabitas sugere que seja feita uma cisterna em cada casa para o aproveitamento da água da chuva (Tomaz, 1998).
Em várias regiões brasileiras as águas de chuva são vistas como esgoto, após ser captada pelos telhados segue para os pisos e para as bocas de lobo, aonde, como "solvente universal", vai arrastando todo tipo de impurezas, dissolvidas, suspensas. Na maioria das vezes ela vai desaguar em um córrego ou em um rio, que por sua vez, vai acabar suprindo uma captação para tratamento de água potável.
A implantação de sistemas de captação de águas das chuvas é uma interessante alternativa para regiões com altos índices pluviométricos como a cidade de Salvador e região metropolitana. Helber Lorenzeti (2011), afirma que a implantação de um sistema de captação de água de chuva pode reduzir o consumo de água potável e consequentemente os gastos financeiros, minimizar alagamentos, enchentes, evitar possíveis racionamentos de água e ainda preservar o meio ambiente reduzindo a escassez dos recursos hídricos.
Radamés Manosso (2010) está de acordo com a ideia de que a água da chuva é destilada e cai sem cobrar impostos. Ele diz que recolher essa água e aproveitá-la é uma forte tendência na busca de soluções para economizar água potável, e que se ela não for captada, vai acabar se infiltrando na terra, ou então, pode ir para o sistema de águas pluviais urbanos. Se esse sistema estiver sobrecarregado, a água não captada vai aumentar o caos dos alagamentos. No entanto, este autor não aconselha o uso dessa água para o consumo humano direto, pois a água de chuva captada nos telhados não é potável porque entra em contato com impurezas por onde passa (partículas de poluentes atmosféricos, impurezas na área de captação, etc.).
Em contrapartida, uma pesquisa da Universidade da Malásia concluiu que após o início da chuva, somente as primeiras águas carreiam ácidos, microrganismos, e outros poluentes atmosféricos, sendo que normalmente pouco tempo após sua precipitação, a mesma já adquire características de água destilada, que pode ser coletada em reservatórios fechados. Em resumo, a água de chuva sofre uma destilação natural muito eficiente e gratuita. Esta utilização é especialmente indicada para o ambiente rural, chácaras, condomínios e indústrias. O custo baixíssimo da água nas cidades, pelo menos para residências, inviabiliza qualquer aproveitamento econômico da água de chuva para beber. (CETESB, 2015).
Vários outros autores, tais como Eleni Trindade (2010), defendem esta ideia: “Reduzir a conta mensal de água e contribuir para a sustentabilidade do planeta são as vantagens de se instalar um sistema de captação de água da chuva em residências”. Já usados em larga escala por condomínios, indústrias e prédios comerciais, os sistemas de captação estão cada vez mais acessíveis para as residências.
"A tendência de usar água da chuva é cada vez maior para finalidades não potáveis como regar jardim, lavar o carro e o quintal, entre outras, pois a necessidade de preservação desse recurso natural é irreversível", afirma Dante Ragazzi Pauli, presidente da seção paulista da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-SP).
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